terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Improvável no Futebol - Bangu 1933

Inaugurando mais uma sessão nova no blog, para falar daquilo que é imponderável no futebol. Existem clubes grandes, que constantemente são colocados como favoritos na disputa de um campeonato. Tais clubes são grandes por uma série de fatores, e nenhum clube se torna grande da noite pro dia, são anos no topo, e quando por algum motivo saem de lá, continuarão a ter uma legião de torcedores, voltando, ou não, ao topo. E existem os clubes mais modestos, os que tiveram um começo menor, sem ambição de representar uma nação, mas uma região, cidade, ou mesmo um bairro. Geralmente, contam com um orçamento bem menor, e não possuem uma legiao de torcedores, e seus torcedores se identificam de tal maneira com esses clubes simplesmente por isso, por serem de sua região, por viverem o que vivem, sua relação com o clube é mais próxima. Não que a relação dos torcedores dos gigantes do futebol não seja próxima, mas o fator geografia pesa.

Por toda sua história e tradição, os torcedores dos clubes grandes estão acostumados a grandes conquistas, e não cobram menos de seus clubes. Os adeptos dos clubes mais modestos também buscam vitórias, afinal se não fosse por isso, não torceriam, mas estes possuem expectatuvas menores, pois sabem das limitações materiais de suas equipes. Mas quando a vitória vem, ela é eternizada. Não precisa necessariamente ser um título, pode ser apenas um jogo, mas que ficará eternizado na memória desse torcedor. Pretendemos trabalhar em cima disso, abordando algumas dessas conquistas.

Decidimos começar pelo Bangu, que conquistou o Campeonato Carioca de 33. Por quê logo esse como primeiro? Não possuímos nenhum critério, e foi o primeiro que nos veio à cabeça. Vamos ao contexto histórico do título; 1933 era o primeiro ano de futebol profissional no Brasil, e os grandes clubes cariocas começavam a derrubar as barreiras que impunham até alguns anos antes, barreiras que impediam que atletas vindos de famílias pobres, e sobretudo, negros, jogassem. Os clubes grandes preferiam jogadores brancos, vindos se não de famílias da elite, ao menos da classe média. A própria Federação Carioca impedia que trabalhadores de certos setores jogassem no Campeonato Carioca. Sobre o Bangu, era uma equipe vinculada a Companhia Progresso Industrial do Brasil, e seus operários jogavam no clube. Só os bons de bola, diga-se. E se era o funcionário era bom, era escalado para um serviço suave, de pouco ou nenhum desgaste, e ainda tinha permissão para sair mais cedo em certos dias para treinar. O clube escalava atletas negros, mas não deixava de salientar, nas entrelinhas, que se fossem brancos, seria melhor. Mas nesse regime, o Bangu nunca tinha vencido nenhum campeonato. Ainda assim, a equipe do subúrbio contava com apoio massivo da população, que via no clube um contra ponto aos clubes da parte de baixo da cidade, aquela colada à praia, fortemente ligados à elite carioca. Com o profissionalismo, por quê venceria? Era o que todos os clubes grandes do Rio pensavam, por isso, foram atrás de grandes contratações em outros estados, procurando, se possível, atletas brancos qualificados, negro, só em último caso. Nisso, deixaram o Bangu em paz, sem assediar seus jogadores, esquecendo-se do verdadeiro celeiro que o clube da Zona Oeste era.

Em 1933, todos no clube estavam decididos a conquistar o título, e tomaram medidas até então inovadoras. Os jogadores fazim um treino físico que consistia basicamente de correr pela localidade. Pode não parecer grande coisa, mas naquela época só se fazia um treino físico leve, ao ponto da corrida do Bangu parecer algo de outro mundo. O São Cristovão já havia feito algo parecido em 1927, quando conquistou o título, fazendo seus atletas correndo na praia, na beira do mar, para que as chuteiras se enchessem de areia molhada e ficassem mais pesadas. Mas o treino do Bangu era até mais intenso do que esse, com os atletas, correndo pelo menos 9 km, pela manhã, sem contar os outros treinos físicos, abastecidos na hora do almoço com pratos homéricos de feijoada, com o técnico Luís Vinhaes encabeçando tudo isso. O clube inovou também no estilo da concentração. Outros clubes já haviam construido dependências para seus atletas, mas nenhum tinha colocado homens armados para protegê-la, ou para impedir que algum jogador desse uma escapada. O regime só não era de campo fechado pois havia os dias para visita, onde todos se confraternizavam no quintal. Aliás, a casa onde estavam os atletas era um casarão antigo construído por operários ingleses, que há muito estava abandonado.

Com essas medidas, o time estava preparado para enfrentar os rivais. Com apoio de sua torcida, o Bangu fez uma campanha irretocável; em 10 jogos, o clube alcançou 7 vitórias, 2 empates, e somente 1 derrota, marcando 35 gols e levando apenas 10, com direito à uma goleada na final, 4 x 0 no Fluminense, o clube mais aristocrático de então. Ironia do destino, Vinhaes saiu brigado do Fluminense, devido ao excesso de finesse do escrete tricolor, coisa inexistente em Bangu. A festa foi tanta que Bangu parou; uma noite inteira de folia, um verdadeiro carnaval fora de época, em pleno domingo. Na segunda seguinte, o que mais se via eram pais e mães, namoradas e esposas indo para a delegacia procurarem filhos ou conjugês, com grande demora em ser atendidas, não só pela alta demanda, mas o efetivo policial também sofreu baixas devido a farra. Na segunda, mais de 500 funcionários da Progresso não foram ao serviço. O dono da fábrica, Francisco Guimarães, também presidente do Bangu, decidiu abonar a falta dos foliões, e pagar o dia inteiro não só daqueles que foram trabalhar (e que foram dispensados antes da dar meio-período) mas dos que faltaram também. Porém, os funcionários, de forma unanime, decidiram recusar isso, arcando com a falta ou com o meio dia de trabalho, tudo pelo Bangu (e isso está registrado em ata).

Esse fato pode ter servido de inspiração para Lamartine Babo (que em 49 compôs os hinos extra-oficiais-que-se-tornaram-oficiais de todos os clubes da 1ª Divisão daquele ano);

Quando o Bangu vence, na certa há feriado

Comércio fechado

A torcida reunida parece a do Fla-Flu

Bangu, Bangu, Bangu...

domingo, 27 de novembro de 2011

Sobre Futebol e Música


O futebol permite uma série de manifestações, e a música, é uma delas. A música está muito presente no futebol, seja nas arquibancandas, com a torcida cantando sem parar, ou em outras músicas. Mas se há algo que o futebol é rico, são o hinos. Todo clube no mundo tem um hino, cada qual com sua peculiaridade, mas com o mesmo objetivo, exaltar o clube, suas conquistas, sua torcida, sua cidade, e por aí vai. Cada um com sua história.

Essa será uma nova sessão no blog; futebol e música, ou músicas futebolísticas, como preferirem, e decidimos começar por algo que sempre quisemos escrever, mas que sabemos que não terá grande repercussão, não que esse blog tenha muita, mas isso terá menos ainda. Vemos isso como uma excentricidade nossa, mas de todo o jeito, vá lá.

Há a algum tempo, ouvimos o hino do Tocantinópolis Esporte Clube, do estado do Tocantins. No começo, demos aquela atenção que sempre se dá a algo de novo que encontramos num universo que conhecemos. "Bem, é um hino de clube", e hino de clube é aquilo, ou é bonito ou é um "hino", mas jamais, jamais, é feio. Se o hino ou o distintivo não são usais, é por quê é há um motivo para tal, podemos fazer uma exceção às camisas, pois fornecedores e patrocinadores podem estragar tudo, pois é raro uma camisa nascer estranha. Porém, não são todos os que compartilham dessa opinião, achincalhando a perfomance dos intérpretes do hino, além de alguns de trechos de letra.

Mas de todo o jeito, o hino do Verdão do Tocantins mobilizava muitos comentários, o que nos motivou a pesquisar sobre o mesmo, só pra passar o tempo. Pesquisando, descobrimos muitas coisas, não só sobre o hino, como também da equipe em si, e sobre o futebol tocantinense. Pra começar, apesar de constar oficialmente 1989 como ano de fundação do clube, o Tocantinópolis vinha de muito antes, não como uma equipe amador, mas como a seleção da cidade, o que gerava uma identificação muito grande com os cidadãos. A fundação do clube se deu com a criação do estado do Tocantins (antes da Constituição de 88, o Tocantins fazia parte de Goiás), que passou a ter um campeonato próprio, ainda que o profissionalismo tivesse vindo de maneira oficial só em 1993.

Tamanha identificação levou a algumas inovações até então nunca vistas no futebol tocantinense. A primeira delas foi uma torcida organizada, a Mancha Verde, fundada por duas senhoras torcedoras da equipe. Então, pra contribuir com a Mancha Verde, Lucas, o Despachante, compôs uma marchinha, algo nada sério, pra torcida cantar nas partidas. Essa música é baseada numa marchina de carnaval composta pela dupla Jota Sandoval e Carvalinho na década de 50, "Quem Sabe, Sabe". É algo interessante, único até; um hino composto em cima de uma marchinha de carnaval, composto cerca de 40 anos antes, e que mais interessante, Lucas, o despachante, nunca teve a ambição de compor um hino oficial, só queria ajudar a torcida e homenagear o clube, que adotou a música como hino, sem ter oficializado, sim, mas sem procurar compor outro.

Bem, é isso. Acabamos de ver que não falamos muito de música, acabamos a usando para escrever muitas coisas mais. É assim que boas conversas funcionam, começam num assunto e vão para outro, ou usam um pretexto para navegar em outras coisas. De todo o jeito, pretendemos continuar com isso aqui...

Ah, antes que esqueçamos, aí vão as músicas;

Hino http://www.youtube.com/watch?v=ShNCEzxywpI

Marchinha http://www.youtube.com/watch?v=CnQjPIiuG-s

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Campeões

Final de ano no futebol brasileiro é época de comemoração de títulos. A Portuguesa já comemorou o seu da Série B, enquanto Corinthians e Vasco ainda brigam pelo da Série A. Mas outras competições se encerraram recentemente. Falaremos de duas; a Copa Paulista e a Série D.

Na Copa Paulista, um feito inédito; um bi-campeonato. O Paulista de Jundiaí repetiu a dose, superando o Comercial de Ribeirão Preto; vitória da equipe jundiaiense por 2 x 0 em casa, no Jaime Cintra, e derrota por 2 x 1 no Santa Cruz. Não tivemos a oportunidade de ver a partida de Jundiaí, mas o jogo em Ribeirão Preto foi atípico para uma final; um jogo corrido, com muitas chances, naturalmente tenso, mas longe de ser violento. Indo além do jogo, pensando em 2012, cremos que as equipes podem manter um certo otimismo. O Paulista está estabelecido, e ainda que esteja longe da situação vista há alguns anos, quando venceu a Copa do Brasil e disputava o acesso para a Série A do Brasileiro, está longe também de entrar numa draga, como o Marília, por exemplo. Mas se o clube já esteve nesse patamar, então há pontencial para retornar, só resta explorá-lo. Sobre o Comercial, ainda que tenha subido para a Série A2 de uma maneira controversa (houve um acordo entre as empresas que geriam os clubes, a Manoel Leão S/A no Votoraty e a Lacerda Sports no Comercial. O Comercial na A3 e o Votoraty na A2. O acordo institui a dissolução do Votoraty, abrindo uma vaga na Série A2 de 2011, e como o Comercial ficou em 5º na A3 de 2010, a vaga foi para a equipe de Ribeirão Preto) o clube chegou na A1 no Campo. A finalíssima teve um bom público, e se o Comercial receber o mesmo apoio que recebeu da cidade, pode aspirar mais do que simplesmente permanecer na Série A1.

Já na Série D, o Tupi surpreendeu a muitos, conquistano o título, com duas vitórias em cima do Santa Cruz, 1 x 0 em Minas e 2 x 0 no Recife. Desses dois jogos, não tivemos oportunidade ver nenhum. Seja como for, essa partida quer dizer algumas coisas. Começando pelos não finalistas; a muito tempo não víamos um clube do Mato Grosso tendo acessos. O Cuiabá pode não ter a tradição de um Operário ou Mixto, mas com certeza é melhor estruturado, e apesar dessa estrutura bastar para o Estadual, ainda não sabemos se ela permite sonhos maiores. Por sua vez, o Oeste é o "rei do acesso" do futebol paulista, resta saber se o será no futebol brasileiro. O clube está buscando isso, mas é necessário mais apoio, pois ainda que uma média de cerca de 1,500 torcedores não seja ruim, não é lá muito expressiva numa Série B.

Agora, os finalistas. O Santa Cruz é um gigante, que sofreu com más administrações, e caso os atuais dirigentes tenham um mínimo de competência, o clube volta pra Série A e volta bem, honrando sua tradição, o que é algo que todos queremos ver. Quanto ao Tupi, podemos dizer que não é algo restrito a Juiz de Fora. Estamos vendo vários clubes mineiros nas principais divisões do futebol brasileiro, em 2012, teremos 3 na Série B; América, Boa/Ituiutaba (ou Ituiutaba/Boa, joguem o link http://futebolinteriorano.blogspot.com/2011/10/enquanto-isso-nas-minas-gerais.html e ) e Ipatinga, e com Tupi na Série C, com uma boa média de público, aproximadamente 4,500 (como sabem, para média de público, e muito mais, é só ir no rbrito1984.blogspot.com). Mas ainda tem que ser provado se isso é uma tendência ou se é um fenômeno passageiro.

De todo o jeito, foram competições interessantes, dignas de uma cobertura maior por parte da mídia. Não temos dúvida de que não só a imprensa pernambucana, mas a nacional, deu importância à conquista do Santa Cruz, afinal, 2011 pode ser o começo do despertar de um gigante. Mas e o grande campeão da Série D, o Tupi-MG? Se recebeu alguma atenção, foi mínima, longe da importância da competição. E a Copa Paulista, que é o segundo torneio mais importante do estado, continua relegado pela imprensa. Com toda a certeza, cobertura midíatica é importante, mas o mais importante é a presença do torcedor, que é quem constrói a história do clube, e temos certeza de que essas conquistas, ainda que não tenham muitas fotos ou vídeos, estão na memória dos torcedores.

domingo, 20 de novembro de 2011

Hoje Inauguramos uma Sessão


Lembram-se da última postagem? Quando falamos que o retiro forçado nos fez pensar em coisas que eram óbvias, porém, não foram pensadas ainda, essa é uma delas; falar de livros sobre futebol. Se já falamos da relação do esporte com o cinema, já era mais do que tempo escrever sobre literatura, um verdadeiro serviço de utilidade pública, incentivando a leitura pelos rincões desse país, além de apresentar um pouco de nossa cultura futebolística para os leitores estrangeiros (sim, pessoas de outros países dão uma passada aqui, afinal, o que é mais globalizado do que o futebol?)

Hoje abordaremos o livro "Histórias do Futebol", de João Saldanha, figura conhecida no futebol brasileiro, o popular "João Sem-Medo". Formado jornalista, João teve sua primeira como técnico em 1957, no Botafogo, e é justamente essa passagem que serve como recorte temporal para o livro. Saldanha retrata como era o dia-a-dia no culbe, que contava com um esquadrão de lendas do futebol brasileiro; Nilton Santos, Didi, Garrincha, e tantos outros. Mostra a convivência entre eles, a personalidade deles, além é claro das artes de Garrincha, rapaz que gostava de farrear que só ele, e danado que só vendo. Outro tema abordado pelo livro é a organização do futebol brasileiro; em troca de algum dinheiro, os clubes faziam excursões absurdas, jogando 4 (ou mais) vezes por semana, com viagens desconexas e exaustivas, indo do Ceará para Minas, para dali ir para o Caribe, voltar à São Paulo, ir a Paris, e por aí vai. Saldanha sempre criticou a cartolagem dos clubes e das federações, e muito disso está no livro.

Assim sendo, se tiverem a oportunidade de pegar esse livro, o façam, e esperamos que tenham a sorte de encontrá-lo com um preço camarada, como nós encontramos (se não nos enganamos, foi uns R$7,00). Até breve.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ah vá!


Provavelmente, você nunca ouviu falar de Andy Dorman. É um jogador galês, que estreiou a pouco tempo na Seleção Nacional, que começou a carreira nos EUA, no New England Revolution, depois por Saint Mirren da Escócia e Crystal Palace, da 2ª Divisão Inglesa. Porém, ele não estava tendo muitas chances no clube londrino, sendo reserva na maioria das oportunidades. Nisso, recebeu uma oferta da diretoria do Bristol Rovers, que via nele uma peça fundamental no elenco. Dorman aceitou prontamente a proposta, ainda que fosse de um time numa divisão inferior. Até ai, algo normal, aquele "um passo atrás para dar dois a frente". Mas ele esqueceu de uma coisa; fazer uma pesquisa antes; o galês acabou descobrindo que o Bristol está 2 Divisões abaixo do Palace (no caso, na 4ª Divisão) só depois que assinou o contrato. Mas nem essa surpresa foi capaz de abalá-lo; ele promete fazer o possível e o impossível para conquistar o acesso, para assim, quem sabe, deixar de ser alvo de (justificadas) piadas.

Explicações Sobre os Poucos Posts de Novembro

Pois muito que bem, pelo título, dá pra se concluir do que se trata. Não sabemos se alguém pensou que iríamos parar com isso, que adoecemos, ou que morremos mesmo. Não, o que houve se resume a um fenômeno natural: chuva. Isso mesmo, chuva. Moramos numa região que chove muito, e ultimamente, têm chovido demais. Estamos nisso desde o último feriado de Finados, e a situação se agravou na véspera do feriado da Proclamação da República. Não que o nosso escritório seja a céu aberto, mas que, quando chove, perdemos a internet, o que nos impede de escrever, pesquisar, enfim, de trabalhar nisso aqui. Mas esse retiro forçado nos ajudou a buscar alternativas, visando expandir o leque de temas abordados no blog, e assim o faremos. É esperar e ver. Assim sendo, até a próxima.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Faça você mesmo

Todos aqueles que acompanham as divisões inferiores do futebol profissional sabem que muitas são as dificuldades para se manter um clube. E no meio de tantas dificuldades, muitos clubes se tornam "ciganos", ou seja, vão aos lugares onde sua sobrevivência vai ser garantida, não importando se a "nova casa" fique a milhares de quilômetros do lugar em que foram fundados, além é claro, longe de sua torcida. E pra ser mais exato, falamos assim para ser gentis, pois em não poucos casos, a busca pela sobrevivência vira uma busca por lucro mesmo.

Foi exatamente isso que ocorreu com o AFC Wimbledon, da Inglaterra. Explicando o caso; o Wimbledon não era um grande clube, mas como todo time, tinha sua base de torcedores, e representava sua comunidade, num canto de Londres (cidade que junto de Buenos Aires e Montevideo, deve ter o maior número de clubes. Se não nos enganamos, Londres deve ter uns 14 clubes, só nas principais divisões. Se alguém souber o número certo, favor, postar nos comentários, isso se desejarem...bem, voltemos ao cerne da questão). Fundado em 1889, o clube só se tornou elegível na Football League (os campeonatos inteiramente profissionais. Abaixo disso, há o semi-profissionalismo e o amadorismo, o que ajuda a explicar as cerca de 23 Divisões existentes na Inglaterra) em 1977-78, e em apenas 9 anos, atinge a elite do futebol inglês. E a maior glória da equipe chegaria nesse período; o título da FA Cup, ganho em cima do Liverpool, na temporada 87-88, que corou a geração que ficaria conhecida como Crazy Gang, nome dado devido às brincadeiras sem muita noção praticadas pelo elenco, além do estilo de jogo extremamente simples e feio, que tornou Vinnie Jones ídolo por lá (coloque esse nome na seção de arquivo do blog que você verá uma matéria sobre o figura). Infelizmente, devido ao banimento que a UEFA impôs aos clubes ingleses devido ao Desastre de Heysel (quando um grande grupo de torcedores do Liverpool foram para cima de torcedores da Juventus de Turim, causando uma grande confusão, que tragicamente, resultou na morte de várias pessoas), não pudemos ver a Crazy Gang em torneios europeus. O clube ficaria na elite até 2000, com uma média de público, cerca de 17,000.

E assim a vida seguia. Mas um pouco longe dali, mais especificamente, há 90 km, na cidade de Milton Keynes. Milton Keynes foi elevada ao nível de cidade em 1967, o que para os padrões ingleses, é uma cidade nova. A cidade possuia um projeto bacana, que incluia várias coisas, mas ainda faltava algo; um time de futebol, pois até estádio já tinha. A diretoria do Wimbledon procurava um estádio maior, e a cidade procurava um clube = acordo entre as partes, que se deu em 2002, quando o clube não estava brigando pela volta à elite. Só que esse acordo ignorou os torcedores, que (não sem razão) ficaram extremamente nervosos por terem de viajar 90 km para ver seu time, que logo depois, nem poderiam chamar de "seu", já que de Wimbledon ia para Milton Keynes Dons.
Nisso, os próprios torcedores decidiram fundar um novo-velho clube, que carregaria as mesmas características do Wimbledon, mais especificamente, AFC Wimbledon. Os torcedores estavam decididos a resgatar a história do clube, tanto que entraram em um processo para reaver a taça da FA Cup conquistada pelo clube. Depois de uma longa batalha judicial, os torcedores acabaram vencendo a queda de braço, e além de reaverem a taça, conseguiram que o Milton Keynes não usasse nenhuma menção histórica anterior à 2004, quando foi fundado. Muito disso também se deve ao constrangimento causado à FA (The Football Association, a Federação Inglesa), que depois de permitir essa mudança, se tornou muito mais rigorosa nesse quesito.

O "novo" Wimbledon conseguiu um sucesso esportivo notável. Em 9 anos de existência, o clube saiu da 9ª Divisão para a 4ª, com direito a uma série de 78 jogos invictos, e nessa temporada, o clube briga pela classificação nos play-offs. Claro que existem controvérsias e dificuldades, inerentes ao futebol profissional. O Dons Trust, organização dos torcedores que gere o clube, vendeu parte de suas ações para comprar um campo, que será dividido com o Kingstonian, o que gerou uma dívida, que todos esperam gerir e pagar, sem prejuízos ao clube, mas como todos sabem, tudo que envolve endividamento é perigoso e controverso.

De todo o jeito, torcemos para que o modelo dê certo, provando que os torcedores podem sim, gerir seu clube.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Fundações, Retornos e Re-fundações

Como em todo ano, na Segunda Divisão Paulista, alguns clubes voltam e outros deixam de existir. Em 2012, podemos ver 3 novos clubes, de 3 cidades distintas, que já abrigaram clubes profissionais, mais especificamente, Araçatuba, Pindamonhagaba e Presidente Prudente.

Em Araçatuba, há toda uma movimentação para que a Associação Esportiva Araçatuba volte em 2012. Em associação com Waldir Peres (grande goleiro nos anos 80) e sua empresa, as coisas já estão praticamente definidas para que o Canário volte ao profissionalismo, com projetos para escolinhas para a formação de atletas e um museu do futebol de Araçatuba, que justamente por sua rica história, motivou Waldir a investir no clube. O distintivo e o uniforme do clube foram alterados, o que para nós, não foi algo muito legal, mas se os torcedores gostarem, então tá bom.

Já em Presidente Prudente, a cidade convive com uma séria dificuldade no futebol profissional. Depois do afastamento da Prudentina das disputas profissionais e da dissolução do Corinthians, nenhum clube conseguiu se firmar na cidade. Prudentino, Oeste Paulista e mais recentemente Grêmio Prudente, não ficaram tempo o bastanta na cidade para criar um vínculo. A cidade possui um clube, o Presidente Prudente FC, fundado no começo da década de 90, mas este ainda não caiu nas graças da cidade. Agora, pretende-se preencher essa lacuna com um novo Grêmio Prudente. O projeto é encabeçado pelo treinador Antonio Carlos (com passagens por São Caetano e Palmeiras), Bernardo Fernandes e Adriano Gerlin, presidente do Oeste Paulista, que cederá a vaga na FPF para o novo clube. Ao contrário do antigo Grêmio Prudente (que nasceu como Grêmio Barueri, foi para Prudente, mas acabou voltando para a Grande São Paulo), que era um clube empresa, o novo Grêmio será um clube associativo, sem intenção de mudar de cidade.

Já em Pindamonhangaba, a única equipe que disputou o Campeonato Paulista foi a Ferroviária, e isso foi a um bom tempo. Agora, as autoridades municipais já foram para a sede da FPF se informar sobre os trâmites, mas nada sobre comissão técnica e afins foi definido.

Mais informações em breve, quando tivermos fotos dos times perfilados e dos estádios cheios.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Finalíssima da Segunda Divisão Paulista 2011 - Independente Campeão





O Independente de Limeira se sagrou campeão do Campeonato Paulista da Segunda Divisão, vencendo o Capivariano por 2 x 0, no estádio Comendador Agostinho Prada, em Limeira. Depois de perder a primeira partida em Capivari pelo mesmo placar, o Independente precisava de um resultado positivo. O 2 x 0 foi suficiente devido aos critérios de desempate, pois o Independente fez melhor campanha na competição.

A campanha dos dois clubes foi cheia de oscilações. Da parte do Capivariano, foram esportivas, quanto ao Independente, o negócio foi administrativo. Na primeira fase, o Capivariano fez uma campanha claudicante, com 5 vitórias, 6 empates e 3 derrotas. Mas nas fases seguintes, o clube deslanchou, para a surpresa de muitos, e o artilheiro do certame é alvi-rubro; Romão, com 27 gols marcados. Se o Capivariano não era um candidato a figurante, poucos o colocavam como candidato ao acesso, ainda mais, finalista. Destaque também para a torcida de Capivari, que só no jogo da final, mandou 15 ônibus para Limeira.

Por sua vez, o Independente era cotado como postulante ao acesso, graças a uma parceria que daria um grande suporte financeiro, e justificou os prognósticos ao ter um aproveitamento de cerca de 86% na 1ª fase. Mas uma série de acontecimentos começavam a indicar que a boa fase não duraria muito tempo; em junho, a parceria foi rompida, o clube ficou sem o dinheiro, teve de mandar jogos no Limeirão, estádio da rival Inter, e quase deixa de jogar em Limeira. Ainda assim, boa parte da comissão técnica permaneceu no clube, e com todas as dificuldades, conseguiram o acesso e o título.

Sobre o jogo, o Capivariano começou a partida mais tranquilo, pois estava com a vantagem. Mas depois de 15, 20 min, o Independente colocou os nervos no lugar, tanto que aos 28 min, numa belíssima cobrança de falta de João Santos, inalcançável para o arqueiro. O Capivariano sentiu o baque, mas começava a retomar a confiança, quando aos 49 min Bismarck marca o 2º gol do Independente. Logo depois do gol, o juiz decretou o final da 1ª etapa, e os jogadores foram para o vestiário de maneiras bem distintas. O 2º tempo começou nervoso, com o Capivariano tentando reverter o quadro negativo, enquanto o Independente procurava jogar no erro do adversário, explorando os contra-ataques. A partir dos 25 min do 2º tempo, o Capivariano foi todo ao ataque, pois 1 gol lhe daria o título, passando a sufocar o Independente. Mas com a adoção dessa estratégia, os visitantes davam espaços, e o Independente teve 3 chances claras, que não soube aproveitar. O jogo seguiu nessa toada até o apito do juiz, aos 50 min. Festa em Limeira, com o 3º título do Galo da Vila Esteves na competição (as outras 2 conquistas foram em 1973 e 1999). Ou seja, teremos GaLeão (nome do derby entre Independente e Internacional) em 2012. Quanto ao Capivariano, todos esperam que ano que vem, o clube possa voltar a surpreender, e torcida para isso não faltará.

Porém nem tudo foi festa; houve uma briga entre os jogadores das duas equipes quando a partida acabou, por motivos ainda muito mal explicados. Além disso, o vestiário onde estava a equipe de Capivari foi invadido, e vários objetos foram roubados, de material esportivo à pertences pessoais dos jogadores. Lamentável. Que o que ocorreu após a final seja investigado, e as atitudes cabíveis sejam tomadas.

Ainda que tenha sido uma mancha no título do Independente, a conquista do título do Campeonato Paulista da Segunda Divisão de 2011 foi, no mínimo, brilhante.

Ficha Técnica
Independente 2 x 0 Capivariano
Gols - João Santos, de falta, aos 28 e Bismarck aos 49 minutos do primeiro tempo (IN)
Local - Estádio Comendador Agostinho Prada
Árbitro - Marcelo Rogério
Auxiliares - Alex Alexandrino e Fábio Rogério Baesteiro
Público e renda - não divulgados

Independente - Diego; Gilberto, Petterson e Márcio; Murilo Silva (Gustavo), Alexandre, Carlos Diego, João Santos (Marcelo) e Thiago Pereira; Leandro Neves e Bismarck (Daniel).
Técnico - Jorge Parraga.

Capivariano - Douglas; Oliveira, Lucas, Kelisson e Pedro Henrique; Régis, Adoniram
(Thiaguinho), João Paulo (Tom) e Ivanzinho; Romão e Alamir (William).
Técnico - Genildo Cavalcante.

Ocorrências - cartões amarelos para Thiago Pereira e Alexandre (IN); Oliveira, Tom e Thiaguinho (CAP).