domingo, 13 de maio de 2012

Sobre a Série D e a Segunda Divisão Paulista

Recentemente a CBF anunciou que irá custear todas as despesas com transporte e hospedagem dos clubes que participarem da Série D. É de conhecimento geral que várias equipes desistem de participar da 4ª Divisão do Brasileiro por questões financeiras, então essa ajuda, ainda que esteja longe das condições ideais, é muito bem vinda. Depois disso, vieram as mudanças na Série C, que agora terá uma primeira fase mais longa, mantendo os clubes em atividade mais tempo (e que contará com o Brasil-RS, que ao escalar um jogador em situação considerada irregular, acabou punido com a perca de pontos, que culminaram no rebaixamento na Série C ano passado. O clube apelou pra Justiça Comum e ganhou de volta a vaga na 3ª Divisão. Isso ainda vai longe...)

Agora, algumas considerações e comparações com a FPF e sua política para com os clubes das divisões inferiores. Como todos sabem, o atual presidente da CBF, José Maria Marin, é uma figura forte no futebol paulista, ocupando cargos de relevância na gestão de Marco Polo Del Nero à frente da FPF. Tanto é verdade que Marin foi honrado com uma medalha (que seria destinada a um dos atletas campeões) na final da Copa São Paulo de Futebol Jr. Isso quer dizer basicamente duas coisas; que o atual mandatário da CBF tem uma fixação por medalhas (ou talvez por aparecer mesmo) e que não há uma diferença radical entre o pensamento das duas lideranças, isso se houver alguma diferença. Então, por quê a CBF dá esse apoio às equipes das Divisões de Acesso enquanto a FPF limita-se a disponibilizar uma verba de R$13 mil para cada um dos clubes participantes da Segunda Divisão, uma competição que irá durar de maio à novembro?

Bem, não sabemos. Certamente a CBF fatura mais que a Federação Paulista, mas a arrecadação gerada pelo futebol mais rico do país não é nada desprezível. Indo no sentido dos gastos da entidade comandante do futebol paulista, a verba destinada para todos os clubes da 4ª divisão não chega a R$550 mil, o que é pouco se comparado ao que os times da 1ª Divisão recebem. Quando falamos de 1ª Divisão, são os clubes do interior, que recebem de 2 a 3 vezes mais que isso. Os grandes, por sua vez, recebem cerca de 10 vezes mais que os 42 clubes da Segundona Paulista juntos, isso somando verbas da FPF, patrocínios e cotas de TV.

Não estamos cobrando que a FPF destine aos filiados das Divisões inferiores o mesmo que aos clubes que estão na 1ª Divisão, mas disponibilizar tão pouco é obscenidade. O ideal, além de investir mais na organização do campeonato, dando condições mínimas para que qualquer agremiação minimamente estável possa disputar o torneio. Outro passo seria elaborar um certame longo, que ocupasse esses times por todo o ano, pois os clubes que são eliminados na 1ª fase, que possui 10 jogos, só terão o sub-20 da Segunda Divisão para participar no resto do ano, competição que não possui sequer acesso. Um pouco longe do ideal, a ressurreição da Copa Energil C (ou qualquer outro nome que surgir), uma espécie de Copa Paulista B, seria válida, desde é claro que valesse alguma coisa, sendo que uma vaga na própria Copa Paulista seria uma boa ideia. O mesmo vale para a CBF, que deve proporcionar que as Divisões inferiores tenham uma duração no mínimo aceitável, pois na Série D vemos grupos com 5 times, e as equipes que forem eliminadas na 1ª fase disputam 8 jogos. Cremos ser possível proporcionar bem mais que isso.

Agora, temos de ser razoáveis ao não culpar as Federações de todos os males, afinal, vários clubes contaram, e ainda contam, com direções inescrupulosas, que somente pensam em lucros privados, ou que não possuem competência necessária para dirigir um time profissional, quiçá um amador. Mas que muitas imposições e descasos absurdos das Federações atrapalham, isso atrapalham.

Voltando ao caso paulista, a estrutura atual exige muito dinheiro, o que acaba forçando os clubes a procurarem recursos financeiros nem sempre seguros, que geralmente prejudicam essas agremiações a médio e curto prazo, o que acaba gerando as não poucas mudanças de sede e licenciamentos, pois chega-se num momento em que a luta não é mais dentro das 4 linhas, seja por glórias ou pra se evitar vergonhas, mas fora do campo, apenas pela sobrevivência da instituição.

Seja como for, voltando para a CBF, a atitude abordada nesse post é boa, é um primeiro passo, que ainda que modesto, é algo melhor do que permanecer parado. Saibam que para nós é difícil elogiar a CBF, ainda que parcialmente, mas a entidade máxima do futebol brasileiro tem de fazer muito mais para melhorarmos a imagem que temos dela. Sobre a FPF, não vemos nenhum plano ou política para melhorar a vida dos clubes das divisões inferiores, e ainda que partamos do princípio do que "o que não vemos não quer dizer necessariamente que não existe", estamos propensos a crer que não existe nada nessa direção. Vamos encerrar o texto por aqui, por quê todo final que pensamos possuía um tom alarmista, mas infelizmente não conseguimos pensar em nada que carregasse otimismo. Bem, até a próxima...

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