sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sobre História


O que História? A resposta dessa pergunta é simples, e ambígua; tudo. Todas as manifestações humanas fazem parte da História. Todos os indivíduos fazem História a todo o momento. Todas as opções escolhidas acarretam em alguma coisa, não só para a pessoa que faz essa opção, mas para as pessoas próximas a ela. E cada um faz História no meio, na realidade na qual está inserido. Todo homem é fruto de seu meio, o que envolve uma série de coisas, como o momento e o lugar em que vive. Mas em alguns momentos da História, escolhas de alguns indivíduos influenciam a vidas de milhões.


O futebol, como um espelho da sociedade na qual está inserido, reflete este aspecto da História. No campo, as decisões de poucos indivíduos influenciarão a vida de centenas de milhares de pessoas, de diferentes maneiras. Muitos podem dizer que o futebol não influencia em nada na vida, mas desde a comeroração do título de uma Copa do Mundo à um engarrafamento devido a uma partida que será disputada nas redondezas, o futebol influencia, com diferentes graus de intensidade.


Em algumas situações, a história de uma pessoa se confunde, se une, com a de algo, um momento, uma instituição, ou num clube de futebol. Marcos no Palmeiras, Rogério Ceni no São Paulo, até Harlei no Goiás, a sua vida futebolística se confunde com a História recente desses clubes. Mas hoje nenhum deles será abordado, não por não serem importantes, mas porque há um figura, mais emblemática, se assim podemos dizer. Não é muito conhecido do público brasileiro, talves os mais estudiosos o conheçam. Trata-se de Brian Clough. Clough era um técnico inglês, e sua vida se confunde com a do Nottingham Forest. No caso dos brasileiros, os clubes em que atuam são grandes clubes, com expressão nacional. O Forest não tinha muita expressividade, e seu perído aúreo se deu com Clough, assim como o apogeu deste ocorreu durante sua estada em Nottinghamshire.


Os dois estavam buscando espaço. Clough considerava-se o maior técnico da Inglaterra. Afinal, ele e seu auxiliar Peter Taylor levaram um clube pequeno, o Derby County, a um título do Campeonato Inglês. Já o Forest tinha vencido alguns campeonatos, mas eles datavam do começo do século. A direção do Forest resolveu chamar Clough após seu fracasso no Leeds, onde ficou no comando técnico (sem seu auxiliar) por apenas 44 dias. Pouco tempo no cargo é explicavel. Clough era defensor de um futebol jogado de uma maneira bonita, e o Leeds era o oposto disso, vencendo por um jogo extremamente ríspido e catimbeiro. As críticas que Clough fazia eram nesse sentido, e todas elas eram públicas e pesadas. Tendo isso dito, é compreensível que jogadores que Clough tenha xingado de criminosos dissimulados não quissessem jogar por ele. Essa era uma marca de Clough; ser marrento, desbocado e passional, cabendo a Taylor ser racional. Clough, quando começou sua carreira como técnico, no Hartlepools, conseguiu derrubar o presidente do clube. O time nunca esteve tão bem, e constantemente o técnico esbarrava no presidente. Então, Clough pediu demissão. A diretoria, temerosa de que o clube novamente caísse no esquecimento, demitiu o presidente. Mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e foi exatamente assim que ele perdeu seu cargo no Derby, quando o presidente venceu na disputa.


Nisso, ele e Peter Taylor se unem novamente e assumem um time pequeno, no caso, o Forest. Essa união iria durar de 75 a 93, e levaria a 1 Campeonato Inglês, 4 Copas da Liga Inglesa, e mais importante, 2 Copas dos Campeões da Europa (a atual Liga dos Campeões). Tal feito não foi repetido por grandes forças do futebol inglês da atualidade, como os londrinos Arsenal e Chelsea.


Mas o Forest nunca foi um clube muito rico, e quando o futebol inglês começou a ser regulamentado a partir do capital, o Forest caiu para a 2ª Divisão, mesmo com Clough no comando. Atualmente, o Forest continua na 2ª Divisão, depois de uma passagem pela 3ª. Clough morreu em 2004, os 69 anos, amargurado por ter rompido com seu companheiro Peter Taylor nos anos 80, e não ter tido a oportunidade de reatar a amizade, pois Taylor faleceu em 90, com 62.


Os homens são fruto de seu tempo, e fazem História com as condições que estão dadas. Qual a chance disso acontecer novamente? Nenhuma. A experiencia pode se repetir (uma pessoa fazer um time pequeno ser vencedor), mas os mesmos indivíduos, o mesmo espaço, a mesma realidade, essa não vai se repetir. Pode vir a ocorrer um fato semelhante, mas não 100% idêntico. Mas que o futebol precisa de mais folcore e figuras atípicas, isso precisa.

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