quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Os 11 da Independência


O futebol permite uma série de manifestações nacionalistas, seja a nível de clubes ou de seleções. Os casos do Athletic Bilbao e do Chivas de Guadalajara são exemplos que ilustram isso em relação à clubes, pois aceitam apenas jogadores bascos e mexicanos, respectivamente. Quanto à seleções, o exemplo mais recente é o do Sudão do Sul, que um dia após sua independência, já colocou sua seleção nacional em campo.

E existem muitos outros exemplos disso, mas hoje nos ateremos a um em especial; o Time da FLN, a Frente de Libertação Nacional. O nome não é muito familiar, mas de 1958 à 1962 era o representante futebolístico da Argélia. Nesse período, a Argélia era uma das colônias africanas da França. Como toda a potência imperialista, os franceses exploravam a Argélia, ignorando o desejo da maior parte do povo argelino; a independência. Nesse quadro, a FLN surge, e começa a mobilizar o povo argelino em prol de seu sonho. Com a postura irredutível do governo francês em não conceder a independência à Argélia, não restou outra opção se não a luta, que durou de 1954 à 1962.

A guerra não se deu só com armas, mas também na propaganda, e essa era a função do Time da FLN. Seus jogadores eram argelinos e descendentes, e maioria jogava no futebol profissional francês. O time jogava com uma série de adversários, visando arrecadar fundos para o confronto, mas principalmente, propagar o ideário de libertação da Argélia, e estavam tendo sucesso em sua missão. Os governos europeus que tinham colônias na África ficaram temerosos do exemplo, principalmente o governo francês, que solicitou a FIFA que suspendesse a seleção argelina, além de quem quer que jogassem com eles, pedido prontamente aceito pela eurocentrista FIFA. Mesmo assim, ajuda para a causa argelina não faltava, e as contradições desse conflito ficavam cada vez mais evidentes. Vale lembrar que poucos anos antes, eram os franceses que sofriam com a ocupação nazista em seu território, e usaram os mesmos recursos que os argelinos para resistir. Porém, naquele momento, estavam usando os mesmos recursos que os nazistas, para garantir uma posse ilegítima.

Mas apesar de todos os esforços do imperialismo, a Argélia conquistou a independência, o que não quer dizer que se acabaram os problemas ou as contradições, mas que estas agora podem ser resolvidas pelo povo argelino...

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