quinta-feira, 31 de março de 2011

Segunda Divisão Paulista 2011 - Grupo 5 - União Suzano AC


Direto da Cidade das Flores da região Metropolitana de SP, teremos a participação do União Suzano AC. O USAC é a equipe da cidade que a mais tempo compete no Campeonato Paulista, e sempre o fez com poucos recursos, exceto no período em que teve apoio da prefeitura, tanto que abrigou outras modalidades esportivas, como vôlei e futsal. Mas esse apoio não veio do nada, ele só se concretizou devido ao desempenho da equipe, que foi fundada de uma maneira singular. Pelos idos de 1960, um grupo de trabalhadores, estudantes, moradores em geral, jogavam bola num campinho perto da estrada Keida Harada (onde até hoje fica a sede do clube). Nisso, em 69, um empresário viu, resolveu dar apoio, e a brincadeira ficou mais séria, com a equipe ganhando vários títulos amadores, ainda com o nome de Paulista (que por "coincidência", era o nome da fábrica do empresário). Nisso, o clube se profissionaliza em 83, em 89 passa a receber o apoio da prefeitura, mudando o seu nome para o atual.



Em 92, a prefeitura inaugurou um estádio, o Francisco Marques Figueira, o popular Suzanão, com capacidada para cerca de 10,000 pessoas, sendo inaugurado numa partida com a Portuguesa, que acabou vencendo o time da casa por 5 x 1. Mas no ano seguinte, houve uma cisão no USAC, e antigos membros fundam o ECUS (Esporte Clube União Suzano). Um ano depois, o USAC deixa de receber apoio da prefeitura, e quem passa a receber é justamente o ECUS. O USAC continuou competindo mesmo sem apoio, e conseguiu se manter, pelo menos até 2003, quando se licenciou. Voltando em 2006, não fez nenhuma campanha de destaque nesse anos, coisa que a diretoria pretende mudar esse ano.



A prefeitura de Suzano se comprometeu a dar atenção igual para os dois clubes, cedendo meios de transporte, além de academias, para as equipes. Além disso, o USAC firmou uma parceria com a empresa Nicotra, que trouxe um treinador no começo do ano, Paulo Roberto Lilló, que ano passado comandou as categorias de base do Taubaté. Mas Lilló pediu demissão esse mês, e quem assume é Edinho Poá, que comandou o próprio USAC ano passado.



Outro ponto é que 50% dos jogadores do clube são de Suzano e região, isso devido ao trabalho feito nas categorias de base. Os trabalhos começaram em janeiro sob o comando de Lilló, mas Poá ainda terá um mês para dar corpo ao time que pegará na estréia o estrante Manthiqueira de Guaratinguetá, em Suzano.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Segunda Divisão Paulista - Grupo 4 - Osasco FC

Mais uma equipe retornará ao profissionalismo, trata-se do Osasco FC, da cidade de mesmo nome. Fundado em 92, nasceu para não deixar a cidade sem um time, já que pouco antes, o Monte Negro tinha se licenciado. Para reiterar esse objetivo de continuação, o Osasco adotou o mesmo mascote do Monte Negro, a águia, inserindo-a no seu escudo. O Osasco nunca contou com muito apoio, e sempre lutou para continuar competindo ou para retornar a competir.



Desde 2008 o clube não participa de nenhuma competição profissional, o clube esperar repetir o sucesso do Grêmio Osasco, que atualmente briga pelo acesso para a Série A2. Para isso, duas figuras iminentes no time, Armando Borges e Rodolfo Carvalho, que durante os anos 90, dividiram a presidência do time. Não por vontade própria, mas por racha administrativo mesmo, mas isso entra um outro dia na seção de folclor futebolístico. Além disso, Valdir Ferreira e Osmar de Souza, membros da 1ª diretoria do clube, tambémingressarão no projeto. Isso já está abrindo a possibilidade de patrocínios, esperançosos no hambiente administrativo estável. Além do mais, a Segundona começerá durante a fase final da A2, o que impedirá uma competição de atenção com o Grêmio Osasco, além do mais, também não haverá competição pelas datas para se jogar no estádio Prefeito José Liberatti.



Até a estréia, dia 01/05, contra o Elosport em Capão Bonito, muita coisa pode acontecer.

Problemas na Escócia


No último domingo, a Seleção Brasileira venceu a Seleção da Esócia por 2 x 0, com um bom desempenho de Neymar, que inclusive inspirou James Forrest, jogador do Celtic que a pouco subiu para o time principal, e que espera poder fazer o mesmo que o moleque brasileiro, no que descreve como resultado "de muita habilidade e confiança". Desejamos boa sorte para o jovem Forrest. Mas não é sobre ele que vamos falar.



Alguns dias antes desse amistoso, tivemos o Old Firm, o clássico entre os dois maiores times da Escócia; Celtic e Rangers, ambos de Glasgow. Não houve nenhuma (grande) confusão, briga, ou coisa do genêro. O problema ficou dentro do estádio. Enquanto os torcedores do Celtic cantavam músicas em apoio à indepedência da Irlanda do Norte e afins, os do Rangers gritavam que tudo deveria ficar como estar, não sem ofender irlandeses e católicos, o que foi respondido com ofensas aos protestantes, além de exaltações ao IRA (Irish Republic Army, o Exército Republicano Irlandês) por parte de torcedores do Celtic. Mais uma vez ressaltamos algo que entedemos como óbvio, mas que ainda assim dá pano pra manga; não são todos os torcedores dos dois clubes que compartilham desse ideário.









Torcedores do Celtica, e seu alinhamento pró-Irlandês









Após o jogo, houve uma reunião com o presidente da SFA (Scottish Football Association), Stewart Reagan, mais representantes do governo e da polícia escocesa, além de representantes dos dois clubes. Reagan afirmou que "o estádio não é lugar para cantos racist
as, tampouco políticos, ambos são inaceitáveis". Entedemos a atitude do presidente da SFA, pois ela pode acalmar um pouco as coisas, mas está longe de ser o ideal. O estádio é um local de manifestação popular, e o que vemos lá é reflexo da realidade na qual os torcedores estão inseridos. O sectarismo na Escócia não é algo novo, e suas raízes são profundas, envolvendo tanto a questão da Irlanda quanto a relação com a Inglaterra. Mas com certeza punir manifestações políticas como manifestações racistas e sectárias está longe de ser o ideal...





Torcedores do Rangers, que defendem a a união com a Inglaterra













Segunda Divisão Paulista 2011 - Grupo 3 - Independente


Mais uma vez teremos a participação do Independente, da Terra da Laranja Lima, Limeira, no maior, mais difícil e mais charmoso campeonato do estado de São Paulo; a Segunda Divisão. Ano passado, a equipe não foi bem, e ainda por cima viu seu maior rival, a Internacional, subir para a Série A3, que venceu o Independente nos 2 jogos.



O Independente ostenta uma marca rara no interior paulista. Desde 72, quando o clube se profissionalizou, ele só ficou parado em 74, isso porque seu estádio tinha capacidade somente para 2,000 pessoas, e já em 75, graças a mobilização de seus torcedores, a capacidade do estádio Comendador Agostinho Prada subiu para 10,000. Desde então, são 36 anos de atividade ininterrupta, com direito ao título da Série A3 de 73 e da Série B de 99. Antes disso, a equipe que foi fundada em 44, era uma das maiores vencedoras de campeonatos amadores da cidade.



Para esse ano, a diretoria da equipe conseguiu uma parceira que se dispôs a investir pesado no clube. O presidente José Marcelo de Assis fala de R$1 milhão por ano, com um contrato de 5 anos, com possibilidade de renovação para mais 5. Nessa parceria, os investidores arcarão com todos os gastos do clube, mas em contrapartida, está previsto que em futuras negociaões de jogadores, os investidores levarão 95%, e o Independente apenas 5%. A diretoria falou que era isso ou perigar de se licenciar. Mas ao que parece, a parceira realmente quer crescer, tanto que essa planejamento a longo prazo chamou a atenção de Jorge Parraga. Sim, ele mesmo, o treinador do time B que dirigiu a equipe principal do Palmeiras em alguns jogos, saindo da Academia temendo que o Palmeiras B deixasse de existir, o que de fato se falava no Palestra Itália no começo da temporada, mas não aconteceu. Contratado pelo Olímpia, deixou a equipe do estádio Tereza Breda em apenas 14 dias. Bem, hoje ele está no Independente, e junto da diretoria, pretende levar o clube para a A1 de 2015. Nos amistosos de começo de temporada, o Galo da Vila Esteves empatou em 0 x 0 com o Red Bull, perdeu de 3 x 0 para a Itapirense e venceu o Primavera por 2 x 0 na casa do rival, em Indaiatuba.


A estréia do clube será no dia 1º de maio, contra o CAL Bariri, paradoxalmente, no estádio da Inter, o Major José Levy Sobrinho. O Galo está no grupo 3, junto do já citado CAL, mais Brasílis, Guaçuano, Radium, Palmeirinha e do estreante São Judas. Ano passado, em nos seus 6 jogos em casa, vimos uma média de quse 300 torcedores. Se a administração do Independente busca sucesso, ela deve começar a prestar mais atenção com os torcedores, assim estreitando o vínculo do time com a cidade.

terça-feira, 29 de março de 2011

O Golpe de 73 no Chile e a Copa da Alemanha de 74

Na década de 70, a tensão imperava no mundo. Crises econômicas, revoluções, golpes militares, tudo isso no caldeirão da Guerra Fria. Lembrando, a Guerra Fria foi um período no qual o mundo estava dividido entre dois sistemas socio-econômico-políticos; o bloco capitalista e o bloco socialista, encabeçados pelos EUA e pela URSS, respectivamente. Esse período recebeu esse nome pois apesar disso tudo estar acontecendo no mundo, os dois países não entraram nas vias de fato, apenas tentavam ganhar terreno, ou melhor, zonas de influência.



Logo, como o mundo não se afundou numa guerra, a Copa do Mundo continuou a ser disputada. O torneio já estava começando a justificar o nome ao incluir países da África, Ásia e Oceania. Mas como o ambiente no mundo todo estava tenso, não de se esperar que as Copas fugissem à regra. O fato que vamos abordar ocorreu no ano de 73, durante as eliminatórias para a Copa de 74, que seria na Alemanha Ocidental, a capitalista. Sobre as zonas de influência, podemos dizer com toda a certeza que a América Latina cabia aos norte-americanos. Bem, quase toda a América Latina, pois havia a ilha de Cuba, que fez uma revolução bem debaixo do nariz dos EUA, e logo depois, se alinhou a URSS. Os EUA não queriam que isso se repetisse nos outros países, então em comum acordo com as elites latino-americanas, incentivaram golpes militares por toda região, que visavam instaurar ditaduras que impedissem que um movimento popular que acabasse com as elites e com o domínio dos EUA pudesse ocorrer. A maior parte dos países da América Latina passou por isso, e nem precisava muito para que as classes dominantes recoressem ao exército local e aos EUA, era só o seu domínio ser levemente ameaçado.



Não é preciso dizer que a população não gostou muito da idéia, mas as ditaduras sempre tentaram (e ainda tentam) convecer a todos de que tudo está bem, e os esportes são de suma importância para tal. E como a Copa do Mundo era o evento esportivo mais visto no mundo, os governos ditatorias faziam o possível e o impossível para as seleções de seus países irem bem no torneio, pois isso não dava boa impressão só para a população do país, mas para toda a comunidade internacional.



Nesse quadro, estavam ocorrendo as eliminatórias para a Copa. Nessa toada, tinhamos a seleção do Chile, que vinha razoavelmente bem, e tinha bons nomes, como Figueroa, que fez muito sucesso no futebol brasileiro. Bem, a Seleção Chilena acabou indo para a repescagem, onde enfrentaria um time europeu, que veio a ser a URSS. Até aí, tranquilo. Além de Cuba, o Chile era o único país da América Latina que mantinha relações com a URSS, o que enfurecia as elites locais. O governdo do Chile, presidido por Salvador Allende, tinha uma política progressista, não era nada de revolucionário, apenas buscavam uma divisão mais justa da riqueza do país, além de uma política econômica mais autônoma.



Isso foi o suficiente para o país ser alvo da política imperialista dos EUA. Temendo que tal política pudesse gerar um movimento maior, as elites chilenas convocaram o exército, que sob a benção do governo norte-americano, atacaram a sede do governo nacional com aviões e tanques. O presidente Allende foi morto, tentando se defender com rifle AK 47 que lhe foi dado de presente por Fidel Castro. O dia era 11/09/73. Haveria um treino da seleção, que foi cancelado. Muitos jogadores já estavam no local do treino, quando o técnico disse que naquele dia não haveria treino. Muitos jogadores contam que não foram presos naquele dia só porque apresentaram as credencias da Federação Chilena para todos os soldados que os paravam.



Apesar de todo esse ambiente, os militares queriam que o Chile participasse da Copa, e mandaram a seleção para Moscou, não sem antes avisarem os jogadores de caso eles falassem demais ou fugissem, os familiares deles sofreriam punições. Os jogadores já estavam tensos por causa disso, e a tensão só aumentou quando chegaram em Moscou, pois naquele momento eles não eram mais jogadores de um país amigo, eles passaram a ser considerados pelas autoridades soviéticas como possíveis espiões de um país inimigo. Tanto que dois jogadores ficaram quase 3 horas detidos no aeroporto.



O jogo foi bem disputado, como não poderia deixar de ser, pois estava valendo uma vaga para a Copa do Mundo, mas os soviéticos atacaram mais, criando várias chances, mas a seleção chilena contava com a tenacidade de seus defensores e com o auxílio do juíz, que roubou descaradamente a Seleção Soviética. Não, não foram erros, foi roubo mesmo, pois antes do jogo, um dos chefes da delegação chilena conversou com o árbitro, que era um anti-comunista ferrenho, e que afirmou categoricamente que naquele jogo, o time chileno não perderia. Com o 0 x 0 na bagagem, bastava uma vitória em Santiago.



Para o jogo em Santiago, os militares queriam que ele fosse no Nacional. Até aí, tudo certo. Só que o estádio estava sendo usado como prisão, um centro de tortura de prisioneiros políticos. Os dirigentes da Federação tentaram convecer os militares a realizar a partida em outro luga, mais especificamente, no estádio do Everton, em Viña del Mar, longe dos acontecimentos centrais. Mas os militares vetaram essa proposta, alegando que o mundo precisava ver como a situação estava tranquila no país. Nisso, dois delegados da FIFA, um suíço e um brasileiro, foram designados para fazer uma vistoria no estádio. Quando os presos não estavam sendo interregados, as arquibancadas eram usadas para o banho de sol. Os delegados perguntaram para os militares o por quê de tantas pessoas estarem no estádio, e lhes responderam que o estádio era um centro de registro, um lugar para tirar 2ª via de documentos. Acabada a vistoria, os dois delegados deram um voto positivo para o estádio, com direito a um comentário do inspetor brasileiro; “não há nada de errado no Chile. Vocês (os militares) estão ouvindo muitos comentários injustos, nós brasileiros passamos pela mesma coisa, mas hoje, temos o respeito da comunidade internacional”.



Com tudo pronto, agora era só esperar a Seleção Soviética. Mas os soviéticos recusaram. A Federação Soviética enviou um comunicado para a FIFA, que dizia que a Seleção Soviética não iria pro Chile, pois se o fizesse, estariam compactuando com um atentado contra a democracia e a liberdade dos povos, coisa que a FIFA estava fazendo. Ou seja, a seleção da URSS desistia da vaga na Copa do Mundo, e outras seleções ameaçaram fazer o mesmo, mas no final, ficou apenas nos soviéticos. Vale lembrar que a URSS vivia sob um governo autoritário, que em poucas coisas podemos dizer que era de fato socialista, mas vários foram os avanços do governo soviético, como a eliminação do desemprego e segurança para os trabalhadores, bons serviços públicos e políticas igualitárias, mas reiteramos, apesar disso tudo, era um governo ditatorial, mas eles estavam passando por reformas visando uma maior democratização, e o ato do governo, da Federação, e dos jogadores foi notável.



Nisso, a Seleção Chilena entrou no estádio monumental com um objetivo; fazer um gol, sem nenhum adversário em campo. O jogador que fez o gol, afirmou anos depois que foi simplesmente patético, o gol, os jornalistas que lá estavam, os militares que de maneira ufanista exaltaram os jogadores e denegriram os soviéticos. Mas os militares queriam um jogo, e como o Santos estava por lá, resolveram chamar os brasileiros para uma partida. Os jogadores chilenos estavam com um ânimo terrível, e procurando se poupar para a Copa, foram goleados pelo Santos; 5 x 0.



Na Copa, a seleção chilena teve um dos piores desempenhos de sua história, sem vencer sequer um jogo. Tais ditaduras tinham como principal objetivo sufocar as manifestações populares, e o futebol como tal, passou por isso. Os regimes militares sempre usaram as Copas para se promover, lembrando que em 70 Pelé disse que o povo brasileiro ainda não estava preparado para viver num regime democrático e que em 78 o governo militar argentino cometeu uma série de atos no mínimo suspeitos. Sobre o Chile, a ditadura de Pinochet durou até 90, sendo uma das mais cruéis já vistas, se destacando por perseguição à militantes, trabalhadores e comunidades indígenas, já que estas não se inseriam no que os militares entendiam por “chileno”. No âmbito dos clubes, Pinochet perseguiu a Universidad do Chile por ser o clube da universidade que tinha tradição de formar militantes, e o Palestino, por ser um polo cultural não-europeu, além de ter se elevado ao nível de presidente do Colo-Colo, sem o consentimento dos torcedores. Mas apesar disso tudo, os estádios sempre foram (e ainda são) um polo de resistência contra regimes anti-democráticos.

Aí vai um vídeo do "jogo" contra a Seleção Soviética; http://www.youtube.com/watch?v=3PhZY3-30LQ

sexta-feira, 25 de março de 2011

Segunda Divisão Paulista 2011 - Grupo 2 - Olímpia


O Olímpia, uma das equipes mais tradicionais do interior do estado, com 64 anos de vida (05/12/46) disputará a Segunda Divisão Paulista visando o acesso para a A3, de onde saiu ano passado, depois de um traumático rebaixamento. A equipe só não foi pior que o lanterna Bandeirante, conquistando apenas 16 pontos em 19 partidas, marcando 20 gols e sofrendo 45, mais que o dobro. Assim sendo, o Olímpia, que já disputou a Série A1 no começo dos anos 90, vai ter de se superar na Segundona.
Mas o Olímpia tem tradição nas divisões de acesso do estado, tendo vencido a Série A3 por duas vezes (73, 2000 e 2007), mas seu título mais importante, e mais suado, foi o da Série A2 de 90. Naquele ano, o Olímpia tentou se licenciar devido as dívidas e aos altos custos para se manter no profissionalismo. Tal pedido foi negado pela FPF, e dirigentes, torcedores e políticos fizeram um esforço colossal, formando um elenco as pressas. A expectativa era que a equipe não fizesse uma campanha vergonhosa, mas como já dissemo, o time conquistou o título, que lhe deu o direito de competir na Série A1, onde ficou por 3 anos. Vale ressaltar que a última conquista do time, a Série A3 de 2007, foi muito parecida com a de 90, pois a equipe por muito pouco não participa do certame. Além disso, o Olímpia pertence ao seleto grupo de equipes do interior que disputaram um torneio de nível nacional; a Copa João Havelange, em 2000, e por muito pouco não foi para as oitavas de final, onde iria jogar com equipes de 1ª Divisão Nacional (como isso seria possível? Uma equipe que estava na Série A2 jogar com equipes de 1ª Divisão do Futebol Brasileiro? Bem, isso foi a Copa João Havelange, uma das pérolas da CBF)

Para esse ano, a expectativa era alta. Conseguiu-se uma parceria com uma empresa que ajudará o clube na montagem do elenco, entre outras coisas. Muitos começaram a olhar para o time depois do anúncio de que o técnico Jorge Parraga, que comandava o Palmeiras B, e que chegou a dirigir a equipe principal do Palmeiras, iria assumir o time. Mas estranhamente, depois de apenas 14 dias, Parraga pede demissão, alegando que recebeu uma oferta melhor, que o permtiria fazer um planejamento de longo prazo. Assim sendo, a diretoria se mexeu e chamou Rubio Alencar, que era o auxiliar técnico da Portuguesa. A sua primeira partida, um jogo treino contra o Mirassol, que faz bela campanha na Série A1, terminou em 4 x 0 para o time amarelo.

O time esperar poder lotar o estádio Tereza Breda (talvez o único do país que tenha o nome de uma mulher), com capacidade para cerca de 15,000 pessoas, uma boa média, já que a Capital Nacional do Folclore tem cerca de 50,000 habitantes. Mas todos terão de trabalhar muito para melhorar a média de público, que ano passado foi de 266 pagantes em nos jogos em Olímpia. Num grupo com Américo Brasiliense, Barretos, Guariba, Jaboticabal, Matonense e Olé Brasil, apoio da torcida e competência serão mais do que necesários.

Não vai ter...

Esse ano, 2011, não veremos o Campeonato do Nordeste. Esse certame tinha um potencial imenso, pois congregava as maiores forças da região. Mas uma série de fatores inviabilizaram a realização de uma segunda edição. As datas escolhidas ano passado não eram as melhores, pois coincicidam com a 2ª metade do Campeonato Brasileiro, tanto da Série A como da Série B, o que levava muitas equipes a usarem times reservas, o que afasatou os torcedores e os patrocinadores. Mas a idéia não vai seimplestemente morrer. Diretores de clubes e federações estaduais da região conversam com a CBF para a inclusão do torneio no calendário do futebol brasileiro de 2012. O ideal, segundo tais dirigentes, é que o campeonato seja em janeiro, simultaneamente ao de alguns estaduais. Esperaremos pra ver, pois torneios regionais costumam ser legais.

domingo, 20 de março de 2011

Segunda Divisão Paulista 2011 - Grupo 1 - Bandeirante

Esse ano, teremos a presença do glorioso Bandeirante, da não menos gloriosa Birigui , capital do calçado infantil e do biribol. O time foi fundado em 23, mas só foi se profissionalizar em 48, parando em 52, para voltar em 63, com a conquista da antiga 3ª Divisão (que era equivalente a 4ª), o que lhe garantiuo acesso para a 2ª (que por sua vez, era equivalente a 3ª). Mas já em 68, o clube novamente se afasta do profissionalismo, para voltar em 72. O Leão da Noroeste é uma das poucas equipes do estado que participaram de todas as divisões do Campeonato Paulista. O Bandeirante disputou a Série A1 de 87, direito que foi conquistado com o título da Série A2 do ano anterior. Só que o sonho durou apenas um ano, e a partir disso, o clube vagou pela Série A2 e Série A3, com o direiro ao título da Copa do Interior (atual Copa Paulista), só que o Bandeirante foi o único vencedor da copa que não disputou a Copa do Brasil.

As coisas assim ficaram até que ano passado, depois de uma campanha muito ruim (8 pontos ganhos em 19 rodadas) o clube está onde está hoje. Ano passado, o clube sofreu com a falta de apoio financeiro, além do veto do estádio, que fez a equipe mandar 7 jogos fora do estádio Pedro Marin Berbel, que pode abrigar 10,000 torcedores, mas que não recebeu bons públicos em 2010 (a média de público foi de 236).E algumas consequências disso perduram até hoje. Muitos acusam o presidente Celso Aguiar de administrar o time de maneira ditatorial. Por sua vez, o presidente alega que isso não passa de politicagem dos opositores.

Para esse ano, o clube vai tentar arrumar parcerias, e fará algo que infelizmente, deixou de ser comum; peneiras, que tem como objetivo completar o elenco, que ficará sob a batuta de Edson Fumaça, que jogou no time que conquistou o título de 86. Assim sendo, todos em Birigui desejam que essa estádia na Segundona seja breve, muito breve.

Apoio

O governo do estado do Acre vai destinar R$718 mil para os 10 participantes do Campeonato Acreano 2011. Tal projeto visa colocar clubes acreanos nos níveis máximos do futebol brasileiro, coincidindo com a Copa do Mundo, que terá uma cidade da região Norte (Manaus) como palco. Os clubes comemoraram essa iniciativa, pois vale lembrar o desempenho do Náuas na edição da Série D passada, em que teve dificuldades para bancar com questões logísticas, como contas de hotel. Assim sendo, esperamos ver um estadual bem equilibrado, e que o representante do estado possa fazer um bom papel nas competições nacionais.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Quando uma rivalidade é ignorada por uma causa maior


Esse tipo de coisa não é tão incomum no futebol, mas ainda assim, são impactantes. O caso em específico que vamos abordar aconteceu na década de 70, na Espanha, na região do País Basco. Os que acompanham o futebol da região sabem que a equipe de maior sucesso lá é o Athletic Bilbao, o time que só aceita em suas fileiras jogadores que ou nasceram no País Basco ou são descendentes de bascos, como foi o caso do goleiro brasileiro José Vicente Biurrun. Mas o País Basco possui outras equipes de renome, como o Real Unión de Irún, que eliminou o Real Madrid da Copa da Esoanha em 2008 (4 x 3 em Madrid e 3 x 2 em Irún) Deportivo Alavés, que chegou na final da Copa da Uefa de 00/01, perdendo por 5 x 4 pro Liverpool, além é claro do Real Sociedad, que ganhou o Campeonato Espanhol em 2 oportunidades, além de ter disputado pau a pau o título de 02/03 com o galáctico Real Madrid. No País Basco, tendo em vista os maiores sucessos esportivos, a maior rivalidade é entre Athletic Bilbao e Real Sociedad. Rivalidade que foi acirrada quando o Athletic institui a política em relação a jogadores e quando o Real Sociedad adotou o prenome "Real". E continuou tudo assim até 1939, ano em que estorou a Guerra Civil Espanhola, e depois da Guerra, vimos uma ditadura alinhada com o nazi-fascimo, comandada pelo general Franco. Essa ditadura queria "espanificar" o país, ou seja, acabar com as culturas regionais. O uso de qualquer símbolo, ou até mesmo falar qualquer idioma que não fosse o castelhano madrilenho resultaria em prisão, e sabe-se mais o que. E uma pequena mostra disso foi que o Athletic teve de mudar seu nome para "Atletico", e o Real, por sua vez, ia adotar o nome da região em que fica, Donostia, mas esse projeto foi cancelado quando essa política começou. Mas a ordem de fuzilamento contra um presidente do Barcelona foi o incidente mais sério, e que visava mostar que não haveria espaço para manifestações culturais que fugissem do modelo idealizado pela ditadura. A região de Madrid representava tal modelo, e Franco não se cansava de dizer que o Real Madrid era uma das principais bandeiras da "verdadeira" Espanha. Regimes ditatorias sempre tentam "igualizar" a população ignorando diferenças regionais através de um molde, de um ideário.


Mas em 75, Franco morre, e percebe-se que a ditadura já estava mais do que desgastada, e se ela continuasse, poderia acarretar numa rebelião popular, coisa que não era nem um pouco desejada pelos governantes, que assim, começaram um processo de abertura. Mas ainda havia uma norma; a que proibia qualquer manifestação cultural das nacionalidades suprimidas. Se uma pessoa fosse flagrada com qualquer coisa que a ligasse com um tipo de regionalismo, seria presa e sabe-se lá o que mais aconteceria a ela. Isso era evidenciado pelo comando de Arias Navarro no governo, que ficou nesse posto desde que a saúde de Franco piorou, em 74, e lá ficou até 76, ano em que ocorreu o episódio desse texto.

Numa partida entre Athletic Bilbao e Real Socieda, pelo Espanhol de 76, foi emblemática. Todos estavam cansados de ditadura, e de poder se manifestar culturalmente apenas nos estádios. Nisso, os jogadores combinaram algo; entrariam no campo com a bandeira do País Basco. Isso pode não parecer grande coisa, mas era, por uma série de motivos. Como já foi dito, apesar da morte de Franco, alguns decretos não foram anulados, e o que envolvia as outras nacionalidades presentes na Espanha ainda estava em vigor. E como em toda a ditadura, uma profissão que muita prospera é a de militar, pra onde quer que olhe, há algum. E ninguém era poupado. Não era por quê um jogador basco fosse ídolo local que ele escaparia da perseguição. Mas se fossem 22 jogadores e ídolos locais o tratamento provavelmente seria diferente.

Os jogadores conseguiram combinar isso um dia antesdo jogo, e quem ficou com a responsabilidade de confeccionar a bandeira foi Josean de la Hoz Uranda, jogador do Real. Uranda pediu que sua irmã fizesse a bandeira, e assim foi feito. Mas tudo poderia ter ido abaixo, quando os guardas da Polícia Nacional que estavam no estádio pediram para revistá-lo. Por sorte, não viram a bandeira, e conseguiu entrar no estádio com a ajuda de um funcionário. Depois disso, pôde dar a bandeira para os dois capitães poderem entrar no gramado do estádio do Real, o Atocha. O zagueiro do Real, Kortabarria, e o goleiro do Athletic, Iribar, entraram em campo com a Ikurriña (nome da bandeira basca), para o delírio dos 30,000 torcedores, que celebraram juntos, menos o resultado final, que acabou 5 x 0 para o Real. Mas foi uma daquelas partidas em que o resultado pouco importou.
O legado daquele ato permanece. Logo em janeiro de 77, a lei que proibia manifestações culturais que contrariassem o franquismo caiu, e desde então, a rivalidade entre os dois times sempre é esquecida quando o País Basco, que ainda não conquistou sua tão desejada independência da Espanha, entra em questão.

terça-feira, 15 de março de 2011

Segunda Divisão 2011 - Tanabi



Ficamos felizes em anunciar que mais uma equipe que estava licenciada vai voltar ao profissionalismo para disputar a gloriosa Segunda Divisão Paulista, a maior competição do estado. Trata-se do grande Tanabi Esporte Clue, que representa os 24,000 tanabienses, que nos dias de jogo, se reunem no estádio Alberto Victolo, que pode agrupar 11,617 torcedores, e está passando por uma reforma básica especialmente para a participação no torneio.

É um comentário meio desconexo, mas ele se faz necessário, pois cremos que talvez hoje seja o dia de Tanabi aparecer pro mundo. Por quê? Bem, quando fomos pesquisar sobre o time e a cidade, estranhamos quando vimos o seu nome nos TT do twitter. Naturalmente, fomos verificar, e vimos que não se tratava do time, mas de uma notícia envolvendo uma sucuri de 4 metros vagando pelas ruas da cidade.

Seja como for, o Tanabi é uma equipe tradicional no interior, tendo como um de seus maiores feitos ter sido campeã da Série A3 em 57. Detalhe, a equipe, fundada em 48, se profissionalizou apenas em 56. Mas mesmo com o título, a equipe não conseguiu se manter ativa, e teve de pedir água em 58, para voltar só em 64, para se licenciar em 66. Mas o Índio da Noroeste voltou em 73, para viver seu auge. O Tanabi montou equipes fortíssimas na década de 80, e quase subiu para a Série A1 em diversas oportunidades. Pra se ter idéia, numa, o Tanabi esbarrou no Mogi Mirim e no Novorizontino, equipes que brilharam no final dos anos 80 e começo dos 90. Se a década de 90 foi boa para essas equipes, foi péssima para o Tanabi, que a partir de 98, começou a despencar, até chegar a última divisão do futebol paulista, antiga B2, ou 5ª Divisão. Como alento, o time foi campeão paulista sub-20 da 2ª Divisão e ficou com o vice nessa mesam categoria em 2009, ano de su última participação na Segundona. Depois de 1 ano de ausência, o Tanabi voltou.

A equipe caiu no difícil grupo 1, com Votuporanguense, José Bonifácio, Fernandópolis, que ano passado, passaram para a 2ª fase, além de Assisense, que chegou relativamento perto, e do Bandeirante de Birigui, que foi rabaixado na A3 ano passado. Grupo duríssimo para um time que vai retornar esse ano. Para fazer um bom papel, diretoria e prefeitura estão unidos. Para esse ano, trouxeram o treinador Tarcísio Cardoso, e também trouxeram um ídolo da torcida, o ex-goleiro Durval Andreazzi. Além disso, um programa de sócio torcedor está sendo elaborado, com a promessa de um sorteio de um carro zero km na última rodada. Numa competição tão difícil, e num grupo que promete ser muito disputado, planejamento e competência serão necessários, pois não haverá espaço para muitos erros.

domingo, 13 de março de 2011

Sobre hooliganismo e a estrutura econômica do futebol inglês

O que é exatamente hooliganismo? Quem são os hooligans? E o que é ser um hooligan? Não são perguntas frequentes, e também não fáceis de serem respondidas, o que desde já adiantamos; vocês não verão nenhuma resposta revolucionária ou coisa do tipo. Tentaremos esmiuçar o ideário hooligan, seu contexto, a realidade que o rodeia.

Primeiramente, o hooliganismo é um fenômeno tipicamente britânico. Os torcedores da Europa continental geralmente são conhecidos como "ultras", e partem por uma linha totalmente diferentemente. Violência nos estádios britânicos é algo relativamente comum. Desde começos do séc. XX víamos manifestações violentas, mas não era uma situação caótica, longe disso. A partir da década de 20, vemos um aumento da escala de violência, com uma queda no período pós II Guerra Mundial. Nos anos 60, a violência cresceu, atingindo níveis absurdos nos anos 70 e 80.

Pensava-se que os hooligans fossem oriundos da classe operária, e de fato eram, pois o futebol sempre foi uma maneira de entretenimento popular. Mas haviam elementos das classes médias nas fileiras do hooligans também. Os conflitos entre torcedores ocorriam por uma série de fatores, da oposição binária natural do futebol, até rivalidades regionais e conflitos de classe, pois alguns clubes mantinham uma veia operária presente desde sua fundação, enquanto outros eram tipicamente elitistas. Um ponto fundalmental é o forte sentimento regionalista dos hooligans. Sua comunidade é seu castelo (na melhor alusão que conseguimos, mas que ainda é ruim), e qualquer elemento externo não pode passar por ela sem prestar contas. Do outro lado, tinha-se em mente "se fazer lembrar" pelos hooligans locais. Em relação ao moradores "comuns" dessas comunidades, eles possuem muito medo das frequentes brigas e depredações no local, mas louvavam vários trabalhos comunitários que esses torcedores realizavam na comunidade. Outra característica própria dos hooligans é que eles não usam nenhuma peça que os identifique com os clubes, visando dificultar algum tipo de rastreamento pela polícia. Nos anos 70 e 80, os hooligans tinham um visual agressivo, que se não os identificavam como hooligans logo de cara, já traziam desconfiança. Atualmente, eles se vestem de uma maneira casual, o que torna realmente difícil serem identificados.

A classe operária, a partir de meados dos anos 80, passou por um violento processo de exclusão dos estádios. O futebol inglês, procurando se "modernizar", passou por um processo de elitização, visando arrecadar mais dinheiro. Tal projeto estava fundamentado em alguns pontos. Grande parte dos estádios britânicos não eram nem um pouco seguros, pois muitos foram construídos no início do século XX, e como já foi dito, responsabilizava-se os torcedores de classe operária por promoverem a desordem nos estádios. Um dos pricipais pontos desse projeto foi exclusão das arquibancadas, substituindo-as por áreas inteiramente cadeiradas, o que reduziu exponencialmente a capacidade dos estádios. O Ibrox, na Escócia, por exemplo, chegou a abrigar 120,000 pessoas. Hoje sua capacidade está em torno de 55 mil. Não somos de todo contra tais medidas, pois os estádios da região realmente eram muito esculhambados, o que aumentava, e muito, o risco de acidentes. Discodarmos é de algumas coisas que se sucederam a isso, coisas estas que abordaremos mais adiante. Agora, vamos citar alguns fatos infelizes que ocorreram em estádios da região, ou que envolveram torcedores britânicos.

Desastres não eram incomuns nos estádios. Em 71, no estádio dos Glasgow Rangers, o já citado Ibrox, barreiras das escadas cairiam, o que provocou a morte de 66 pessoas, além de 2000 feridos. Este foi um dos incidentes que envolveram insegurança nos estádios, mas houveram outros que esta se somou à violência de torcedores. Em Heysel, na Bélgica, durante a final da Liga dos Campeões de 84/85, entre Liverpool e Juventus, torcedores do Liverpool atacaram os italianos. A má ação dos policiais belgas, que se recusaram a abrir os portões permitindo a fuga dos italianos, além de algumas falhas no projeto do estádio, resultaram em 39 mortos e centenas de feridos. Tal conduta dos torcedores ingleses resultou numa suspensão aplicada pela Uefa, que afastou os clubes do país de competições européias por 5 anos. Em 89, ocorreu aquele que talvez seja o mais marcante no futebol britânico, o Desastre de Hillsborough, que ocorreu numa semi-final da Copa da FA, entre Nottingham Forest e Liverpool, no qual 96 foram vítimas de todos esses fatores.

Os estádios britânicos realmente precisavam de melhorias, mas elitizar os estádios não é a verdadeira solução. Com a criação da atual Premier League, os preços dos ingressos subiu muito, afastando trabalhadores de baixa renda. Hoje, um ingresso fica em torno de 40 libras (R$160,00). Na Inglaterra, o sistema de salário mínimo funciona por um critério de idade. Tabalhadores acima dos 22 anos, recebem em média 1,200 libras por mês, e os abaixo disso ganham 100 libras a menos. Os ingressos à 40 libras são os que sobram, pois a prioridade é para aqueles que podem pagar pelo cartão permanente, que garante ingresso em todos os jogos em casa por 990 libras (R$4 mil) por ano, e a lista de espera para entrar nesse plano é de até 15 anos, e para ficar na lista de espera, é preciso pagar 45 libras (R$180,00). Existem também os sócios torcedores, que em troca de 30 libras (R$120,00) anuais, podem pegar os ingressos que sobrarem daqueles que possuem o cartão permanente. Aquele ingresso de 40 libras é o resto do resto. Pode parecer pouco, mesmo se comparado ao salário mínimo, mas vale lembra que o custo de vida na Inglaterra é muito alto.

Atualmente, o público dos estádios britânicos é composto de pessoas acima dos 35 anos, pessoas com a vida feita, que não estão interessadas em cantar ou fazer coisas do tipo nos estádios, apenas procuram ver o jogo. A situação chega ao cúmulo de seguranças dos estádios pedirem para torcedores que se levantem se sentarem, para não atrapalharem a visão dos demais, além disso, fazer muito barulho é proibido. A tais medidas acrescenta-se um sistema de vigilância extremamente avançado, como não é visto em nenhuma parte do mundo, ao ponto de chegar a ser pertubador. Isso com certeza afasta potenciais hooligans, que marcam brigas em áreas mais afastadas dos estádios, ou seja, tais medidas podem ter coibido a violência nos estádios, mas não acabram com ela, como muitos pregam, apenas a varreram pra debaixo do tapete, ou pros jogos de divisões inferiores, onde a vigilância é menor, assim como o preço do ingressos.

Um ponto muito forte do ideário hooligan é a busca por extremos, extremos que só podem ser alcançados em brigas. Muitos deles possuem uma vida que pode ser considerada comum, uma rotina de vida que envolve família, amizades e emprego, sem mostrar tendências agressivas. Mas é claro que existem exceções. Muitos intelectuais quebram a cabeça com isso, não conseguindo explicar esse fenômeno. Com os avanços nos sistemas de vigilancia, e com o controle quase obssessivo pelo qual os torcedores nos estádios passam, a violência nos estádios caiu drasticamente, e atividades e grupos considerados como hooligans decairam mais de 60%. Porém, esse número traz outro indicativo. Com o processo de elitização do futebol britânico, além de ter ficado caro ir no estádio, também ficou caro ser hooligan. Ingressos, roupas, viagens, tudo isso é caro, o que coloca que atualmente, a maior parte dos hooligans são de classe média pra cima. Geralmente, preferem esse extremo, o das brigas, em relação a outras práticas que colocam o homem em situações extremas, como bangie jumpie ou coisas do genêro, esportes não lá muito acessíveis para os trabalhadores.
Novamente reiteramos; não vamos dar nenhuma resposta para isso, apenas esmiuçamos o panorama e o contexto da situação. É muito difícil concluir algo sobre esse fenômeno pois não podemos o ver ao vivo. E mesmo que estivessemos por lá, não é fácil entrar em contato com um grupo de hooligans. Além disso, como tudo na vida, o hooliganismo é mutável, ele não fica congelado no tempo. Mas podemos concluir uma coisa; o processo de elitização acabou com problemas como a falta de segurança nos estádios, mas por outro lado, ele dificultou o acesso das classe operárias ao time, seja para ir no estádio, seja para comprar uma camisa, por exemplo, além de ter feito do Campeonato Inglês o que nós vemos hoje. Mas isso é conversa para outro momento...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Grupos da Segunda Divisão Paulista 2011

Em abril, começará o maior campeonato do estado de São Paulo; a Segunda Divisão do Paulista. Para esse ano, muitas novidades. Poucas equipes desistiram, muitas retornaram, como o Jaboticabal, e outras podem confirmar presença, como o "novo" Guaratinguetá e o Novorizontino. E outras resolveram participar, como o Cotia e o São Judas, que anteriormente se dedicava apenas ao futebol feminino, e o Manthiqueira, de Guratinguetá. Esperamos uma grande disputa, como a que ocorreu no ano passado.


Grupo 1:
Bandeirante
Votuporanguense
Assisense
Fernandópolis
José Bonifácio
Tanabi
Tupã

Grupo 2:
Américo Brasiliense
Barretos
Guariba
Jaboticabal
Olé Brasil
Olímpia
Matonense

Grupo 3:
Independente
Brasilis
Bariri
Guaçuano
São Judas
Rádium
Palmeirinha

Grupo 4:
Capivariano
Cotia
Desportivo Brasil
Eloesport
Primavera
Osasco
Atibaia
Sumaré

Grupo 5:
Guarulhos
Manthiqueira
Joseense
União Suzano
Primeira Camisa
Jacareí
União Mogi
Suzano

Grupo 6:
Portuguesa Santista
Guarujá
EC São Bernardo
Mauaense
Jabaquara
Nacional
Palestra
São Vicente

Sobre o Caso Bosman

O Caso Bosman, embora seja desconhecido de grande parte das pessoas, é algo de suma importância, pois contribui para o que futebol seja o que é hoje, no âmbito econômico. Então, vamos para o caso. Jean-Marc Bosman era um jogador do Royal Liège. Era um jogador mediano, não chamava a atenção, mas também não prejudicava. Um dia, o contrato dele venceu, e o Liège queria renovar com ele, só que oferecendo um salário 75% menor, o que era permitido pela Federação Belga. Nisso, ele recebeu uma oferta de um time francês de 2ª Divisão, e estava aceitando. Mas o Liège recusou a oferta, alegando desconheçer a fonte de renda do clube francês.

Bosman foi para a Justiça Comum, alegando que o clube estava inflingindo uma norma mundial do trabalho; a liberdade do trabalhador escolher onde quer trabalhar. Com esse argumento, Bosman venceu o caso, e gerou uma situação maior; o fim da Lei do Passe. E partindo desse princípio, a Uefa tinha uma norma que ia contra a plena liberdade de trabalho dos jogadores, e do recrutamento dos clubes; a norma "3+2". Essa norma estabelecia cada clube poderia ter apenas 3 estrangeiros entre os titulares, e outros dois que lá estivessem a pelo menos 5 anos. Com essas duas barreiras quebradas, podemos dizer que o livre-mercado chegou ao futebol. Os atletas poderiam buscar novos clubes caso não estivessem satisfeitos, desde que a rescisão do contrato que este tinha com o clube fosse paga. Em tese, todos sairam beneficiados.

Mas isso implicou em outras coisas. Clubes que se beneficiavam da formação de jogadores para negociá-los com centros maiores foram prejudicados. Na América Latina e África, vemos os fenômenos disso, com os clubes se limitando a exportar jovens jogadores para centros mais ricos. Isso prejudicou os grandes clubes, mas decretou uma sentença de morte para os menores, que se não desapareceram, definham em dívidas, pois essa era a única fonte de renda deles.

A antiga estrutura da relação clube-jogador era quase feudal, com o atleta muitas vezes sendo prejudicado, mas a atual também não é benéfica para os clubes que não possuem um grande capital. E com a abolição da norma "3+2", vemos times como o da Internazionale de Milão, que justificando seu nome, frequentemente escala 11 estrangeiros. Isso prejudica a Seleção Nacional, pois os clubes preferem comprar jogadores a investir em categorias de base, formando jogadores nativos.

Essa é uma questão extremamente complexa, como está ficando o futebol ultimamente, este que deveria ser simples...

terça-feira, 8 de março de 2011

Segunda Divisão 2011 - Capivariano



A Segundona vai começar, e todos os clubes procuram a promoção para a Série A3, além é claro de recursos para continuarem ativos. Esse é o caso do Capivariano, representante da Terra dos Poetas, pois lá nasceram Rodrigues de Abreu, Amadeu Amaral. Além dos já citados poetas, lá foi a cidade de origem da pintora Tarsila do Amaral e do meio campista Alexandre Mariano, que jogou com outro nome, nome este que o projetou no Brasil e no mundo, "Amaral", vulgo "O Coveiro", que jogou em Palmeiras e Corinthians...estranho isso...3 figuras ilustres, sem nenhum parentesco, e um nome em comum...
O clube foi fundado em em 1918, mas só foi se profissionalizar 40 anos depois. Até então, era uma das maiores potencias do futebol amador do interior paulista. Como é quase de lei no interior, o clube se licenciou em 64, voltando ao amadorismo. A profissionalização veio novamente em 76. Os anos 80 representaram o auge do clube, com o título da Série A3 em 84. Apesar do rebaixamento de 87, o time volta logo em 88, com o vice, mas novamente é rebaixado para a A3 em 91, ficando inativo em 92. Mas de lá pra cá, nenhum licenciamento. 19 anos na ativa é um verdadeiro recorde para a realidade das divisões inferiores do futebol paulista. A última campanha de destaque foi em 2002, com o vice-campeonato da antiga Série B2, a 5ª Divisão. Como muitas equipes do interior paulista, a Linha Sorocabana foi de vital importãncia para a cidade e para o time, sendo que o antigo estádio do time, o Fernando de Marco, fica pertinho, pertinho da estação da Sorocabana da cidade. O estádio atual, o Carlos Conalghi, foi inaugurado em 92, no ano em que o clube ficou inativo, mas antecipando as expectativas da cidade sobre seu retorno, com capacidade para 8,000 pessoas. Ano passado, o Capivariano teve uma média de público baixa, aproximadamente 150 pessoas.

Seja como for, o Capivariano busca fazer uma campanha melhor do que a do ano passado, quando conquistou 11 pontos em 14 partidas, com 16 gp e 27 gc. Apesar de ter perdido 3 pontos por punição judicial, ficou muito atrás do 4º colocado, o Primavera de Indaiatuba, que fez 25 pontos. Assim sendo, uma reformulação parcial será feita no clube. "Parcial" porque 8 atletas que se destacaram ano passado voltarão ao elenco. A diretoria está com o pensamento de que particpar não basta, e que uma campanha melhor é obrigação.

Segunda Divisão Paulista 2011



A Segundona vai começar, e vamos ter mais um retorno; o da Associação Desportiva Guarujá, da cidade homônima, a Pérola do Atlântico. O Guarujá sempre militou nas divisões inferiores do futebol paulista, nunca conseguindo ir para a Série A3, por exemplo. O Guarujá sofre de um problema crônico das equipes do litoral; falta de apoio, seja da cidade, seja dos torcedores, que preferem aderir ao clube mais vitorioso da região, o Santos. Por isso, todo um trabalho terá de ser feito para lotar os 8,112 lugares do estádio Antonio Fernandes.
A equipe, fundada em 92, quase sempre participou do Campeonato Paulista, ficando afastada apenas em 2009 e 2010. Mas as melhores participações ficaram nos anos 90, quando logo em 93, conseguiu a promoção para a 5ª Divisão, e em 97 atingiu a fase final dessa mesma competição, ficando com o 3º lugar, posição que naquela ocasião, não lhe garantia o acesso. Sendo confirmada esse ano, a diretoria procurar aquele velho esquema de procurar parcerias e montar um elenco pouco antes da competição, para não ter de pagar 3 meses de sálario por uma relativa inatividade, e um tempo hábil para entrosamento.

A curiosidade em torno do time fica pela escolha de seu mascote. A diretoria pretendia usar o cavalo marinho, que na opinião da única torcida organizada do time, não era um animal muito másculo. Como a cidade fica no litoral, automaticamente pensaram em peixes, mas logo abandonaram a idéia, por motivos um tanto quanto óbvios. Pensaram depois em baleias, mas essa idéia foi abandonada, isso porque os dirigentes do Santos, temerosos do potencial do Guarujá, rapidamente copiaram a idéia, e começaram a colocar baleias-mascotes nos jogos da Vila Belmiro, e a torcida aderiu ao projeto, prestando-se a cantar "peixe" olhando para uma orca (animal que muitos biólogos classificam não como baleia, mas como uma espécie de golfinho, mas esse é um assunto para outra área). Assim sendo, o Guarujá aproveitou o tubarão, que logo foi aclamado como intimidador e viril o suficiente. Seja como for, que o Guarujá possa voltar, e voltar bem, para a maior competição do estado de São Paulo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Re-entrevista

Opre, estivemos longe, muito longe, num lugar sem muitos computadores, e por isso não atualizamos o blog com a já conhecida frequência. Mas hoje estamos aqui, com umas perguntas feitas para uma torcedora, Monique Torquetti, que visam esmiuçar o cotidiano das mulheres nos estádios.

1 - Antes de tudo, obrigado pela gentileza, cordialidade, e paciência, de nos atender. Por quê resolveu entrar numa torcida organizada, e quando o o fez? Houve alguma dificuldade nesse processo?
Bom, eu que agradeço o interesse sobre o assunto, que hoje em dia anda se discutindo muito e cada vez sendo crescente mulheres em torcida organizada. Eu não tenho uma data exata ou um jogo exato de quando entrei em torcida organizada, comecei a freqüentar o Barão (estádio do Xv de Piracicaba) em 2008, e aos poucos fui me apaixonando da torcida, de como 'torcer' de uma maneira diferente, não ficar sentado na arquibancada e observando o jogo, mas sim, pular o jogo todo, demonstrar o amor ao time o jogo todo, com gritos de incentivo, cantando o hino, falando o nome do jogador e tudo mais. A partir disso, o amor pela torcida foi crescendo muito, e quando vi, já estava totalmente envolvida com a torcida, todo jogo estava na 'geral', no meio de todo mundo, observando o jogo ao som da bateria, ao som de gritos e tudo mais. Dificuldade maior, não foi por parte da torcida, foi por parte dos meus pais (que até hoje não entendem), que tem aquele certo preconceito com as organizadas, de que todo mundo é violento, bandido, resumindo, tudo que a maioria das mídias falam contra as organizadas. Por parte da torcida, acho que aceitaram bem, alguns relutaram, ficaram de 'gracinhas', mas ao todo, foi bem tranqüilo.

2 - Com sua vivência no futebol, o que pode dizer sobre a realidade do torcedor, e mais especificamente, das mulheres, nos estádios?

O torcedor ao todo, já sofre bastante preconceito por ser de organizada, e como a maioria sabe, a policia brasileira ao todo, não está preparada para receber grandes públicos, jogos de conflitos, e muitas vezes até em um jogo comum. Eles tratam a gente como se fôssemos marginais, que vamos ao estádio para brigar, não entendem que vamos ao jogo para torcer para o time, incentivar e não buscar briga. As mulheres já são um pouco mais complicado, a maioria dos estádios não está preparada para receber um público feminino; os banheiros normalmente estão imundos, em situação precária, sem o mínimo de higiene, além do fato da ausência de policiais feminina em alguns estádios, para a revista, ou quando tem, é insuficiente, pois o numero de mulheres que freqüentam estádios está aumentando muito, e apenas UMA policial é muito pouco, e acaba não dando conta, e demorando mais para entrar ao estádio.

3 - Você começou a trabalhar num blog, o http://mulherestorcidaorganizada.blogspot.com/. Por quê resolveu fazer um blog? E além desse (e dessas perguntas que está respondendo), faz parte de outros projetos?
A criação do blog, foi mais para demonstrar a realidade de mulheres que frequentam as torcidas organizadas e o descaso nos estádios de futebol. Nós mulheres, sofremos preconceitos por parte de alguns garotos, sobre a nossa verdadeira intenção ao entrar para uma torcida, muitos pensam que vamos atrás de homens, que queremos nos aparecer e/ou não tem amor ao time, não torce de verdade, que está por 'farra'. Esse fato tem melhorado bastante, pois hoje em dia é poucos os torcedores que tem esse pensamento, a maioria nos respeitam, mas todos sabem que tem uma outra 'turista' no estádio que realmente a intenção é procurar homem, tanto é que quando acham, somem do estádio (kkk). O outro projeto que levo, é o blog Loucos pelo Interior (http://loucos-pelointerior.blogspot.com/) juntamente com outros colunistas, que tem como objetivo mostrar os times do interior, seus estádios e suas torcidas e promover esses times, que muitas vezes estão acabando por falta de incentivo.

4 - As mulheres estão ganhando mais espaço no meio futebolístico, como profissionais da mídia, torcedoras, atletas, entre outras funções. Mas infelizmente, ainda existem muitas dificuldades. Você poderia citar algumas? E como lidou com elas?

As dificuldades que temos, foi o que falei em cima, o descaso dos policias, dos estádios, o preconceito que muitas vezes sofremos. Quanto ao ponto da falta de policias, acho que ainda não consegui lidar, pois acho que não depende de mim ou de outra, e sim do ministério público perceber isso e mudar, espero que eles abrem logo os olhos sobre isso, porque muitas vezes é constrangedor chegar ao estádio e quase ser barrada por não ter policial apropriada para te revistar. Em relação aos estádio e seus banheiros, é realmente evitar entrar neles, porque alguns o cheiro é insuportável, as portas não fecham direito; no interior é totalmente precário isso nos estádios, por exemplo, em 3 anos que freqüento o Barão, só fui ao banheiro uma vez, e foi uma vez e nunca, pois realmente é complicado - os grandes estádios da capital paulista (Pacaembu, Morumbi, Palestra) estão mais preparados, os banheiros por exemplo são mais limpos. O preconceito é mais complicado, mas acho que com o tempo aprendi a conviver com isso, por exemplo, ignorar piadas, não ligar para comentários e etc.

5 - O XV é um clube tradicionalissímo, mas que não está em seus melhores dias. Na sua opinião, a que isso se deve?

O Xv está na situação que está hoje, por culpa da incompetência da diretoria anterior, que fez uma péssima administração, que visava a próprio bolso. O que ocorreu também foi parcerias que não deram certo, e acabou com o planejamento que era proposto, e o time foi decaindo, até chegar sair fora da competição nacional (campeonato brasileiro) e chegamos ao nosso 'pior', quando estávamos na terceira divisão paulista.

6 - O canto do "Caxárá de Fórfi" é algo único no futebol brasileiro. Você conhece a origem dele? E como a torcida do XV lida com isso atualmente?

O 'Caxára de Forfi' foi feito por ponte-pretanos, que tinha como objetivo 'zuar' o Xv, dizem que foi cantado pela primeira vez em um jogo de basquete. A torcida quinzista não encarou como zuação e hoje em dia é nosso hino popular. A divergências entre quinzistas sobre gostar do 'hino' e não gostar, por ter sido originalmente uma zuação.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre Futebol Holandês

Quando se fala de futebol holandês, logo se pensa na Seleção Holandesa, no Carrossel Holandês, Laranja Mecânica ou qualquer coisa que o valha, e em vários jogadores, de Cruyf à Robben, só para ficar em dois nomes, mas poucos ligam para o universo clubístico do país, isolando-se apenas no 3 Grandes; Ajax, Feyenoord e PSV, se bem que ultimamente nenhum desses times vive uma boa fase fora de suas fronteiras, e foram um pouco esquecidos.
De todas as pessoas que nós conheçemos, até agora vemos que somos os únicos que gostam do Campeonato Holandês. Sério. Existem muitos motivos para não se gostar, fundamentalmente, o baixo nível técnico, e de ser um campeonato sem graça, pois só 3 times disputam pra valer. Mas esse cenário está mudando. O nível continua baixo, mas os times médios agora conseguem desafiar os grandes. Nas duas últimas temporadas, AZ e Twente foram campeões, e este último está disputando o título desse ano com o PSV. Além disso, o Twente fez um bom papel na Liga dos Campeões, mesmo num grupo com Tottenham, Internazionale e Werder Bremen, ficando em 3º, sendo muito superiores aos alemães de Bremen, mas estando um nível abaixo de ingleses e italianos. Como o 3º vale vaga na Liga Europa, lá foram eles e eliminaram o Rubin Kazan, com direito a um 2 x 0 na Rússia, se bem que na Holanda o jogo foi 2 x 2.
Depois dessa argumentação, vamos a alguns fatos. No futebol holandês não se defende, não importa o quão ruim seja um time; ele sempre atacará, o que possibilita goleadas obscenas, e com times de nível técnico semelhante. Exemplo; Roda x Vitesse. Na casa do primeiro, 4 x 1, e na do segundo 5 x 2. Ultimamente, os mercados mais ricos estão recrutando os melhores jogadores, tornando suas ligas melhores tecnicamente, mas devido a uma diferença monstruosa de capital disponível, o desnível é imenso. Vemos isso no inglês, espanhol, italiano e por aí vaí. Na Holanda, como todos estão com pouco, há um nivelamento, ainda que involutário. Um campeonato com baixo nível tecnico e futebol defensivo é chato. Um campeonato com baixo nível tecnico e futebol ofensivo não é chato. Esse é o charme do futebol holandês. Outro ponto; um defensor só será útil quando souber marcar gols, defender-se é scundário. Vários volantes tem formação de meia-armador, vários laterais de formação de pontas, e os zagueiros, na maioria dos casos, tem formação de zagueiros. Nem tudo é insentazez. Mas os zagueiros também devem saber fazer gols.
Por causa dessa ofensividade muitas vezes suicida, vemos goleadas absurdas, e por causa dessa situação frequente, eles não se levam a sério...pelo menos parte da torcida, pois a Holanda tem sérios problemas de hooliganismo, coisa comum em toda a Europa. Seja como for, o futebol holandês possui uma peculiaridade única; os nomes dos clubes. Muitos tem nomes comuns, mas muitos, muitos mesmo, tem como nome frases. Be Quick (Seja Rápido), Go Ahead (Siga em Frente), ou outras mais complicadas, como AGOVV (Só Praticar em Conjunto nos Leva Mais Longe). Mas pode ficar ainda mais longo, como no caso do NAC de Breda. O NAC é resultado da fusão do NOAD e do ADVENDO, e as o "N" e o "A" representam as duas siglas, então fica algo como "Nunca desista, sempre persevere, Agradável para o seu entrenimento e útil para o relaxamento", o "C" é de combinado, além é claro do nome da cidade, Breda. Simplesmente o maior nome de um time no mundo. Algo que apenas poderia ocorrer na Holanda. É um dos maiores centros do futebol alternativo do mundo...