terça-feira, 27 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Inter de Bebedouro


Dando continuidade à introdução para a Segunda Divisão Paulista de 2013, procuraremos abordar o ano de uma das mais tradicionais agremiações do estado de São Paulo, a Internacional de Bebedouro. Depois de 2 anos na A3, o clube volta para a companhia de outros times de rica história, todos buscando reeditar um passado de glórias cada vez mais distantes, ou ao menos dias razoavelmente melhores. Olhando o 2012 da Inter, o que podemos esperar para 2013?





Nome; Associação Atlética Internacional

Fundação; 11/06/1906

Estádio; Sócrates Stamato (capacidade para 15,300 adeptos)

Títulos; Série Pecuária (56) e Taça Cidade de São Paulo (79)

Cidade; Bebedouro (população de 75,300 habitantes)


Desde que voltou do licenciamento, em 2007, a Internacional de Bebedouro procura crescer, o que é algo perfeitamente natural. Com boas participações na Segundona Paulista, o acesso veio em 2010, de maneira inesperada até. Naquela edição, a Inter terminou na 6ª posição na classificação geral, mas foi beneficiada com a desistência do Atlético Araçatuba e o desaparecimento do Votoraty.

Na A3 de 2011, o clube fez uma campanha muito ruim, salvando-se apenas na última rodada. Não sem razão, a diretoria ficou preocupada, e procurou se planejar melhor, para não ser pega de supetão de novo. No 2º semestre, o clube disputou a Copa Paulista, e de maneira inesperada, chegou na 2ª fase, depois de uma 1ª etapa muito boa, levando-se em consideração a estrutura do time; foram 10 vitórias em 16 jogos, com apenas uma derrota, marcando 27 tentos e concedendo 11. Na 2ª fase, houve uma queda no desempenho e a equipe acabou eliminada, depois de 2 vitórias e 3 derrotas em 6 jogos (7 gols marcados e 8 sofridos), mas era consenso que nessa fase o time não mostrou o potencial visto na etapa anterior.

Assim sendo, o clima era de otimismo em Bebedouro, pois cerca de 90% do elenco que disputou a Copa Paulista estaria no clube em 2012, todos comandados pelo treinador Leston Júnior. Com esse ânimo a equipe começou a se preparar para a A3 já em fins de novembro, com treinos e amistosos preparatórios (por que a nosso ver, jogo treino é uma das maiores inutilidades do futebol atual, assim como o escanteio curto). Já se sabia que a AAI não era uma das equipes com o maior orçamento da A3, o que se por um lado aumentava o feito obtido na Copa Paulista, por outro causava certa preocupação. Estava estabelecido que folha de pagamento giraria em torno de R$40 a R$45 mil mensais, uma das menores da competição, claramente uma aposta no “bom e barato”. Todos esperavam que a equipe tivesse um desempenho suficientemente digno para se manter na A3.

Enquanto as coisas pareciam indo bem na montagem do time e na organização fora de campo, logo no começo de 2012 surgiu um problema, comum em vários clubes paulistas esse ano; estádio. O estádio Sócrates Stamato estava sem condições de receber público, e a diretoria teve de correr para liberá-lo, coisa que só foi acontecer pouco antes do início da competição.

Enquanto procuravam superar esse problema, todos já trabalhavam com o olhar na A3. A comissão técnica já previa que a A3 2012 seria mais difícil que a edição anterior, devido à mudança na forma de disputa (se em 2011 os 20 clubes foram divididos em 2 grupos regionalizados, que jogariam em turno e returno, a desse ano não haveria divisão, sendo um todos-contra-todos em turno único).

Apesar do discurso da diretoria estivesse sendo regado com otimismo, na prática todos sabiam que a briga seria primeiro pela permanência, pra depois tentar beliscar uma vaga para a 2ª fase. Mas logo no começo do campeonato, vimos evidências de que as coisas não seriam fáceis, muito pela já mencionada escassez de recursos.Em sua estreia no certame, a equipe deixou todos que acompanham as divisões de acesso perplexos ao atuar com uma camisa em que estava estampado “Abandono”. A medida foi pensada pelo gestor do time, Orlando da Hora, que encarava que a Inter tinha pouco dinheiro por quê a cidade pouco apoiava o time. E assim foi, com "Abandono" na camisa, até o fim da competição.

Ainda assim, em dado momento, o clube chegou a ensaiar uma briga pela 2ª fase, mas esse ensaio não durou muito tempo. Antes mesmo do início do campeonato, o receio pelo descenso era grande, e o que antes era receio, foi tomando proporções cada vez maiores conforme a competição avançava e as vitórias não vinham. O time entrou na Zona de Rebaixamento apenas na 15ª rodada, e àquela altura, o clube estava a apenas 4 pontos da zona de classificação, mas mesmo tão perto nos números, o futebol apresentado pela equipe o colocava bem longe dela. Era difícil não notar o mau desempenho no Sócrates Stamato, onde obteve apenas 2 vitórias (os outros resultados foram 4 empates e 3 derrotas. Os maus resultados em casa podem ser reflexo do pouco público que atraiu para o estádio, uma média de 331 pagantes por partida. Certamente os jogos de quarta feira às 15 horas tiveram seu peso negativo na construção desse número. Houve uma promoção na partida contra o Juventus, penúltimo do time, teve uma promoção curiosa; os ingressos saiam por R$10 por pessoa, mas para casais, só um pagava. É algo louvável procurar o apoio da torcida, mas fazer isso somente quando o time está mal é algo mais do que questionável. Não vimos nada do gênero para as outras partidas, o que não quer dizer que coisa alguma foi feita, mas que é um indicador de que nada foi feito, isso é. De maneira indireta, essa política para com o torcedor também evidencia algo; a tensão na relação entre torcida e diretoria. Em várias oportunidades os primeiros mostraram descontentamento com os mandatários, que por sua vez, respondiam de maneira pouco cordial, se assim podemos dizer. Que as mostras de descontentamento eram justas todos admitiam, mas os diretores achavam que eram mais acintosas do que o necessário.

Relações não muito boas entre torcida e diretoria, somadas à indefinição financeira (já que o quadro visto na primeira rodada pouco mudou) e ao (mau) desempenho do time em campo colocavam o Lobo estava em uma situação delicadíssima. De fato, o clube só dependia de si mesmo para se manter na A3, e na última rodada, bastava um resultado favorável ante a Inter de Limeira, fora de casa. Tarefa ingrata, é verdade, mas o clube vinha embalado por uma vitória contra o Juventus em Bebedouro, vitória que deu uma sobrevida ao time e o colocava na situação já descrita.

Foi no domingo de Páscoa. O Limeirão vivia um clima de decisão, como a muito não se via, e havia a certeza de das duas Internacionais, a de Limeira era a melhor, e que só restaria ao time de Bebedouro atuar com brio e contar com a sorte. Se houve ou não brio do lado bebedourense, não sabemos, mas era visível que o time não tinha condições de aproveitar qualquer oportunidade que aparecesse. O Leão de Limeira contava com uma equipe mais balanceada (tanto que brigava pela classificação para a 2ª fase), e também contava com o atacante Fernando dos Reis, que até o fim da competição, marcou 14 vezes, sendo o artilheiro do time. Podemos dizer certamente que se Fernando conseguiu marcar sua passagem por Limeira, seu nome também será muito lembrado em Bebedouro. A Inter de Bebedouro acabou goleada por 4 x 0, 3 dos tentos foram marcados pelo já mencionado atleta, e em momento algum esboçou alguma resposta, sendo praticamente um fantasma em campo, e permitindo uma série de piadas infames acerca de Páscoa e Chocolates, que nos abstemos de fazer.

Depois da confirmação do rebaixamento, reinava no Sócrates Stamato um clima de indefinição. Não se sabia, por exemplo, se Orlando da Hora, que praticamente bancou o time na A3, continuaria ou não em Bebedouro, e até aquele momento, também não se sabia o que aconteceria caso ele saísse, se o time se licenciaria novamente ou se partiria para a disputa da Bezinha de maneira autônoma.

Seja como for, enquanto a dúvida pairava sob a cabeça de dirigentes e torcida, a Inter ia bem na outra competição que disputava, o sub-20. Para os times tidos como grandes, que possuem um calendário para o ano inteiro, ver jogos das categorias de base é mais como um passatempo. Porém, para aqueles que resolvem abraçar os times das divisões de acesso, essa competição é extremamente importante, sobretudo para os torcedores dos times da B do Paulista, que só vem a 4ª Divisão e o sub-20 no ano, e esse será o caso da Inter em 2013, mas voltemos (mais uma vez) para 2012. Depois dos torcedores arrancarem cabelos com o time principal, a base deu motivos de alegria, ainda mais pela preparação da equipe, que contou alguns percalços, principalmente o começo tardio, em que a equipe só se reuniu 15 dias antes do pontapé inicial. Os meninos seriam comandados pelo técnico Berzinho, já que Leston Jr. e o restante da comissão técnica foram para o Olímpia, disputar o restante da Série B desse ano.

A equipe foi muito bem, chegando nas quartas de finais, onde só esbarrou no Palmeiras pois o time da Turiassú fez uma campanha melhor ao longo do torneio (1 x 0 para a Inter em Bebedouro e  3 x 2 para o Palmeiras em SP). Também vale destacar para as goleadas de 5 x 2 sobre a Catanduvense e de 4 x 0 sobre o Batatais, essa última à 2 dias do aniversário da Inter (106 anos), em que completou 106 anos de vida. Paralelo à disputa do sub-20, confirmou-se a permanência do gestor Orlando da Hora, mas de todo jeito, independente da definição da continuidade ou não do modelo de investimento vigente hoje, é certo que caso a Inter opte (o que é bem provável) por participar da B 2013, o time base será composto pelo atual sub-20.

Caso isso se concretize, veremos um time entrosado, e que possuirá um grau relativamente alto de identificação com a população local, que não compareceu em muito peso esse ano (repetindo, a média foi de 331 pagantes por jogo). Entretanto, alguns pontos ainda permanecem vagos, ou melhor, basicamente um ponto, que é a base para vários outros; vimos fontes que afirmam que a gestão permanecerá até 2014, mas desde que ela veio, rolam notícias de que ela sai, pra depois voltar com plano ambiciosos. No futebol, ainda mais o brasileiro, a regra é o imediatismo, e o que foi dito agora pode tentar ser "desdito" amanhã.

Então podemos concluir que o cenário da Inter é instável, imprevisível? Quase isso. Creio que pode-se concluir que a possibilidade disso ocorrer existe, e é consideravelmente grande, assim como a possibilidade das coisas ficarem estáveis, pelo menos em um curto-médio prazo. Assim como todas as equipes da competição, a longo prazo, a Inter precisa sair da B com condições de continuar subindo, caso queira se manter viva no profissionalismo, e quanto mais rápido isso acontecer, melhor.

domingo, 11 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Taboão da Serra


O CATS é um clube relativamente novo, sendo fundado em 85, mas só foi se profissionalizar em 2004. Logo em seu ano de estreia, conquistou a saudosa B2 do Paulista. Apesar de jogar profissionalmente a pouco tempo, o CATS possui grande tradição em várias modalidades esportivas, da natação ao futsal.

De fato, os êxitos que a equipe colecionou em 8 anos de profissionalismo são admiráveis, no entanto, sempre que a equipe ameaça alçar voos maiores, acaba caindo para o ponto em que começou, e esse é o caso para 2013. Depois de conquistar a Segunda Divisão em 2010, o clube permaneceu apenas 2 anos na A3, para voltar para a B1. A equipe está novamente na última divisão do estado, e procuraremos abordar o 2012 do Cão Pastor, para ver a quantas anda o Tricolor do José Feres.




Fundação; 12/12/1985

Cidade; Taboão da Serra (244, 719 habitantes)

Estádio; Municipal Vereador José Feres (capacidade para 7,000 viventes)

Títulos; Paulista B2 (2004) e Paulista da Segunda Divisão (2010)


O ano já começou difícil para o Taboão da Serra; na primeira competição oficial de 2012, a Copa São Paulo, a equipe venceu apenas um jogo, contra o CSA, perdendo para São Caetano e Coritiba, com direito a um inapelável 7 x 0 aplicado pelos paranaenses. Isso tudo jogando em casa, pois a cidade era uma das sedes do certame. A diretoria assumiu a responsabilidade do desastre, o que era o mínimo que se poderia esperar.

Nesse clima, o CATS iria para a A3, sem esconder que o objetivo seria manter por lá, à exemplo de 2011, quando na maior parte do tempo, brigou contra o rebaixamento. Com uma folha salarial de aproximadamente R50 mil mensais, uma classificação para a 2ª fase da competição seria um feito digno de nota.

O Taboão nunca contou com investimentos lá muito altos, o que certamente torna seus feitos ainda mais dignos de nota, mas em contrapartida, o coloca como um clássico io-io. Fazendo um exercício de comparação, o adversário do Taboão na final de 2010, o Velo Clube, já está na A2, brigando por vaga na A1, além de realizar bons papéis na Copa Paulista. É claro que a equipe de Rio Claro está inserida em um contexto diferente, mas ao a compararmos com o  Taboão, caímos naquela máxima de que chegar ao topo é mais fácil do que se manter lá. Dos outros promovidos para a A3 de 2011, a Santacruzense também foi pra A2, a Inter de Limeira se mantêm na A3, a Inter de Bebedouro é um dos times que voltou pra B, enquanto o Paulínia se licenciou (aos que estranharam a quantidade de times que subiram, isso ocorreu devido ao licenciamento do Atlético Araçatuba e à “fusão” – isso até hoje gera debate – do Votoraty com o Comercial de Ribeirão Preto, ambos até então na A3).

Assim sendo, olhemos para a A3 2012. O clube teve de começar a participação tardiamente, pois como já dissemos, os investimentos não eram muitos. A direção preferiu acertar as finanças primeiro, para não ter problemas na competição. Até aí, tudo bem, afinal, é algo sensato. Mas a situação estava tão difícil que até o sensato se revelou insuficiente, e essa (necessária) contensão de gastos cobrou seu preço. Se for pra ser rigoroso, não há muito o que se olhar; o clube foi o lanterna da competição, e com apenas 3 vitórias na competição, em momento algum brigou por algo de brilho, aliás, nem a briga pela permanência foi muito boa. O time certamente mostrou tenacidade, mas ela não foi vista em Taboão da Serra, pois o José Feres foi interditado, forçando o CATS jogar da 2ª rodada em diante em outras praças, mais notadamente o Antônio Soares de Oliveira, em Guarulhos, casa do Flamengo e da ADG.

As coisas chegaram em um ponto em que o ponto de maior destaque na campanha da A3 teve lados positivos e negativos, aos extremos. Se a vitória de 4 x 2 contra a Francana em pleno Lanchão dava sinais de que pelo menos a permanência na 3ª Divisão poderia se concretizar, os bastidores dessa vitória mostravam o contrário. Algumas fontes afirmam que houve uma discussão entre o presidente do time, Eduardo Nóbrega, e o técnico do time, Moisés Macedo. Nessa discussão, Macedo foi demitido. Ainda que esse não seja o cenário ideal, é algo que ainda ocorre no futebol brasileiro. Mas o técnico ser demitido no ônibus, no meio da viagem antes de um jogo fora de casa revela no mínimo um destempero da direção, que se é péssimo em qualquer hora, se potencializa antes de uma dura e decisiva partida. Quem comandou a equipe na já referida vitória foi o diretor técnico, Anderson Nóbrega, irmão do presidente. Mesmo com a vitória, afirma-se que houve uma briga entre dois atletas do clube, um sendo oriundo da base, e outro um jogador já experiente.

Bem, vamos confessar que tivemos problemas quanto às fontes. Melhor explicando; algumas fontes apontavam que a direção do CATS tomou uma decisão ainda mais estranha que a demissão de Macedo, no caso, recontratá-lo para guiar o elenco já no próximo compromisso. Contudo, outras fontes afirmam que foi Anderson Nóbrega quem conduziu o escrete taboense até o final do certame. Seja como for, isso evidencia o esculacho com que a competição é tratada e abordada, complicando todo e qualquer veículo que queira cobri-la. Assim sendo, quem quer que tenha essa informação, pedimos que registre nos comentários, pois essa será uma maneira de manter o debate acerca das divisões de acesso, ajudando na manutenção do patrimônio que esses clubes representam.

Dito isso, continuemos. O clube não teve forças para se manter na A3, e acabou caindo com 2 rodadas de antecedência, e o jogo que decretou o rebaixamento foi dramático. O clube dependia de um milagre para se manter, e o jogo que poderia dar uma sobrevida era contra o Juventus, na Javari, o que tornava essa tarefa, no mínimo, ingrata. Mas em campo, o CATS surpreendeu o Juventus de Ferreira e aos 20 do primeiro tempo já tinha feito 2 x 0, e com o Juventus descontando ainda no 1º tempo o Taboão da Serra ia pro vestiário com uma vantagem, que se não era das mais confortáveis, era uma vantagem, situação que o time pouco conheceu na campanha. No início do 2º tempo, o 3º gol do Taboão da Serra dava a impressão de que pelo menos aquela batalha seria vencida, impressão que até os 30 do 2º estava bem firme. A partir daí, o time da Mooca começou uma reação poucas vezes vista no futebol, e em pouco mais de 15 minutos, virou o jogo, e decretou o rebaixamento do CATS, que venhamos e convenhamos, àquela altura era iminente.

Mais uma campanha decepcionante e mais uma vez a diretoria assumiu a responsabilidade pelo descenso, prometendo humildade para aprender com os erros. Nesse cenário, ingressaria no sub-20, pois o clube não disputaria a Copa Paulista, e o resultado não foi nada animador, ocupando o 8º e ultimo lugar do Grupo 4, que justiça seja feita, era um grupo difícil, com São Paulo, Grêmio Barueri, Grêmio Osasco, Guarani, São Bento e Capivariano.

Por esses fatores, não é muito difícil afirmar que 2012 foi um ano difícil para a torcida do Cão Pastor, e já temos indícios de que 2013 já não terá o melhor dos começos para a agremiação. Pela primeira vez nos últimos 7 anos, a cidade de Taboão da Serra não será uma das sedes da Copa São Paulo, e por mais que a diretoria tenha tentado, não conseguiu inscrever o clube na competição. Agora, o Taboão da Serra só voltará à campo de maneira oficial em meados de abril, maio, quando começará a Segunda Divisão Paulista.

Da parte da diretoria, houveram eleições, que embora tenham alterado quadros da direção, representará uma continuidade. Sai Eduardo Nóbrega e entra seu irmão, Anderson, que como já dissemos, comandou o time em uma (ou mais) parte (s) do campeonato. Anderson terá um mandato de 10 anos (?!?!) à frente do Taboão da Serra, e terá alguns desafios pela frente, como conseguir algum lugar para jogar, ou conseguir que a prefeitura faça os ajustes necessários no Feresão, e fazer com o que o clube segure o rojão quando ascender para uma divisão mais alta, caso não queira que o CATS entre nas páginas de times licenciados de um futuro Almanaque do Futebol Paulista. 

domingo, 4 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - XV de Jaú



No post anterior, demos início ao nosso projeto anual de abordar a maior competição do Brasil, a Segunda Divisão Paulista (que equivale ao 4º nível). Esse ano, ela contou com um pouco menos de equipes que nas edições passadas (mais precisamente, 42, e em anos anteriores, víamos mais de 45), e aqueles retornos, licenciamentos e estreias de praxe. Já falamos de uma série de notícias (nessa altura do campeonato, fica difícil separar o que é notícia e o que é boato) sobre clube que podem ingressar ou retornar ao profissionalismo, mas podemos dizer que em relação aos participantes de 2013, os mais certos são os oriundos da A3, no caso, Taboão da Serra, Osvaldo Cruz, Inter de Bebedouro e XV de Jaú.

A competição costuma começar em meados de maio, e até lá é provável que teremos tempo de abordar o 2012 de cada um desses clubes que foram rebaixados, e que esperam que sua estadia na B dure apenas 1 ano. Para começar, abordaremos a mais tradicional dessas 4 agremiações; o Esporte Clube XV de Novembro;


Fundação; 15/11/1924

Cidade; Jaú/para os puristas, Jahu (131,000 habitantes, à 296 km da capital)

Estádio; Zezinho Magalhães (capacidade para 12,000 torcedores)

Títulos; Campeão do Interior (51), Série A2 (51 e 76), Sub-20 (2005), com destaque para as 26 participações na elite do Paulista, ininterruptas de 77 à 93.


O aniversário do XV está chegando, mas tendo em vista os últimos anos, evidentemente não há muito para se comemorar, afinal, terá de lutar, e muito, para sair do último escalão do futebol paulista, lugar que não está lá muito habituado a visitar. Procuraremos abordar alguns elementos que levaram à essa queda do Galo da Comarca.

É sabido que o XV não vive uma situação financeira das mais agradáveis há um tempinho, e 2012 apenas escancarou isso. O clube possui uma grande variedade de dívidas, de impostas a questões trabalhistas, adquiridas com os anos. De 90 pra cá, é fácil dizer que o ponto mais alto do XV foi a participação na elite do Paulista, em 96, com destaque para o acesso na A3 em 2006 e o já referido título do sub-20. Nesse período, o clube ficou a maior parte do tempo na A3 (98 à 2006 e 2008 até 2012), hora brigando para se manter, hora participando sem muito destaque, e tendo uns eventuais brilhos, sendo o acesso o maior deles.

O futebol nas divisões de acesso é raramente lucrativo, quando muito é autossustentável, mas é evidente que o conceito sustentabilidade passou longe das imediações do Zezinho Magalhães. Politicamente, há uns anos o clube conta com apenas uma chapa se candidatando às eleições, chapa essa encabeçada pelo empresário José Construtor, que assumiu o clube em 2008. A principal bandeira da atual diretoria era colocar as finanças do XV em dia, o que é algo louvável. Foi feito todo um trabalho, rastreando toda e qualquer dívida que o clube possuísse, e procurando propor negociações, para que o valor das dívidas pudessem ser diminuídos, ou pelo menos que as maneiras para os pagamentos fossem mais flexíveis (leia-se, dividir o montante em suaves prestações).

A diretoria do clube sempre afirmou que estava conseguindo obter sucesso nesse objetivo, mas nunca escondeu que dinheiro faltava. O 2012 da equipe pode muito bem colocar em xeque a qualidade dessa gestão, mas nós não entraremos nesse mérito, por cremos que na imensa maioria dos casos, descensos são consequências de um longo período de presepadas.

Dito isso, será possível abordar a campanha na A3 desse ano. Tendo em vista as participações anteriores, havia uma expectativa em cima de uma boa campanha, como a do ano anterior, em que o time foi para a 2ª fase, onde de fato não foi bem, mas não foi algo de todo ruim. Para 2012, a folha salarial, segundo a diretoria, girava em torno de R$70 mensais, e alguns jogadores rodados foram contratados, com destaque para o atacante Finazzi, com seus quase 40 anos.

Entretanto, a equipe não venceu seus 9 primeiros jogos, e o sinal amarelo já acendia em Jahu. A partir disso, o clube apresentou uma melhora, e em dado momento, Construtor afirmou que a equipe brigaria pela classificação para a 2ª fase, declaração motivada por uma série de 3 vitórias consecutivas, sendo que 2 foram fora de casa (Rio Branco 0 x 1, Osvaldo Cruz 0 x 3, e o XV venceu o Marília em Jaú por 1 x 0), mas a boa série não durou muito, e o sonho da classificação ia se transformando em um pesadelo. Que houve luta, isso houve, mas o clube não resistiu. O rebaixamento só foi consumado na última rodada; o clube precisava torcer contra o Independente de Limeira, o Flamengo de Guarulhos e a Inter de Bebedouro, mas pra equilibrar as coisas, o XV pegaria em casa o já rebaixado Taboão da Serra. O Galo estava melhor no jogo, tanto que virou o 1º tempo em 2 x 0, e seus rivais diretos colaboravam.
É certo que os jogadores ficaram cientes do quadro geral nos vestiários, o que pode explicar a morosidade com que o time entrou em campo, em que sofreu um gol aos 15 minutos, em jogada que o meia do CATS, Nathan, dominou e chutou como quis. Até aí, vá lá, pois o clube ainda vencia e ainda permaneceria na A3, enquanto o Flamengo cairia, mas a tensão passou a tomar conta do Zézinho Magalhães, o que pode explicar a expulsão do volante Eduardo, aos 26. Ainda que houvessem raios de otimismo, eles estavam começando a se apagar, dando espaço às sombras do receio, do descrédito, e da desesperança. Ainda que os resultados estivessem favoráveis (o Flamengo perdia em casa para o Guaçuano por 1 x 0, e a Inter de Bebedouro apanhava de 4 x 0 de sua xará de Limeira no Limeirão), ainda que o adversário fosse um Taboão da Serra longe de seus melhores dias (que até então tinha somado apenas 13 pontos em 19 rodadas), não foram poucos que pensaram que o rebaixamento, algo provável na competição, mas improvável naquele dia, pudesse se concretizar. O jogo ia avançando nessa toada, e passaram-se 10, 20, 30 minutos, e chegados os 45 do segundo, o juiz deu uns 3 minutos de acréscimo, o que era de se esperar em qualquer partida atual. Os que temiam se juntaram aos que confiantes, mas foi só por alguns instantes; em uma bola cruzada, despretensiosamente (se o CATS tinha alguma pretensão nesse jogo, era apenas jogar bola), o atacante Nandinho marcou de cabeça, no meio da zaga aure-verde, que ficou parada, olhando o esférico. No último minuto. De fato, em toda a história do futebol, é difícil imaginar um episódio tão rico em requintes de crueldade para um torcedor como esse. Se analisarmos os números em si, o clube não foi de uma desgraça total; sofreu tantos gols quanto Juventus, Marília (24) e pouco mais que o vice-líder, o Grêmio Osasco (20), mas marcar 17 gols em 19 jogos é demais (ou pouco, se formos olhar friamente).

Nenhum torcedor acreditava que o clube tinha sido rebaixado, e faria companhia a tantos outros que já estiveram no patamar mais alto do futebol estadual e hoje lutam para sobreviver, casos de Matonense, Bandeirante de Birigui e Taquaritinga, só pra ficarmos em 3. A situação que já era crítica na A3, tem tudo para piorar em 2013.  Um reflexo que já pôde ser sentido em 2012 é a desistência da Copa Paulista, o torneio organizado pela FPF para manter em atividade no 2º semestre os clubes que não disputam nenhuma competição nacional. Com essa desistência, restou ao XV o estadual sub-20, em que vai bem, a despeito das duras condições a que está submetido; trabalha com pouquíssimos recursos. O técnico Ciro Rios é voluntário, acumulando várias funções além da de treinador, de roupeiro à fisioterapeuta, e até sua esposa está ajudando, cuidando da alimentação dos garotos, sem contar que outros ex-jogadores do time estão colaborando, seja com algum serviço ou com doações de bens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de limpeza.

Esse é o cenário atual, mas ainda há muito o que se definir. No próximo dia 15, a diretoria do clube irá se reunir para novas eleições, e o atual presidente, José Construtor, já afirmou que não disputará o pleito. Pouco após o final da A3, membros da diretoria colocaram a possibilidade de licenciamento como algo bem palpável. Hoje, a situação é um pouco melhor, e apesar de todos estarem trabalhando para a disputa da B 2013, o pior dos cenários não é algo completamente distante. A única certeza é que caso o XV participe, o time será composto em sua maior parte por atletas vindos da base do clube, o que pode trazer uma série de benefícios; elenco barato, jogadores identificados com a cidade, maior ganho em eventuais negociações, etc.



Isso será o suficiente para encarar a Segunda Divisão Paulista de 2013? Não podemos dizer, pois essa é uma das competições mais difíceis e imprevisíveis do país. Feita essa análise, só nos resta esperar, esperar até o dia 15/11, para que possamos ter alguma ideia de como será o futuro do XV de Jaú.