Depois de muita demora, cá estamos novamente, com algumas explicações, basicamente, com uma. A postagem de hoje era para sair, no máximo, no último final de semana, mas um Crtl + Z despretensioso acabou apagando todo o texto. Tentamos tudo o que estava à nosso alcance, contudo, o texto se perdeu, e a frustração tomou nosso corações. Bem, a vida segue, e tentaremos abordar o mesmo tema hoje.
Recentemente, a Pluri Consultoria lançou dois estudos muito interessantes, sobre o calendário do futebol brasileiro, e o que esse modelo acarreta. Basicamente, o cerne do estudo é que a maior parte dos clubes brasileiros não possuem um calendário anual, explorando a contradição entre o discurso das entidades que regulam o futebol brasileiro, que afirmam que mantêm esse calendário em benefício dos clubes pequenos, mas que olhando para os números, o cenário é completamente o oposto disso, com clubes se licenciando por não conseguirem obter recursos para se manterem, justamente pelo calendário não ser anual. Explica-se; não são poucas as agremiações que tem perspectiva de jogarem algo por menos de um semestre, e constantemente, fazem malabarismo para poder obter meios de disputarem algo. Encerrado o certame em disputa, não há perspectiva para mais nada, e inevitavelmente, chega uma hora em que não se conseguirão recursos sequer para disputar torneios de tiro curto.
Todos sabemos que para que esses clubes possam seguir ativos, eles dependem das Federações estaduais, que devem auxiliá-los, não com dinheiro, estritamente falando, mas dando condições para que tais clubes se mantenham competindo. Certa feita, um ótimo site, o Toda Cancha, que aborda o futebol gaúcho, formulou um plano de disputa que congregasse os clubes das divisões de acesso, mantendo-os competindo por todo um ano.
Dito tudo isso, não dá para imaginar que os dirigentes, tanto dos clubes quanto das federações, ignorem essa situação. Também não é possível imaginar que não tenha vindo nenhuma proposta, nem que seja para começar a pensar a questão, vinda de algum cartola. A nosso ver, o futebol brasileiro está passando por uma série de reformas pontuais, que são bem vindas, claro, mas que só atenuam os problemas. Nesse sentido, vamos nos ater ao estado de São Paulo, e sempre que possível, dialogar com a realidade de outro canto. Nosso foco será em São Paulo simplesmente por quê não temos condições de falar sobre todo o país, além do mais, nossa sede fica em SP, o que nos permite acompanhar tudo mais de perto.
Usando como exemplo a Série B do Paulista, quem quer que vá nos conselhos arbitrais afirma que grande parte dos dirigentes sempre optam pelo regulamento mais curto, justamente para evitarem gastos. Com essa é uma competição sem muita visibilidade, é difícil que o empresariado apoie, pois a perspectiva de retorno, pelo menos a curto-médio prazo, não é das mais altas. Um dos cenários que isso acarreta são clubes apoiados por prefeituras, que hora apresentam um projeto social, hora buscam apenas promoção política, e esse é um ponto muito importante do futebol, não só paulista, mas brasileiro. Não são poucos os dirigentes que usam os clubes como um trampolim, buscando apenas se auto-promoverem, e o fazem quando exercem um cargo municipal (lembrando que ainda que não possam injetar dinheiro de maneira direta na agremiação, podem disponibilizar facilidades) ou quando estão no comando dos clubes mesmo, visando eleições municipais futuras. Uma variante disso é a ação de empresários e empresas envolvidas com o futebol. Vale lembrar que no caso da Série B, a FPF estipula que os clubes atuem com um elenco majoritariamente sub-23, visando justamente diminuir os gastos. Nesse cenário, os clubes que não possuem recursos para manterem uma categoria de base suficientemente forte para prover atletas para essa disputa arrendam seu departamento de futebol para empresas. Dede já, dizemos que não é possível generalizar, afirmando que todo envolvimento do poder público ou todo tipo de convênio com a iniciativa privada possua interesses escusos, mas negar que esse tipo de coisa ocorre seria de uma ingenuidade irresponsável.
Voltando à questão do calendário, para um clube de Série B Paulista, o ano possuí basicamente dois tipos de competições "oficiais"; a própria Segunda Divisão, cuja disputa se dá em nível profissional, e os torneios das categorias de base, as amadoras. Para as equipes de Série A3, A2 e A1 que não estão em nenhuma das 4 divisões do Campeonato Brasileiro, há a Copa Paulista. Em tese, todos os clubes possuem atividade para o ano todo, contudo, basta uma análise mais profunda para percebermos que ocorre justamente o contrário. As competições de base, ressaltamos, mobiliza apenas o departamento amador, e nos profissionais, resta a Copa Paulista, e não são poucos os clubes que fazem um mistão entre profissionais e juvenis. Uma das consequências disso é o desemprego de atletas no segundo semestre, ou até mesmo antes. Apesar do jogador de futebol estar alguns patamares acima da maior parte dos trabalhadores brasileiros, é óbvio que quanto mais descemos as divisões, essa distância cai, e não raro chega em níveis iguais, isso quando o atleta acaba recebendo menos. Nesse momento, não entraremos nos méritos se é merecido ou não um jogador de futebol ganhar muito, mas olhando para aqueles que não recebem um salário astronômico, ficar 2, 3 ou mais meses desempregado pesa, e muito. Alguns ainda conseguem serviço em outros ramos, mas por hora, não temos números exatos disso.
Tendo tudo isso em vista, todos que mantêm um envolvimento mínimo com o futebol acreditam que só um conjunto de mudanças, uma verdadeira revolução, pode remediar a situação, contudo, não se vê nenhum passo nessa direção. Como já foi dito no começo desse texto, o que se vê são reformas. É complicado dizer o por quê disso, se é pura e simplesmente uma consequência do jogo de interesses da cartolagem brasileira (que de fato ocorre) ou outra coisa qualquer. Tudo o que podemos garantir é que nos debruçaremos sobre o problema, tentando contribuir no debate, e nas ações, que possam ajudar, contando com a participação de toda e qualquer pessoa que queira contribuir na construção desse processo. Outra coisa que garantimos é mais cuidado na hora de editar o blog, além de maior frequência nas postagens. Assim sendo, até mais.
Usando como exemplo a Série B do Paulista, quem quer que vá nos conselhos arbitrais afirma que grande parte dos dirigentes sempre optam pelo regulamento mais curto, justamente para evitarem gastos. Com essa é uma competição sem muita visibilidade, é difícil que o empresariado apoie, pois a perspectiva de retorno, pelo menos a curto-médio prazo, não é das mais altas. Um dos cenários que isso acarreta são clubes apoiados por prefeituras, que hora apresentam um projeto social, hora buscam apenas promoção política, e esse é um ponto muito importante do futebol, não só paulista, mas brasileiro. Não são poucos os dirigentes que usam os clubes como um trampolim, buscando apenas se auto-promoverem, e o fazem quando exercem um cargo municipal (lembrando que ainda que não possam injetar dinheiro de maneira direta na agremiação, podem disponibilizar facilidades) ou quando estão no comando dos clubes mesmo, visando eleições municipais futuras. Uma variante disso é a ação de empresários e empresas envolvidas com o futebol. Vale lembrar que no caso da Série B, a FPF estipula que os clubes atuem com um elenco majoritariamente sub-23, visando justamente diminuir os gastos. Nesse cenário, os clubes que não possuem recursos para manterem uma categoria de base suficientemente forte para prover atletas para essa disputa arrendam seu departamento de futebol para empresas. Dede já, dizemos que não é possível generalizar, afirmando que todo envolvimento do poder público ou todo tipo de convênio com a iniciativa privada possua interesses escusos, mas negar que esse tipo de coisa ocorre seria de uma ingenuidade irresponsável.
Voltando à questão do calendário, para um clube de Série B Paulista, o ano possuí basicamente dois tipos de competições "oficiais"; a própria Segunda Divisão, cuja disputa se dá em nível profissional, e os torneios das categorias de base, as amadoras. Para as equipes de Série A3, A2 e A1 que não estão em nenhuma das 4 divisões do Campeonato Brasileiro, há a Copa Paulista. Em tese, todos os clubes possuem atividade para o ano todo, contudo, basta uma análise mais profunda para percebermos que ocorre justamente o contrário. As competições de base, ressaltamos, mobiliza apenas o departamento amador, e nos profissionais, resta a Copa Paulista, e não são poucos os clubes que fazem um mistão entre profissionais e juvenis. Uma das consequências disso é o desemprego de atletas no segundo semestre, ou até mesmo antes. Apesar do jogador de futebol estar alguns patamares acima da maior parte dos trabalhadores brasileiros, é óbvio que quanto mais descemos as divisões, essa distância cai, e não raro chega em níveis iguais, isso quando o atleta acaba recebendo menos. Nesse momento, não entraremos nos méritos se é merecido ou não um jogador de futebol ganhar muito, mas olhando para aqueles que não recebem um salário astronômico, ficar 2, 3 ou mais meses desempregado pesa, e muito. Alguns ainda conseguem serviço em outros ramos, mas por hora, não temos números exatos disso.
Tendo tudo isso em vista, todos que mantêm um envolvimento mínimo com o futebol acreditam que só um conjunto de mudanças, uma verdadeira revolução, pode remediar a situação, contudo, não se vê nenhum passo nessa direção. Como já foi dito no começo desse texto, o que se vê são reformas. É complicado dizer o por quê disso, se é pura e simplesmente uma consequência do jogo de interesses da cartolagem brasileira (que de fato ocorre) ou outra coisa qualquer. Tudo o que podemos garantir é que nos debruçaremos sobre o problema, tentando contribuir no debate, e nas ações, que possam ajudar, contando com a participação de toda e qualquer pessoa que queira contribuir na construção desse processo. Outra coisa que garantimos é mais cuidado na hora de editar o blog, além de maior frequência nas postagens. Assim sendo, até mais.
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