Se dissermos que 2012 foi o pior ano da história da Portuguesa Santista, acreditem, não estamos exagerando. Repleto de crises dentro e fora de campo, o simples fato de sobreviver e disputar algo em 2013 já é uma vitória. Normalmente, em uma situação pós-crise, o normal é juntar os cacos e dar tempo ao tempo, contudo, não há margem de tempo quando se está na última divisão do futebol paulista; se 2012 foi um ano horrível, quem 2013 seja maravilhoso e o time dispute a A3 2014. Mesmo que arrume a casa esse ano, caso não suba, outra crise virá, se com as mesmas proporções da vista no ano passado, não é possível saber, mas que virá, virá. Agora que a problemática já foi apresentada, vamos aos fatos;
Nome; Associação Atlética Portuguesa
Estádio; Ulrico Mursa (capacidade para 7,635 espectadores)
Cidade; Santos (419, 757 habitantes)
Títulos; Torneio Início (1926) Fita Azul (1959), Série A2 (1964) e Paulista do Interior (2003)
Sem sombra de dúvidas, a Portuguesa Santista é um dos mais tradicionais times do estado, e talvez, dos que estejam na Segundona, tenha sido o último a brilhar na elite, graças à memorável campanha de 2003, que poderia ter sido ainda mais memorável se a diretoria fosse um pouco mais inteligente. Desfazer-se de parte de seu time na reta final de um campeonato em que as chances de se ganhar não eram desprezíveis é de uma mesquinhez de pensamento que fica difícil medir. Se foi aí que começou a crise, é difícil dizer, mas foi com essa linha de pensamento seguida pela diretoria (o que pode ter vindo de muito antes) que ela surgiu e se intensificou.
Muitos times sofrem uma queda livre, mas não cremos que existam muitos que tenham sofrido uma tão acentuada como a da equipe de Santos. Pode não ter sido abrupta, pois são 9 anos que separam o apogeu do quadro visto atualmente, mas é justamente esse cenário que torna marcante a situação.
Depois de passar perto do acesso em 2011, mais perto dentro do que fora de campo (lembrando; foi o ano da polêmica com o Barretos, que teria colocado em campo um jogador em situação irregular. Foi um episódio bem confuso, que se formos explicar, vai merecer um post inteiro), a Portuguesa ia para 2012 com esperança de sair do quase.
Era certo que a verba continuava curta, mas isso é comum entre os times da Segundona, mas o time ia largar atrás justamente na parte que serve como diferencial nessa divisão; a preparação. Para se ter ideia, somente em abril a diretoria definiu o treinador, no caso, Nenê Belarmino, que chegou a conquistar um acesso com a própria Briosa na metade da década de 90.
Não foi o suficiente para que a equipe apresentasse sequer uma campanha minimamente decente. Foram 10 partidas, e nenhuma vitória, o máximo que conseguiu foi 3 empates em casa, contra o São Bernardo e os rivais regionais São Vicente e Jabaquara, todos em 1 x 1. Ao todo, foram 9 gols marcados e 18 sofridos. A derrota mais pesada foi em ante o Mauaense, um 3 x 0 em Santos. Inesperadamente, a diretoria manteve Nenê Belarmino no comando da equipe por toda a competição, em um possível lampejo de lucidez, pois se o time era fraco, não havia técnico que desse jeito.
Há muito não se via uma campanha tão desastrosa quanto essa, se é que algum dia se viu algo assim lá pelo Ulrico Mursa. Os dirigentes apontaram a falta de investimento e a preparação tardia como os fatores que levaram à péssima campanha, mas muito se falou que a diretoria estava mais preocupada com o social do clube do que com o futebol. Se de fato foi o que ocorreu, podemos dizer que é algo até explicável, dada a situação presente (se é justificável, são outros quinhentos, vai da opinião de quem olhar à fundo a situação). A Briosa teve de ir aos tribunais para assegurar o usufruto de parte de seu patrimônio, que poderia ser perdido devido a uma acusação de ocupação irregular do terreno. A diretoria do clube conseguiu entrar com um recurso, que adia a questão em mais ou menos, uns 10 anos, período em que todos os recursos que podem ser aplicados se esgotarão. O mais provável é que a diretoria entre em acordo com o outro interessado no terreno, no caso, a UNIFESP, para um uso planejado, algo que contemple as duas partes.
Uma campanha ruim é decepcionante, mas superável. Um problema com o patrimônio do clube é mais complicado, demandando mais habilidade para ser superado, mas houve um outro problema, ainda mais preocupante, e diz respeito às categorias de base. A Portuguesa não participou do sub-20, apenas do sub-17, e foi eliminada na 1ª fase, não brigando pela classificação em nenhum momento, mas pelo menos conquistou 2 vitórias, mas ainda assim, esse não foi o ponto mais baixo da ano. No final do primeiro semestre, a Portuguesa foi acusada de perpetrar maus tratos à jovens que faziam parte de suas categorias de base. Ainda em 2011, o Conselho Tutelar da Zona Leste de Santos, graças à uma denúncia anônima, visitou um imóvel na cidade, onde descobriram que 12 adolescentes estavam alojados em um kit net de 40 metros em condições precárias, sendo privados até mesmo de comida. A Portuguesa se defendeu, afirmando que repudia todo e qualquer tipo de exploração, rompendo o contrato com a empresa com a qual terceirizou o departamento de futebol amador. Além disso, alega que desconhecia o caso, pois o gerenciamento das categorias de base estava sob responsabilidade de Fernando Cezar de Matos, e os jovens, todos oriundos do Pará, foram trazidos para Santos pelo olheiro Ronildo Borges de Souza, contratado pela empresa que cuidava da base do clube. Contudo, a Justiça condenou todos os envolvidos, e a Portuguesa terá de pagar uma indenização às famílias, mas a diretoria do clube irá recorrer da decisão judicial.
Resolvidas (ou não) as pendengas, ainda assim não se sabia se a Briosa daria o ar de sua graça no futebol profissional, mas ainda em 2012, vimos que já estavam pensando no 2013. A sombra da última campanha ainda era grande, então, por quê esperar que as coisas pudessem ser diferentes agora? O clube firmou uma parceria com uma empresa, a Kourusport. Essa empresa possuía uma parceria com o São Vicente, montando o elenco que conquistaria o acesso para a A3 np ano passado. A parceria com o Alvi Negro não foi renovada, nisso, a empresa migrou para o Rubro Verde da Baixada, e com ela, trouxe uma parte significativa do vice campeão da Segunda Divisão de 2013. Nomes como o meia Epifanio, autor de 6 gols na campanha do acesso do São Vicente, o goleiro Clebão e o zagueiro Natan, este último inclusive já jogou na Portuguesa antes de ir para o Mansuetto Pierotti. Até mesmo o técnico será o mesmo do São Vicente, Cristiano Troísi que começou no futebol (começou mesmo, pois foi no infantil) e como treinador na própria Briosa.
Sem sombra de dúvida, a base que está sendo montada é competente, e aparentemente, tenta-se resolver os problemas administrativos do clube. É difícil dizer se a torcida está otimista, mas pelo menos está esperançosa, devido aos fatores citados nesse parágrafo. De fato, acreditamos que a campanha do ano passado ficou para trás, mas ainda é cedo para colocar a Briosa entre os favoritos ao acesso. Não é o fato da espinha dorsal do time ter subido ano passado que fará o time subir, mas não podemos negar que é um bom indicativo. Dito isso, cravamos uma boa campanha, mas só falaremos de acesso quando a equipe nos der motivos para isso.
Vamos que vamos Briosa!!! Precisamos voltar a brilhar !!!!
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