sexta-feira, 7 de junho de 2013

RNK Split

Como puderam perceber, o blog ficou meio esvaziado ultimamente. Bem, peço desculpas, e tentarei passar aqui com a regularidade devida. Seja como for, andei pesquisando, de maneira aleatória, diga-se. Fiquei dando uma olhada naquele site de distintivos, que postei aqui um tempo atrás. Lá havia um clube que não conhecia, mais especificamente o NK Lucko. O desconhecimento era tal que eu ignorava a nacionalidade do mesmo. Como dizem, a curiosidade (e o acaso) é (são) a(s) mãe(s) de todas as descobertas. Pesquisando, vi que era um time croata. Legal, poucas coisas croatas são conhecidas no mundo, especialmente seu futebol.

Mesmo com os feitos da seleção nacional na Copa de 98, pouca gente conhece mais do que os croatas que atuam nas grandes ligas, e a nível local, o Dínamo de Zagreb e o Hajduk Split. Falando em Split, acabei vendo que lá havia um outro clube,  RNK Split, e posso dizer que o clube possuí uma história, digamos, singular.

Fundado em 1912, o que o torna um dos mais antigos não só da Croácia como da Europa Continental. Mas creio que foi o primeiro que se chamava "Anarch" e usava um uniforme todo preto. Ao que tudo indica (as fontes em inglês ou outros idiomas menos inteligíveis que o croata são escassas. E usar o Google Tradutor para uma pesquisa minimamente série é um tiro no pé) foi fundado na parte da cidade que contava com a maior concentração de operários, e consequentemente, de movimentos trabalhistas; os portos da cidade (cabe salientar que Split é uma cidade banhada pelo Mar Adriático, e seus portos são pontos movimentados desde a Antiguidade).

Na década de 30, adotou o nome atual, Radnicki Nogometni Klub (usando de licença poética, algo Operário Futebol Clube), assim como a cor, que passou do preto para o vermelho. Algumas fontes apontam que o fortalecimento da juventude comunista na região incentivou essa mudança, e aparentemente, o pessoal do clube trocou Bakunin por Marx. Para um clube que não conseguia grandes feitos esportivos, sua popularidade era considerável, ainda se consideramos se o outro clube da cidade, o Hajduk, conquistava feitos bem mais notáveis. Seja como for, os membros do RNK não procuravam atuar apenas no campo teórico, tanto que tentaram enviar membros da associação para a Espanha, para ingressar nas forças anti-Franco na Guerra Civil Espanhola. Contudo, por alguns fatores que não consegui encontrar mais informações, não obtiveram êxito nessa empreitada, mas se eles não conseguiram ir para a guerra, a guerra iria até lá. Naquela época, a Europa não andava muito pacífica, e naquele período estourou a II Guerra Mundial, e os Bálcãs eram uma região estrategicamente importante, dado que permitia um fácil acesso ao Mediterrâneo. Nisso, a população como um todo organizou a resistência ante o invasor, lutando em um sistema de guerrilha que ficou conhecido como partisan. Quando se fala em "população", é que praticamente todos os setores ingressaram direta ou indiretamente na resistência, inclusive os esportistas, o que inclui o RNK e o outro time da cidade, o Hajduk. No final do confronto, a Croácia estava livre dos nazistas, mas não sem sofrer pesadas percas.

Passada a guerra, a vida voltava no limite do possível, já que a Croácia agora estava integrada à Iugoslávia, e assim como no pré-guerra, o RNK continuava nas divisões inferiores, mas alcançaria mais sucesso aqui, com suas 3 participações na 1ª Divisão e e uma semi-final da Copa da Iugoslávia, na década de 60. As coisas não melhoraram com o estabelecimento da Liga Croata, na década de 90. Só em 2011 o clube conseguiu voltar à elite, onde anda realizando boas campanhas, tanto que nessa temporada, ficou em 5º (entre 12 times), e só não foi pra Liga Europa pelo saldo de gols, 2 tentos menor que o do 4º colocado, ironicamente, seu rival citadino.

Ainda que não tenha o mesmo apelo que um St. Pauli ou um Livorno, é um clube legal, e qualquer um que vá fazer alguma coisa qualquer na Croácia um dia desses, se possível tire umas fotos do estádio (o simpático Park Mladezi, ou Parque da Juventude - Parque da Juventude Comunista na época da Iugoslávia - em bom português, com capacidade para pouco mais de 4 mil pessoas), se possível em um dia de jogo e envie para cá, se não for pedir muito.

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