Muito se discute sobre a palavra "Derby". É certeza de que a palavra é de origem inglesa, mas muitas são as teorias sobre sua origem. Alguns dizem que é devido a corridas de cavalo na Inglaterra do século XVIII. Muitos também dizem que o termo é uma referência ao futebol medieval praticado na cidade de Derby. A teoria mais recente afirma que o termo se deu devido a um espaço para corrida de cavalos que separava os campos dos eternos rivais Liverpool e Everton.
Quando se fala de um Derby no futebol, a intenção é dizer de que determinada partida é um clássico, que existe uma forte rivalidade entre as duas equipes. Existem uma série de fatores que podem alimentar uma rivalidade. Na maioria dos casos, são jogos envolvendo clubes da mesma cidade ou região, ou justamente o oposto, entre clubes que são de regiões que se antagonizam. Mas existem alguns casos em que as motivações para as rivalidades vão além disso, indo para campos como nacionalismo, religião ou política. E é exatamente nessa esfera, a política, que se encaixa o tema que pretendemos abordar.
O Derby do Medo é um clássico relativamente novo, e tem como palco a Alemanha. Hansa Rostock e St Pauli quase nunca se enfrentavam, se é que se enfrentavam. Os clubes passaram a maior parte do tempo divididos, seja pela política, seja pelas divisões. A Alemanha passou grande parte do século XX dividida; um lado, o Ocidental, de economia capitalista, e o Oriental, com inspiração comunista. Essa divisão se deu após a II Guerra, quando as potências vencedoras dividiram os despojos da guerra, demarcando suas zonas de influência, o que podemos classificar como embrião da Guerra Fria. Seja como for, o St Pauli é de Hamburgo, que fica no lado Ocidental, e o Hansa Rostock leva o nome de sua cidade, Rostock.
Os clubes passaram a maior parte do tempo separados por uma fronteira, representada num muro que separava a capital Berlim em duas partes. Mas os dois clubes sempre ocuparam uma posição periférica em seus países, o que era mais doído para o Hansa, que era tido como um centro de excelência (nos países comunistas, haviam os clubes que serviam de centros de excelência, cuja função era formar atletas que servissem aos quadros nacionais). E assim a vida seguia, até a queda do Muro de Berlim, em 89.
A mudança foi radical para ambas as partes; não se tinha idéia de como seria a integração, mas sabia-se de que não haveria espaço para todos. Assim sendo, de protagonista na Alemanha Oriental, a cidade de Rostock passou a um plano periférico. Isso deu brecha para que lá ocorresse um fenômeno que se alastrou pelo Leste Europeu; movimentos de extrema-direita, assumidamente neo-nazistas. Estes movimentos viam que o comunismo stalinista não melhorou suas vidas, e que o capitalismo democrático os jogava num segundo plano. Se esse clima tomou conta da cidade, consequentemente, o mesmo se deu com a torcida do Hansa, que se tornou uma das mais temidas da Europa. Da parte do St Pauli, seus torcedores são conhecidos por sua postura de esquerda, indo contra o racismo, o sexismo e o capitalismo selvagem e predatório (o que é capitalismo em sua exência, diga-se). Ou seja, um choque seria inevitável.
Mas estava sendo evitado por um longo tempo, pois os times nunca estiveram na mesma divisão, com o Hansa vivendo entre a 2ª e a 1ª Divisão, enquanto o St Pauli sofria na 3ª. Mas em 2011 não deu mais para evitar; os dois clubes se enfrentariam, pela 2ª Divisão. E para agregar tensão, enquanto o St Pauli brigava pelo acesso, o Hansa Rostock lutava contra o rebaixamento, e nessa partida contaria com o apoio de sua torcida. As diretorias dos dois clubes fizeram o possível para manter os ânimos calmos, mas avisaram de que não seriam capazes de controlar os torcedores mais extremados.
O jogo como era de se esperar, foi tenso, com direito a torcedores do Hansa atirarem bananas em campo, contra o time inteiro do St Pauli. Isso sem contar os insultos, que além do esperado numa partida de futebol, descambou pra racismo e derivados. Seja como for, mesmo jogando fora de casa, o St Pauli se impôs e fez 3 x 1. Houveram brigas, contenção policial, e por aí vai. Saldo: 8 feridos, incluindo policiais, o que pela tensão do jogo, foi visto pelas autoridades como "lucro".
E esse foi só o primeiro capítulo; ainda haverá o jogo do 2º turno, em Hamburgo. Até lá, muita coisa pode acontecer na competição, mas esses conflitos políticos não serão solucionados tão em breve. Caso num cenário hipotético, os conflitos políticos sejam resolvidos, torcemos para que não seja uma vitória da direita, seja extrema ou moderada...também admitimos que torcemos pelo St Pauli...
Quando se fala de um Derby no futebol, a intenção é dizer de que determinada partida é um clássico, que existe uma forte rivalidade entre as duas equipes. Existem uma série de fatores que podem alimentar uma rivalidade. Na maioria dos casos, são jogos envolvendo clubes da mesma cidade ou região, ou justamente o oposto, entre clubes que são de regiões que se antagonizam. Mas existem alguns casos em que as motivações para as rivalidades vão além disso, indo para campos como nacionalismo, religião ou política. E é exatamente nessa esfera, a política, que se encaixa o tema que pretendemos abordar.
O Derby do Medo é um clássico relativamente novo, e tem como palco a Alemanha. Hansa Rostock e St Pauli quase nunca se enfrentavam, se é que se enfrentavam. Os clubes passaram a maior parte do tempo divididos, seja pela política, seja pelas divisões. A Alemanha passou grande parte do século XX dividida; um lado, o Ocidental, de economia capitalista, e o Oriental, com inspiração comunista. Essa divisão se deu após a II Guerra, quando as potências vencedoras dividiram os despojos da guerra, demarcando suas zonas de influência, o que podemos classificar como embrião da Guerra Fria. Seja como for, o St Pauli é de Hamburgo, que fica no lado Ocidental, e o Hansa Rostock leva o nome de sua cidade, Rostock.
Os clubes passaram a maior parte do tempo separados por uma fronteira, representada num muro que separava a capital Berlim em duas partes. Mas os dois clubes sempre ocuparam uma posição periférica em seus países, o que era mais doído para o Hansa, que era tido como um centro de excelência (nos países comunistas, haviam os clubes que serviam de centros de excelência, cuja função era formar atletas que servissem aos quadros nacionais). E assim a vida seguia, até a queda do Muro de Berlim, em 89.
A mudança foi radical para ambas as partes; não se tinha idéia de como seria a integração, mas sabia-se de que não haveria espaço para todos. Assim sendo, de protagonista na Alemanha Oriental, a cidade de Rostock passou a um plano periférico. Isso deu brecha para que lá ocorresse um fenômeno que se alastrou pelo Leste Europeu; movimentos de extrema-direita, assumidamente neo-nazistas. Estes movimentos viam que o comunismo stalinista não melhorou suas vidas, e que o capitalismo democrático os jogava num segundo plano. Se esse clima tomou conta da cidade, consequentemente, o mesmo se deu com a torcida do Hansa, que se tornou uma das mais temidas da Europa. Da parte do St Pauli, seus torcedores são conhecidos por sua postura de esquerda, indo contra o racismo, o sexismo e o capitalismo selvagem e predatório (o que é capitalismo em sua exência, diga-se). Ou seja, um choque seria inevitável.
Mas estava sendo evitado por um longo tempo, pois os times nunca estiveram na mesma divisão, com o Hansa vivendo entre a 2ª e a 1ª Divisão, enquanto o St Pauli sofria na 3ª. Mas em 2011 não deu mais para evitar; os dois clubes se enfrentariam, pela 2ª Divisão. E para agregar tensão, enquanto o St Pauli brigava pelo acesso, o Hansa Rostock lutava contra o rebaixamento, e nessa partida contaria com o apoio de sua torcida. As diretorias dos dois clubes fizeram o possível para manter os ânimos calmos, mas avisaram de que não seriam capazes de controlar os torcedores mais extremados.
O jogo como era de se esperar, foi tenso, com direito a torcedores do Hansa atirarem bananas em campo, contra o time inteiro do St Pauli. Isso sem contar os insultos, que além do esperado numa partida de futebol, descambou pra racismo e derivados. Seja como for, mesmo jogando fora de casa, o St Pauli se impôs e fez 3 x 1. Houveram brigas, contenção policial, e por aí vai. Saldo: 8 feridos, incluindo policiais, o que pela tensão do jogo, foi visto pelas autoridades como "lucro".
E esse foi só o primeiro capítulo; ainda haverá o jogo do 2º turno, em Hamburgo. Até lá, muita coisa pode acontecer na competição, mas esses conflitos políticos não serão solucionados tão em breve. Caso num cenário hipotético, os conflitos políticos sejam resolvidos, torcemos para que não seja uma vitória da direita, seja extrema ou moderada...também admitimos que torcemos pelo St Pauli...
Queria ter uma conversa com você sobre "capitalismo selvagem"
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