quinta-feira, 8 de julho de 2010

1ª Entrevista

Bem, essa é a primeira entrevista do Futebol Interiorano!E como pioneira, pode ser que haja uma ou outra, ou até muitas, perguntas despropositadas, mas a pratica leva à perfeição.E a pessoa que me atendeu foi Israel Stroh, acessor de imprensa da Portuguesa Santista durante a Série A3.Bem, as informações sobre a estrutura do clube e os fatores que culminaram na queda do time para a Segundona foram o foco.Bem, é isso, então, lá vai:



Quando começou a trabalhar nesse meio?E quando começou na Portuguesa Santista?

Comecei a estudar jornalismo em... 2006. Antes estudava rádio e tv, já ficava por dentro do esporte regional. Jovem, louco por futebol e por jornalismo, fui "desbravando" as redações. Já trabalhei no Lance!, na TV Tribuna, em outros locais também. Mas aí me formei na faculdade. Foi quando assumi a assessoria de imprensa da Portuguesa Santista no Campeonato Paulista. Fiquei amigo de todos. Pra quem é jornalista, é bom vivenciar a rotina de um time. Ver de dentro quando ganha, quando perde, foi uma boa experiência, pena que caiu.


Qual era a expectativa da torcida para esse ano?

A torcida estava bastante chateada. Não só pelo rebaixamento à Série A3 no ano passado. Para eles, isso era uma consequência de problemas não muito difíceis de se ver. Isso deixava eles bem desconfiados para a temporada. Ainda sim começaram a temporada apoiando o time, indo aos treinos. Para eles, o time tinha obrigação de subir, pois a Série A3 já era vista como humilhante, chegaram até a estender faixas com protestos.


É certo que existia cobrança, especialmente da torcida, e como as pessoas que trablham no clube lidam com ela?

A torcida viu o time enfrentar Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos em 2005. Depois viu uma campanha pior que a outra, todo ano lutando para não cair. Todos estavam com o "pavil curto". O protesto da torcida não era pelos resultados. Me parece que eles entendiam que ganhar ou perder faz parte. A revolta era com o descaso que havia com o futebol. Como disse, a bagunça era mais do que notória.

Eu ficava mais envolvido com o futebol. Presidente, diretoria e área social eu pouco me envolvi. O assunto torcida era pouco falado entre jogadores e técnicos. Acho até que a torcida entendeu que ela e o time estavam no mesmo barco, eram todos vítimas da má organização do futebol. Os maiores protestos foram contra presidência.


A mídia local cobria o dia a dia do time ou só dava atenção para o Santos?


Os jogos da Portuguesa Santista em casa sempre tinha a cobertura da Record, da Globo e de outra tv comunitária regional. As rádios do interior são muito participativas e sempre acompanhavam o time visitante. Os jornais locais davam com uma frequência de quatro a cinco dias por semana espaço para o clube. A Record foi em muitos treinos, a Globo já ia pouco. Entendo que a cobertura da mídia foi proporcional à grandeza de Santos e Briosa, acho até que deu um espaço acima do esperado.

A torcida da Portuguesa se manteve fiel ao time, mesmo vendo o sucesso do rival.Nesse sentido, pergunto se temos muitos jovens que optaram por torcer pela Briosa.

A começar, não acho que a relação Briosa x Santos é de rivalidade. A Portuguesa Santista é um time carismático, o segundo time da maioria, mas é lembrado. O perfil de torcedores da Briosa não é jovem, mas os jovens que torcem geralmente são da colônia portuguesa. É uma relação muito parecida com a da Portuguesa, em São Paulo.


Como está o estádio Ulrico Mursa atualmente?

Vish!!! Triste, muito triste (risos). A melhor maneira de você entender porque a Portuguesa chegou onde chegou é vendo o estádio. As arquibancadas do fundo dos gols, construídas para o time poder mandar jogos na Série A1, estão podres, e não é força de expressão. São pura ferrugem. O estádio é extremamente sujo, até as áreas não-públicas, como as cabines de imprensa. Nunca ouvi falar de faxina por lá. Alambrados estavam enferrujados. O estádio, se não me engano, foi pintado há dois anos, mas acho que com cal, não com tinta. Se você apoiar seu ombro na pilastra, com certeza sua camisa fica verde ou vermelha. O alojamento do time fica no estádio. Imagine como é para um atleta de alto rendimento viver lá?


Quais são os desafios de se trabalhar na Série A3?

Eu entendo que na Série A3 basta fazer o "feijão com arroz" para não cair. Não precisa de um time brilhante. Se for uma equipe modesta, mas que receba bem, coma bem, durma bem, tenha condições de trabalhar, um estádio bom pra receber torcedor e que seja administrada com honestidade, o time não cai. Uma média salarial de 1.200, 1.400... Não é muito, certo? É o que bastaria. A Série A3 é um campeonato muito curto. Os 19 jogos são distribuídos em pouco mais de dois meses. Uma lesão de grau médio já tira o jogador do campeonato, se algo der errado, se o time não se encaixar, falta tempo pra entrar nos trilhos. Lá jogam jogadores dispostos a mostrar serviço, o que significa muita correria. Precisa ter fôlego, comer bem, dormir bem (risos), como disse acima.

Na sua opinião, quais fatores levaram à queda da Portuguesa para Segunda Divisão?E o que será feito para superar isso?


Creio que eu sintetizei os motivos que levaram o time cair anteriormente. O grande problema é administação. Os políticos da Portuguesa Santista deixaram o futebol em uma situação de total abandono. Neste ano, o futebol foi administrado por um empresário, no ano passado também. No retrasado, foi feito um trabalho modesto, mas correto, encabeçado pelo Fernando Matos (ex-jogador do Vasco). Mas no ano anterior a esse, de novo uma empresa. Por mais que um empresário seja bem intencionado, e este último foi, ele tem interesses pessoais, caso contrário, não investiria o próprio dinheiro, ele não é o "papai noel".

Quem administra o futebol precisa saber que o produto dele são os jogadores, assim como é o pão para o padeiro, fazendo uma comparação banal. Se você não cuidar bem do produto, que no futebol é dar um salário, moradia, higiene e condições dignos, o seu time vai ficar pior que o do concorrente, não vai render o que pode. E no esporte de alto rendimento, isso é o bastante pra ir do quarto para o décimo oitavo lugar.

Sinceramente, não sei o que será feito. Ouvi rumores de que a parceria vai continuar, embora não saiba. Prefiro responder o que deveria ser feito. Que é a Portuguesa cuidar de seu futebol. Simples né? Administrar futebol não é tão complicado como dizem, ainda mais com as tais parcerias. Fazer uma receita de 30 mil mensais é bico, um bom aluno de administração consegue. Isso, somado ao que o parceiro leva, dá pro time fazer bonito, a torcida comparecer e, de renda, aumentar 45 mil a tal receita. Resumindo, é só trabalhar.

Se pudesse continuar na Portuguesa, o faria?

Como jornalista, não cabe a mim propor grandes mudanças administrativas, ou fazer o "feijão com arroz". Cabia a minha dar à Portuguesa uma boa imagem junto à mídia, o que convenhamos, era um desafio árduo. Entendo que o torcedor está aflito por mudanças e soluções. Diríamos que se eu estivesse lá e tais soluções existirem, eu tentaria tranquilizar a torcida dando à imprensa tais informações.


Sem mais, grato

De nada Matheus. Um abraço

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