sábado, 4 de agosto de 2012

Coupe de l'Outre-Mer 2012

Podemos dizer, com toda certeza, que 2012 está sendo um ano pródigo em competições alternativas. Já abordamos aqui a Copa Caribenha, campeonato alternativo, que junta países que estão com seu futebol em desenvolvimento, como Antígua e Barbuda, que nuca conseguiram grande coisa,seleções com alguma tradição, caso da Jamaica, e é claro, times de (falta) de qualidade indiscutível, principalmente Montserrat, última colocada do ranking da FIFA.


Mas hoje abordaremos outro certame tão obscuro quanto; a Copa do Outro Mar, que por motivos de ordem lírica, chamaremos de "Copa do Ultramar". Esse torneio reúne seleções de territórios que são possessões francesas, e assim como o campeonato caribenho, congrega escretes reconhecidos ou não pela FIFA. É uma competição bem similar à Copa Caribenha, mas com uma diferença fundamental; é mundial. Por exemplo, a seleção de Martinica, que fica no Caribe, pode enfrentar o Taiti, arquipélago que fica no Oceano Pacífico. Esse campeonato é organizado pela própria FFF (Fédération Française de Footbal, ou Federação Francesa de Futebol, em bom português). Organizada desde 2008, a competição está em um nível estável, contando regularmente com 8 participantes, divididos em 2 grupos. Os 2 primeiros colocados vão para as finais, e os 2 vice líderes decidirão irão pra decisão de 3º e 4º lugares da competição.


Assim como na Copa Caribenha, o desnível é grande. Há seleções com atletas profissionais jogando em ligas estrangeiras, enquanto outros selecionados só contam com amadores, sem falar que em muitas dessas ilhas o futebol foi introduzido há relativamente pouco tempo. A competição começou a ser disputada em 2010, e tradicionalmente, é sediada em Île-de-France, que abriga Como era de se esperar, procuraremos falar de todas, no limite do possível, é claro. Informações são (extremamente) raras, e tentaremos trazer o máximo possível de conteúdo.


Grupo A

Reunião

Guiana Francesa

Guadalupe

Saint Pierre e Miquelon



Olhando pra esse grupo, logo de cara é possível dizer quem brigará pelo título e quem corre (bem) por fora.  Acreditamos que Guadalupe e Reunião brigarão pelo 1º lugar, enquanto a Guiana Francesa dependerá de um milagre. Sobre Saint Pierre e Miquelon, o mais importante será a experiência em si, pois esportivamente, as chances são mais do que remotas. Uma peculiaridade desse grupo é que nenhuma das seleções são reconhecidas pela FIFA, logo, não disputam as eliminatórias para a Copa do Mundo, o que limita, e muito, o grau de intercâmbio com outras escolas.

Guadalupe possui atletas atuando em equipes das divisões de acesso em toda Europa, e sobretudo, na França. Essa competição é encarada como uma chance do time conquistar algo, pois em tudo quanto é competição, Copa Caribenha, Copa Ouro e essa competição que estamos abordando, o time vai bem, mas falha na hora H, como a Espanha fazia há bem pouco tempo atrás. Garantia que e o time caribenho vem mordido, pois nas duas últimas (2008 e 2010) edições ficou em 3º lugar. 

O outro favorito, Reunião, possui uma tradição futebolística considerável; venceu a primeira edição, contra Martinica (1 x 0), e foi vice, também contra Martinica, mas nos pênaltis (5 x 3). Pensando em manter o retrospecto favorável, a seleção do país está se preparando desde o mês passado, disputando amistosos com clubes locais, além do clássico "Titulares x Reservas". Todos os atletas atuam no futebol nacional, que possui uma liga tradicional, organizada mais de 60 anos, com a presença de jogadores e atletas estrangeiros, principalmente dos vizinhos de Madagascar.

Em relação aos nosso vizinhos do norte, a Guiana Francesa nunca obtive grandes resultados. Pra ser mais exato, a maior conquista da seleção é um 4º lugar nessa mesma competição. Um agravante é que tirando esse torneio, o time não atua em competições oficiais desde 2007. Tentando sanar isso, foram marcados amistosos, mais especificamente contra Suriname e Guiana, e vieram duas (esperadas) derrotas; 2 x 1 e 2 x 0, respectivamente. Mas ainda que os membros da delegação afirmem que a equipe se portou bem,   falta tarimba internacional, e não os enxergamos brigando com Guadalupe ou Reunião. As experiências internacionais mais regulares nesse período são as participações anuais do campeão do país na Copa da França.

Sobre Saint Pierre e Miquelon, podemos dizer que é um dos maiores expoentes do futebol alternativo na competição. Ainda que o futebol tenha chegado na ilha (próxima do Canadá), no começo do século passado, uma seleção nacional foi formada apenas nos anos 50 (pelo menos reza a lenda), mas só começou a atuar de maneira relativamente regular só em 2010, e todos os seus jogadores são amadores. Na edição passada, a equipe não marcou nenhum gol, e sofreu 28. Como já foi dito, a expectativa é adquirir experiência internacional, para vislumbrar uma futura melhora.



Grupo B

Martinica

Nova Caledônia

Taiti

Mayotte


Esse grupo, pelo menos em tese, possui um nível mais alto que o outro, mesclando seleções não-FIFA com times que disputam competições organizadas pela entidade máxima do futebol mundial. Martinica e Mayotte possuem filiação apenas na Federação Francesa, enquanto Taiti e Nova Caledônia fazem parte do quadro de membros da FIFA. Apontamos Taiti e Nova Caledônia como favoritos a brigar por algo, com um leve favoritismo para o time da Polinésia Francesa (no caso o Taiti), que venceu seu rival de grupo na Copa da Oceania (um tapa na cara daqueles que achavam que a Nova Zelândia tinha vaga cativa na Copa das Confederações). Mas ao contrário do outro grupo, não dá pra descartar completamente os outros rivais.

Martinica tem história no torneio, com um título (2010) e um vice (2008), além de razoável tradição no futebol caribenho. Entretanto, tirando os resultados da Copa do Ultramar, o time não consegue bons resultados há pelo menos uns 10 anos, quando atingiu as quartas-de-finais da Copa Ouro (quando foi eliminada pelo Canadá nos pênaltis). O último título conquistado não está tão distante, longe disso, foi ano passado, mas superar a Normandia (2 x 1) na Copa Regional das Ligas de 2011 parece ser insuficiente pra encarar os rivais de seu grupo.


Sobre os favoritos, apontamos o Taiti como postulante ao título, e a Nova Caledônia briga por fora. Falando dos taitianos, já dissemos que são os atuais campeões da Oceania, evidenciando um crescimento do futebol na região como um todo, pois há 8 anos, a seleção estava perdendo de 10 x 0 pra Nova Zelândia, e atualmente, além do título continental, o Tefana, clube em que a maior parte dos jogadores atua, chegou na final da Champions League da Oceania. Mas há o outro lado da moeda; os taitianos nunca foram favoritos à nada. Vamos ver como eles lidarão com isso.


Logo atrás vem a Nova Caledônia. A seleção do país está inscrita na FIFA desde 2004, e vêm apresentando um crescimento gradual nos resultados, superando a maior parte dos rivais regionais, com exceção da Nova Zelândia, e mais recentemente, do Taiti. Depois de participações ruins na Copa do Ultramar, em que foi eliminada na 1ª fase, o time coleciona 2 vices da Copa da Oceania, se bem que a edição da OFC Nations Cup de 2008 contava com apenas 4 seleções, e serviria como eliminatória para a Copa do Mundo de 2010, em um sistema de turno e returno. Acabaram longe da Nova Zelândia e foram perseguidos de perto por Vanuatu. Seja como for, foi um grande progresso. Mas a equipe precisa aprender a decidir a seu favor, e vencer algo.


Por fim, mas não menos importante, o selecionado de Mayotte. Assim como Martinica, Mayotte não está filiada à FIFA, logo, não disputa eliminatórias, e a CAF (Confederation of African Football) é bem menos tolerante que a CONCACAF, impedindo-os de disputar a Copa da África. A única competição que o time disputa além da Copa do Ultramar são os obscuros Jogos das Ilhas do Oceano Índico. Além disso, todos os atletas atuam no incipiente futebol nacional. Ou seja, é um time com pouca rodagem, que procurará repetir o desempenho da última edição da Copa, quando alcançou o 4º lugar.



Sabemos que não é muito, mas foi o que conseguimos sobre a competição. Dificilmente ela será televisionada (se alguém souber de algum sinal que transmita esses jogos, nos informe), mas temos certeza de que veremos (veremos?) grandes jogos.


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