domingo, 30 de dezembro de 2012

Dr. Robert Todd Locke

Certamente, esse nome é desconhecido para um grande número de pessoas, mas é bem familiar para os que acompanham as divisões de acesso do futebol paulista. Esse é o nome do estádio de um dos mais tradicionais times paulistas, o centenário Jaboticabal Atlético. Desde o dia 30/04/1911 o clube representa a cidade de mesmo nome, e joga no mesmo estádio desde 1912. O espaço carrega o nome do primeiro presidente da equipe, o canadense Robert Todd Locke, um dos moradores de Jaboticabal que tiveram a ideia de fundar um time na cidade.

Localizado na av. Marechal Deodoro, no nº 1116 do Bairro Sorocabano, o estádio serviu como palco para várias partidas ao longo desses 101 anos de vida, nem todos com atividades profissionais, é verdade, mas parar completamente, o Jaboticabal nunca parou, sempre presente em competições amadores quando não possuía recursos para se manter em um cada vez mais caro regime profissional. Ainda que tenha conquistado vários títulos, com destaque para a Série A3 de 90 e a 4ª Divisão, em duas oportunidades (89 e 96), cremos que o melhor momento de sua história foi na Série A2 56, quando por muito pouco, não atingiu o acesso para a elite do futebol paulista

Indo nessa direção, podemos dizer que o último bom momento do time foi a conquista da 4ª Divisão de 96. Não que tudo que tenha se seguido após o título tenha sido desgraças, mas o caminho para que estas ocorressem começava a ser traçado. As dividas trabalhistas começavam a se acumular, e a arrecadação estava diminuindo drasticamente, especialmente com o fim da Lei do Passe. A partir da 2ª metade dos anos 90, e especialmente no início dos anos 2000, os gastos com o futebol profissional aumentaram exponencialmente, e a visibilidade das divisões de acesso decrescia. Os clubes que não estivessem minimamente estruturados, além de estarem com dívidas ao menos contornáveis, estavam fadados a terem um futuro turbulento, e era esse o caso do Jaboticabal.

O clube passou por uma série de más gestões, fenômeno comum à maior parte dos clubes, até mesmo os tidos como grandes, que possuíam dirigentes com uma mentalidade retrógrada ou de competência no mínimo questionável, quando não as duas características juntas, eventualmente somadas à peculiaridades de cada caso. Com essa estrutura administrativa, o clube não estava apto à se adaptar às novas demandas do futebol brasileiro, e a dívida acabou foi se tornando uma bola de neve. Nesse quadro, podemos dizer que um dos golpes mais duros que o Jotão sofreu em sua história ocorreu em 2009, quando o estádio Dr. Robert Todd Locke foi à leilão, para que as dívidas trabalhistas fossem pagas. O empresário Valdecir Garbim desembolsou um valor foi de R$1,380 milhão para adquirir o imóvel, enquanto o presidente do time à época, Gustavo Borsari, afirmou que o campo valia ao menos R$7 milhões, e entrou com uma ação para suspender o leilão. Garbim em momento algum escondeu que não queria um estádio de futebol, havendo apenas 2 opções; ele demoliria o lugar ou venderia para qualquer outra pessoa, partindo da premissa de que a partir do momento que estava à venda, e ele pagou o valor estipulado, poderia-se usufruir do bem adquirido da maneira que lhe fosse mais conveniente, o que é legítimo e nem de longe condenável. Também é legítimo que os profissionais que lá passaram tenham o direito de recorrer a qualquer meio possível para receber o que lhes é devido, e vale salientar que não estamos falando de atletas milionários, mas sim de jogadores que fizeram a carreira nas divisões de acesso, que não costumam se destacar por movimentações de valores altos

Contudo, apontamos que é extremamente questionável colocar à venda um patrimônio histórico de valor (imaterial, diga-se de passagem) inestimável. Será que não era possível o tombamento do estádio? Será que não era possível recorrer a outro expediente para que essa dívida fosse paga? Partindo desse ponto, temos uma consideração à fazer, pois ainda que o clube enquanto instituição e patrimônio imaterial da cidade e de sua população seja penalizado, provavelmente as pessoas responsáveis pelas administrações que contraíram essa dívida não sofrerão nenhuma pena. Não estamos fazendo generalizações, afirmando que todos os dirigentes do clube no período não fossem aptos à assumir os cargos administrativos e esportivos, afinal sabemos que é difícil manter um departamento de futebol profissional em um cenário não lá muito amistoso.

Seja como for, a premissa do leilão foi polêmica, tão polêmica que o negócio foi parar na Justiça, o que deu uma sobrevida ao estádio, e consequente ao Jaboticabal, dada a letargia com que os assuntos legais são tratados no país. Nesse meio tempo, o Jaboticabal continuava a mandar jogos no estádio, mas não conseguia mais realizar campanhas de destaque, e a frequência dos imbróglios só crescia. Em outubro de 2011, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Jaboticabal aprovou o tombamento do estádio, mas ainda faltava a aprovação do prefeito. Depois disso, a situação teve idas e vindas, retificações e suspensões, tanto do leilão quanto do tombamento.

O Jaboticabal continuava a mandar suas partidas lá, mas não conseguiu reeditar as campanhas de outrora, até que na 2ª metade de 2012, de maneira súbita, o estádio começou a ser demolido, para que alguma outra coisa fosse construída. Nas idas e vindas do processo, a demolição do estádio foi suspensa por uma liminar,   contudo, a maior parte do estádio já foi demolida, e as perspectivas de reconstrução são ínfimas.

Voltando ao tema tombamento, esta medida deveria ser aplicada antes da venda do estádio, e de maneira gradual, com um planejamento à longo prazo, pois haviam uma série de implicações. Hoje, após a venda, essas implicações só aumentaram, pois caso a prefeitura tombasse o estádio, a dívida do clube cairia para o poder público, que teria de usar o dinheiro do contribuinte, que deveria ser destinado para serviços como saúde, educação, habitação e etc. A prefeitura afirmou possuir planos para construir um estádio municipal, com padrão FIFA e tudo o mais, mas isso é médio-longo prazo, e os problemas do clube são mais imediatos. Caso opte por participar de qualquer competição em 2013, o mais provável é que o clube tenha de mandar essas partidas em outras cidades, o que trará mais gastos. Ainda que as cidades limítrofes não sejam lá muito distantes (Bebedouro - Km 44, 9 - , Guariba - Km 27, 9 - , Taquaritinga - Km 35, 7 - , Sertãozinho - Km 40, 6 - ), jogar em outro estádio provavelmente não sairá de graça. E caso mande as partidas em outra cidade, isso acarretará uma dificuldade a mais para a torcida, o que pode causar uma série de problemas, indo para a ausência de um ambiente de "time em casa" à queda na renda, e esses dois fatores são crucias.

De fato, a situação é difícil, mas fica a torcida para que o Jaboticabal passe por tudo isso, continuando a dar alegrias para sua torcida e enriquecendo o futebol paulista.

Agora, fugindo do assunto principal (e adotando a 1ª pessoa), desejo a todos boas festas e um ótimo 2013, regado à; saúde, sucesso, prosperidade e tudo o que se tem direito.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Beve Síntesis del Fútbol Boliviano


Dos campeonatos sul-americanos, o Boliviano é o mais desconhecido, o mais relegado e o mais achincalhado. O nível não lá muito alto do futebol local pode colaborar pra isso, mas há fatos e elementos que possuem potencial para atrair os olhares do mundo. Sem mais delongas, vamos abordar algumas das peculiaridades do futebol boliviano.

A maior parte dos países sul-americanos profissionalizaram o futebol até meados da primeira metade do século XX, no máximo. O caso boliviano é bem peculiar. A implantação do profissionalismo se de uma maneira um pouco mais tardia que o restante da América do Sul, pois somente em 50 ele foi implantando, porém somente na AFLP (Asociación de Fútbol de La Paz). A FBF (Federación Boliviana de Fútbol) não era profissional, e somente organizava campeonatos entre as seleções dos departamentos. Logo após o profissionalismo ter sido adotado em La Paz, espalhou-se pelo resto do país; Cochabamba e Oruro o implantaram em 54, Santa Cruz em 65, Chuquisaca em 69, Potosí em 70, Beni em 75 e Tarija somente em 85.   A medida que determinado departamento incorporasse o profissionalismo, dava-se um jeito de incorporar um time ao torneio, que ganhava cada vez mais cara de um Nacional. Contudo, esse período é marcado por fórmulas rocambolescas e sobretudo obscurantismo. Existem  poucas informações sobre o geral (mas em grau suficiente para percebermos alguns nuances particulares dos campeonatos), e quando procuramos detalhes, simplesmente não achamos. Esse problema acaba na década de 70, pois assim como no Brasil, o torneio sofreu uma reformulação, mais especificamente em 77, em que foi instituída a Liga de Fútbol Profesional Boliviano, e o campeonato ficou com um formato mais próximo do atual. Essa implantação tardia (pelo menos em comparação aos demais países da região) do profissionalismo, somado ao pouco poder econômico do país, podem ajudar a explicar o por quê do futebol não ter um nível técnico comparável aos rivais da região, em uma nação em que a paixão pelo esporte é notável.

A nível esportivo, o Boliviano é um dos campeonatos com maior número de campeões, com nada menos que 10 campeões diferentes nos últimos 10 anos The Strongest, Bolívar, da região de La Paz, com 6 conquistas cada, Blooming com 2 títulos, Oriente Petrolero, de Santa Cruz de La Sierra e Jorge Wilstermann de Cochabamba, com 2 taças, Oriente Petrolero de Santa Cruz de La Sierra, San José de Oruro, Real Potosí, Aurora de Cochabamba e Universitário de Sucre, 1 cada. Inegavelmente, os dois grandes dominam o futebol local, mas não é uma dominância tão larga como por exemplo na Sérvia e Escócia.

Somando as conquistas de Strongest e Bolívar, 6 + 6, teremos 12, logo, como então podemos falar dos “últimos 10 anos”? Na maior parte tempo, a Bolívia manteve o formato clássico latino-americano; Apertura e Clausura. As exceções serviram para adequações ao calendário europeu, no caso, 2005 e 2011, os dois, coincidentemente, ficaram com o Bolívar.

Tentamos procurar informações sobre a média de público do campeonato boliviano, mas infelizmente, não pudemos encontrar muita coisa. Contudo, conseguimos ver que os ingressos foram de 40 Bolivianos para a geral, 30 para as curvas e 60 para a preferencial, dependendo do lugar no estádio. Existem exceções, como no clássico Strongest x Bolivar em que a diretoria do primeiro resolveu colocar o preço entre 50 para as curvas, 70 para as retas, 100 pela preferencial e 150 pelos assentos. Levando-se em consideração que o salário mínimo é de 1000 Bs., não aparenta ser dos mais caros.

De fato, estes são dados obscuros para nós, mas estamos falando da Primeira Divisão, logo, ao pensarmos na Segunda, o buraco é mais embaixo. Na Bolívia também há aquele “descaso” com a Segundona, mas cremos que é menor que em outros países, pois somente Oriente Petrolero e The Strongest nunca foram rebaixados. No entanto, é certo que para o restante da América do Sul (e do mundo), as divisões de acesso bolivianas ainda são mais do que obscuras. A Segundona é conhecida oficialmente como Nacional B, e em um passado não muito distante, era chamada de Copa Símon Bolívar, e no momento, encontra-se em recesso, aguardo o início do Hexagonal final, que acabará só em março do ano que vem. Ciclón, Flamengo, Guabirá, Oruro Royal, Real Santa Cruz e Sport Boys brigarão por 2 vagas na elite, uma direta e outra por repescagem, e na nossa opinião Sport Boys e Guabirá brigarão pelo acesso, pelo que mostraram na competição.

Para atingir a 2ª Divisão, o clube tem de ser campeão de sua respectiva Associação Departamental, que equivale à 3ª Divisão, pelo menos em seu escalão mais alto. Explica-se; são 9 os departamentos; Beni, Chuqisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro, Pando, Potosí, Santa Cruz e Tarija, cada uma com um número próprio de clubes e de divisões. Por exemplo, a Liga Cruceña possui 5 Divisões, que possuem de 11 a 12 clubes, sendo que a 5ª tem 27. Um clube só pode galgar a 2ª Divisão a partir do momento que atingir a divisão máxima de seu respectivo departamento, em disputas que se assemelham aos estaduais no Brasil. Sobre os Departamentales, não encontramos muita coisa, mas pelo que vimos, podemos concluir que há uma dificuldade de calendário, pois as equipes que não conquistam o título ficam paradas por um bom tempo. Pensando nisso, a FBF criou a Copa Bolívia, que será composta pelos demais clubes departamentais, e que além de ser um relevante título nacional, valerá para o campeão e vice uma vaga na Nacional B.

A Copa Bolívia 2012 já acabou, e o vencedor foi o Enrique Happ Real Trópico, ou simplesmente Real Trópico, que disputará a Nacional B 2013. Sobre o clube em si, o Enrique Happ é uma escola de formação de jogadores, localizada em Cochabamba, e era uma das maiores referencias no país em formação de atletas. Fundada na década de 70 por um imigrante alemão de mesmo nome, a escola e o clube profissional estavam passando por grandes dificuldades financeiras, o que levou a fusão com a equipe de Trópico, também em Cochabamba.

Indo nessa direção, vemos equipes tradicionais na rua da amargura, caso do Destroyers, clube de Santa Cruz de la Sierra que se notabilizou por projetar atletas, como por exemplo Etchverry, conhecido como El Diablo, e Erwin "Platini" Sanchéz, só pra ficar em 2 nomes, 2 dos maiores jogadores bolivianos da História. Atualmente, a equipe lidera o Departamental de Cochabamba de maneira invicta, com 8 vitórias e 5 empates, marcando 35 e levando 11. Enquanto o Destroyers parece se reencontrar e o Happ ensaia se reestruturar, há exemplos de situações piores, como a do Municipal, que está inativo desde 2010, sem perspectiva de um retorno em um futuro livre. O Municipal é um clube que nos anos 60 chegou a disputar Libertadores, enfrentando dignamente o Santos de Pelé, pelo menos em La Paz, onde o encontro terminou em 3 x 2 para os brasileiros. Já em São Paulo, os santistas venceram por 6 x 1, o que representou o início da discussão sobre a altitude.


Outra peculiaridade do futebol boliviano está na administração das competições; a 1ª Divisão é administrada pela Liga, enquanto a 3ª vai pra Asociación Nacional, modelo que é seguido por países como a Argentina, por exemplo. O atual formato, ainda que em teoria seja bom, ainda não foi amplamente testado, e a Federação não o coloca como definitivo.


Isso não é tudo; há muito o que se falar sobre a seleção nacional, mas deixemos isso para uma outra oportunidade...


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Osvaldo Cruz

Dezembro chegou, e aos que pensaram que esse blog entraria em um recesso de final de ano, cá está uma demonstração de que isso não ocorrerá. Também pudera; ao compararmos 2012 com os anos anteriores, o material posto aqui foi bem mais escasso. Se entrássemos em férias agora, seria no mínimo relaxo. Não que não estivéssemos ocupados (foi exatamente isso o que aconteceu, para que o número de postagens fosse tão reduzido), mas tocamos esse blog como um dever moral, e dar uma parada em dezembro, logo agora que iremos de dispor de tempo, é algo impensável.

Dito isso, vamos aos negócios, falando do último rebaixado da A3, que disputará a grande Segunda Divisão Paulista 2013, o Osvaldo Cruz.

Nome; Osvaldo Cruz Futebol Clube

Fundação; 17/02/2004

Estádio; Breno Ribeiro do Val (capacidade para 15,000 vivalmas)

Cidade; Osvaldo Cruz (30,917 moradores)


O Osvaldo Cruz não é um time velho, mas o futebol na cidade é. Contando com participações no Campeonato Paulista desde a década de 50, primeiro com a Associação Atlética Oswaldo Cruz (cujo auge foram 6 participações seguidas na Segunda Divisão, na década de 50), depois com a Associação Desportiva Osvaldo Cruz (com 12 participações, sendo 10 seguidas, na Terceira Divisão). Depois que a ADOC deixou o profissionalismo em 88, a cidade esperou 16 anos para poder voltar a ter uma equipe que a representasse no Campeonato Paulista. Em apenas 3 anos, a equipe havia atingido a Série A2. Nenhum clube alcançou tanto sucesso em tão pouco tempo. O próximo passo seria atingir a A1, fato que nenhum clube da cidade conquistou. Contudo, a equipe foi rebaixada na A2 de 2007. É certo que esse rebaixamento para a A3 foi dolorido, mas não de todo inesperado. Desde então, vêem oscilando entre a A3 e a A2. Depois de uma A3 tida como decepcionante pela diretoria, o clube ia pra disputa sonhando em superar os tempos passados, que nem eram tão distantes assim.

O planejamento para a A3 2012 começou em finais de novembro, começo de dezembro, (enfim, por aí). Foi firmada uma parceria com uma empresa de gerenciamento esportivo, a R+. Segundo algumas fontes, essa parceira indicou o técnico Play Freitas para o comando técnico. A esperança era a de superar a campanha de 2011, em que o Osvaldo Cruz terminou em 6º lugar em seu grupo (relembrando, a A3 foi disputada por 20 clubes, divididos em dois grupos de 10, seguindo critérios regionais). De fato, a campanha não foi boa, e almejar algo a mais é sempre bom, mas para isso, é necessário se planejar bem, e não foi bem isso que a diretoria fez. Em uma decisão arriscada, a diretoria não manteve nenhum profissional, fossem jogadores ou membros da comissão técnica, para 2012.

Com essa política em mente, o clube disputou uma série de amistosos preparatórios. Ainda em 2011, o Azulão recebeu em seu centro de treinamento duas equipes paranaenses, Londrina e Roma de Apucarana, e nas duas oportunidades sofreu sonoras derrotas (4 x 2 e 4 x 1, respectivamente). Apesar das derrotas, o otimismo ainda estava presente nas bandas do Breno Ribeiro do Val, já que para 2012, as mudanças seriam radicais, o próprio Play Freitas afirmava que o time estava em formação. Ainda em dezembro, começaram as primeiras rusgas entre a diretoria e a empresa parceira, com a diretoria afirmando que a gerenciadora não trouxe os atletas pedidos, e por sua vez, a R+ dizia que tudo estava dentro do planejado, e que a diretoria sequer conversou sobre novas contratações.

Chegado 2012, novos amistosos foram marcados, todos contra adversários paulistas, e com a expectativa de um melhor desempenho, afinal, o elenco estaria em um nível próximo do ideal. O que se viu, entretanto, foi muito diferente, servindo como um anúncio de que o ano seria extremamente difícil. O primeiro adversário foi o Penapolense, recém promovido à A1, que aplicou impiedosos 7 x 3. O outro jogo seria contra o forte Noroeste em Bauru, e o Norusca não decepcionou sua torcida ao vencer por 4 x 0. Por fim, o resultado mais positivo veio contra o Audax; um empate em 1 x 1, em Presidente Prudente (?!?). Afirmou-se que nesse jogo sim o time estaria no nível ideal, mas a impressão deixada nos jogos anteriores era muito forte pra ser simplesmente esquecida.

No meio disso tudo, um problema que foi comum à vários clubes; o estádio. O estádio Breno Ribeiro do Val não foi julgado apto para receber partidas oficiais, mas com algumas reformas pontuais, conseguiu ser liberado, mas foi por muito pouco, tanto que pouco antes da estreia na competição, ante a Inter de Limeira, a possibilidade de mandar o jogo em outro estádio.

Iniciada a competição, a expectativa era de um bom jogo contra um dos favoritos à pelo menos passar de fase. Os 3 x 0 aplicados pelo Leão foram incontestáveis, e o discurso de que as derrotas nos amistosos foram fatos isolados começava a perder força, e os próximos adversários não seriam fáceis. Receber o Capivariano e ir visitar o Juventus, que conquistariam o acesso, seria tarefa ingrata, assim como ser mandante contra o Batatais, que se classificou para a 2ª fase. O adversário mais acessível era o Sertãozinho, que ainda assim, vinha melhor pro certame que o OC, mas nem o mais pessimista dos torcedores poderia prever um começo de competição pior. Além da derrota pra Inter, o clube perdeu todos os outros 4 jogos, com direito a placares elásticos, como o 4 x 2 para o Capivariano e o 5 x 0 do Juventus. Ao todo, foram marcados 2 gols e 15 sofridos.

Com esse desempenho, a relação entre a diretoria e a R+ se tornou insustentável, e a parceira acabou saindo, e logo após, a diretoria decidiu substituir Play Freitas. Após a saída da R+, tudo indicava que o time teria de se manter por conta própria, mas logo após esses eventos um investido se prontificou a entrar no clube; Tuta, que é mais conhecido por ter atuado na Ponte Preta, no grande time dos anos 70, que era uma das maiores forças do Brasil. No comando técnico, quem assumiu foi Nei Silva, que começou bem, com uma surpreendente vitória fora de casa contra a Itapirense (4 x 2), mas depois de um 2 x 2 em casa contra o também rebaixado Taboão da Serra, somadas as derrotas contra o Grêmio Osasco (2 x 0 em Osasco) e um 1 x 0 no Brenão para a Inter de Bebedouro, que também foi rebaixada, foram o limite, e Nei deu lugar à Antônio Lucas. Por ironia do destino, ou por qualquer outra coisa, o time venceu o Flamengo de Guarulhos na casa do rival, por 2 x 0. Parecia ser o começo de uma reação, mas as 3 derrotas seguidas enterraram esse sonho, sobretudo os 5 x 0 que o Rio Branco impôs ao Osvaldo Cruz no Décio Vitta. À essa altura do campeonato, faltavam 3 partidas para o fim do campeonato, e as chances do Osvaldo Cruz permanecer na A3 eram ínfimas, e um novo técnico foi chamado, para ver o que poderia acontecer, afinal seria difícil as coisas ficarem ainda piores. Nem chegou, e seguindo a lógica, não conseguiu fazer muita coisa; foram 3 jogos e 3 derrotas, sendo que a mais pesada foi um 3 x 0 em casa contra o Taubaté. Se formos analisar os jogos em casa, o Osvaldo Cruz foi o pior mandante da A3, pois conquistou apenas uma vitória, um 1 x 0 contra o Independente de Limeira. Esse desempenho medíocre talvez ajude a explicar o pouco público visto no estádio, que não alcançava as 300 pessoas (263 pagantes, para ser mais exato). Não conseguimos encontrar informações sobre promoções ou programas de sócio-torcedor, então se algum torcedor ou simpatizante do Osvaldo Cruz puder nos informar, além de falar sobre o cenário futebolístico na cidade, ficaremos gratos.

Fatalmente, o Osvaldo Cruz foi rebaixado (bem, se não fosse, não estaríamos falando dele aqui e agora), e olhando para os números, fica fácil ter uma noção do por quê; a equipe teve o pior ataque (16 gols anotados) e a pior defesa (41 gols sofridos). Mesmo com um desempenho tão sofrível, e por mais incrível que pareça, o clube não foi o lanterna, pois superou o Taboão da Serra no número de vitórias (4 x 3).

Confirmado o rebaixamento, a hora era de por a cabeça no lugar e ver o que seria feito da vida. O sub-20 estava aí, e a importância dele seria maior que de costume. O clube poderia ganhar uns trocados, mas agora, teria de usar a competição mara montar a base pra 2013, então teria de maneirar nas negociações, para não desmantelar o time e dificultar ainda mais o planejamento. Foi definido que Tuta continuaria (e ao que tudo indica, continuará em 2013) no clube, e o comando técnico do time ficaria com Buião, que chegou a atuar no Palmeiras, no final da década de 80, mas para o Futebol Interiorano, também consideramos a passagem pelo Grêmio Sãocarlense no começo dos anos 2000.

Com esse clima, o Osvaldo Cruz partiria para o sub-20. Dada a participação na A3, as expectativas eram as piores possíveis, mas felizmente para a torcida, não isso o que se viu, longe disso aliás. Todos seus rivais de grupos eram ou times tradicionais no interior paulista (Marília, América), ou estão no grupo de emergentes (Mirassol, Linense), e se fosse pra fazer justiça, teríamos de citar todos. Com um futebol ofensivo, a equipe foi líder de seu grupo, com 24 pontos em 12 jogos, 8 vitórias e 4 derrotas, 22 gols marcados e 17 sofridos. O clube passou pela 2ª fase, e só foi parar nas oitavas-de-final, contra a não menos surpreendente Inter de Bebedouro. Depois de alcançar um bom empate com gols (1 x 1) no Sócrates Stamato, os meninos do Azulão foram surpreendidos e acabaram sendo derrotados em casa por 2 x 1).

No geral, o saldo foi positivo, assim como a noção dos dirigentes de não colocar o peso por uma boa campanha exclusivamente nas costas desses meninos. No momento, Buião continua a frente do time, e conta com o apoio da direção. Depois do final da participação no sub-20, não se ouve mais falar no Osvaldo Cruz, logo, não sabemos de contratações, nem se o Breno Ribeiro do Val recebeu as reformas necessárias para atender as exigências de uma cada vez mais exigente (e em não poucos casos, menos coerente) Federação Paulista. Em breve (pelo menos assim esperamos) mais informações.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Inter de Bebedouro


Dando continuidade à introdução para a Segunda Divisão Paulista de 2013, procuraremos abordar o ano de uma das mais tradicionais agremiações do estado de São Paulo, a Internacional de Bebedouro. Depois de 2 anos na A3, o clube volta para a companhia de outros times de rica história, todos buscando reeditar um passado de glórias cada vez mais distantes, ou ao menos dias razoavelmente melhores. Olhando o 2012 da Inter, o que podemos esperar para 2013?





Nome; Associação Atlética Internacional

Fundação; 11/06/1906

Estádio; Sócrates Stamato (capacidade para 15,300 adeptos)

Títulos; Série Pecuária (56) e Taça Cidade de São Paulo (79)

Cidade; Bebedouro (população de 75,300 habitantes)


Desde que voltou do licenciamento, em 2007, a Internacional de Bebedouro procura crescer, o que é algo perfeitamente natural. Com boas participações na Segundona Paulista, o acesso veio em 2010, de maneira inesperada até. Naquela edição, a Inter terminou na 6ª posição na classificação geral, mas foi beneficiada com a desistência do Atlético Araçatuba e o desaparecimento do Votoraty.

Na A3 de 2011, o clube fez uma campanha muito ruim, salvando-se apenas na última rodada. Não sem razão, a diretoria ficou preocupada, e procurou se planejar melhor, para não ser pega de supetão de novo. No 2º semestre, o clube disputou a Copa Paulista, e de maneira inesperada, chegou na 2ª fase, depois de uma 1ª etapa muito boa, levando-se em consideração a estrutura do time; foram 10 vitórias em 16 jogos, com apenas uma derrota, marcando 27 tentos e concedendo 11. Na 2ª fase, houve uma queda no desempenho e a equipe acabou eliminada, depois de 2 vitórias e 3 derrotas em 6 jogos (7 gols marcados e 8 sofridos), mas era consenso que nessa fase o time não mostrou o potencial visto na etapa anterior.

Assim sendo, o clima era de otimismo em Bebedouro, pois cerca de 90% do elenco que disputou a Copa Paulista estaria no clube em 2012, todos comandados pelo treinador Leston Júnior. Com esse ânimo a equipe começou a se preparar para a A3 já em fins de novembro, com treinos e amistosos preparatórios (por que a nosso ver, jogo treino é uma das maiores inutilidades do futebol atual, assim como o escanteio curto). Já se sabia que a AAI não era uma das equipes com o maior orçamento da A3, o que se por um lado aumentava o feito obtido na Copa Paulista, por outro causava certa preocupação. Estava estabelecido que folha de pagamento giraria em torno de R$40 a R$45 mil mensais, uma das menores da competição, claramente uma aposta no “bom e barato”. Todos esperavam que a equipe tivesse um desempenho suficientemente digno para se manter na A3.

Enquanto as coisas pareciam indo bem na montagem do time e na organização fora de campo, logo no começo de 2012 surgiu um problema, comum em vários clubes paulistas esse ano; estádio. O estádio Sócrates Stamato estava sem condições de receber público, e a diretoria teve de correr para liberá-lo, coisa que só foi acontecer pouco antes do início da competição.

Enquanto procuravam superar esse problema, todos já trabalhavam com o olhar na A3. A comissão técnica já previa que a A3 2012 seria mais difícil que a edição anterior, devido à mudança na forma de disputa (se em 2011 os 20 clubes foram divididos em 2 grupos regionalizados, que jogariam em turno e returno, a desse ano não haveria divisão, sendo um todos-contra-todos em turno único).

Apesar do discurso da diretoria estivesse sendo regado com otimismo, na prática todos sabiam que a briga seria primeiro pela permanência, pra depois tentar beliscar uma vaga para a 2ª fase. Mas logo no começo do campeonato, vimos evidências de que as coisas não seriam fáceis, muito pela já mencionada escassez de recursos.Em sua estreia no certame, a equipe deixou todos que acompanham as divisões de acesso perplexos ao atuar com uma camisa em que estava estampado “Abandono”. A medida foi pensada pelo gestor do time, Orlando da Hora, que encarava que a Inter tinha pouco dinheiro por quê a cidade pouco apoiava o time. E assim foi, com "Abandono" na camisa, até o fim da competição.

Ainda assim, em dado momento, o clube chegou a ensaiar uma briga pela 2ª fase, mas esse ensaio não durou muito tempo. Antes mesmo do início do campeonato, o receio pelo descenso era grande, e o que antes era receio, foi tomando proporções cada vez maiores conforme a competição avançava e as vitórias não vinham. O time entrou na Zona de Rebaixamento apenas na 15ª rodada, e àquela altura, o clube estava a apenas 4 pontos da zona de classificação, mas mesmo tão perto nos números, o futebol apresentado pela equipe o colocava bem longe dela. Era difícil não notar o mau desempenho no Sócrates Stamato, onde obteve apenas 2 vitórias (os outros resultados foram 4 empates e 3 derrotas. Os maus resultados em casa podem ser reflexo do pouco público que atraiu para o estádio, uma média de 331 pagantes por partida. Certamente os jogos de quarta feira às 15 horas tiveram seu peso negativo na construção desse número. Houve uma promoção na partida contra o Juventus, penúltimo do time, teve uma promoção curiosa; os ingressos saiam por R$10 por pessoa, mas para casais, só um pagava. É algo louvável procurar o apoio da torcida, mas fazer isso somente quando o time está mal é algo mais do que questionável. Não vimos nada do gênero para as outras partidas, o que não quer dizer que coisa alguma foi feita, mas que é um indicador de que nada foi feito, isso é. De maneira indireta, essa política para com o torcedor também evidencia algo; a tensão na relação entre torcida e diretoria. Em várias oportunidades os primeiros mostraram descontentamento com os mandatários, que por sua vez, respondiam de maneira pouco cordial, se assim podemos dizer. Que as mostras de descontentamento eram justas todos admitiam, mas os diretores achavam que eram mais acintosas do que o necessário.

Relações não muito boas entre torcida e diretoria, somadas à indefinição financeira (já que o quadro visto na primeira rodada pouco mudou) e ao (mau) desempenho do time em campo colocavam o Lobo estava em uma situação delicadíssima. De fato, o clube só dependia de si mesmo para se manter na A3, e na última rodada, bastava um resultado favorável ante a Inter de Limeira, fora de casa. Tarefa ingrata, é verdade, mas o clube vinha embalado por uma vitória contra o Juventus em Bebedouro, vitória que deu uma sobrevida ao time e o colocava na situação já descrita.

Foi no domingo de Páscoa. O Limeirão vivia um clima de decisão, como a muito não se via, e havia a certeza de das duas Internacionais, a de Limeira era a melhor, e que só restaria ao time de Bebedouro atuar com brio e contar com a sorte. Se houve ou não brio do lado bebedourense, não sabemos, mas era visível que o time não tinha condições de aproveitar qualquer oportunidade que aparecesse. O Leão de Limeira contava com uma equipe mais balanceada (tanto que brigava pela classificação para a 2ª fase), e também contava com o atacante Fernando dos Reis, que até o fim da competição, marcou 14 vezes, sendo o artilheiro do time. Podemos dizer certamente que se Fernando conseguiu marcar sua passagem por Limeira, seu nome também será muito lembrado em Bebedouro. A Inter de Bebedouro acabou goleada por 4 x 0, 3 dos tentos foram marcados pelo já mencionado atleta, e em momento algum esboçou alguma resposta, sendo praticamente um fantasma em campo, e permitindo uma série de piadas infames acerca de Páscoa e Chocolates, que nos abstemos de fazer.

Depois da confirmação do rebaixamento, reinava no Sócrates Stamato um clima de indefinição. Não se sabia, por exemplo, se Orlando da Hora, que praticamente bancou o time na A3, continuaria ou não em Bebedouro, e até aquele momento, também não se sabia o que aconteceria caso ele saísse, se o time se licenciaria novamente ou se partiria para a disputa da Bezinha de maneira autônoma.

Seja como for, enquanto a dúvida pairava sob a cabeça de dirigentes e torcida, a Inter ia bem na outra competição que disputava, o sub-20. Para os times tidos como grandes, que possuem um calendário para o ano inteiro, ver jogos das categorias de base é mais como um passatempo. Porém, para aqueles que resolvem abraçar os times das divisões de acesso, essa competição é extremamente importante, sobretudo para os torcedores dos times da B do Paulista, que só vem a 4ª Divisão e o sub-20 no ano, e esse será o caso da Inter em 2013, mas voltemos (mais uma vez) para 2012. Depois dos torcedores arrancarem cabelos com o time principal, a base deu motivos de alegria, ainda mais pela preparação da equipe, que contou alguns percalços, principalmente o começo tardio, em que a equipe só se reuniu 15 dias antes do pontapé inicial. Os meninos seriam comandados pelo técnico Berzinho, já que Leston Jr. e o restante da comissão técnica foram para o Olímpia, disputar o restante da Série B desse ano.

A equipe foi muito bem, chegando nas quartas de finais, onde só esbarrou no Palmeiras pois o time da Turiassú fez uma campanha melhor ao longo do torneio (1 x 0 para a Inter em Bebedouro e  3 x 2 para o Palmeiras em SP). Também vale destacar para as goleadas de 5 x 2 sobre a Catanduvense e de 4 x 0 sobre o Batatais, essa última à 2 dias do aniversário da Inter (106 anos), em que completou 106 anos de vida. Paralelo à disputa do sub-20, confirmou-se a permanência do gestor Orlando da Hora, mas de todo jeito, independente da definição da continuidade ou não do modelo de investimento vigente hoje, é certo que caso a Inter opte (o que é bem provável) por participar da B 2013, o time base será composto pelo atual sub-20.

Caso isso se concretize, veremos um time entrosado, e que possuirá um grau relativamente alto de identificação com a população local, que não compareceu em muito peso esse ano (repetindo, a média foi de 331 pagantes por jogo). Entretanto, alguns pontos ainda permanecem vagos, ou melhor, basicamente um ponto, que é a base para vários outros; vimos fontes que afirmam que a gestão permanecerá até 2014, mas desde que ela veio, rolam notícias de que ela sai, pra depois voltar com plano ambiciosos. No futebol, ainda mais o brasileiro, a regra é o imediatismo, e o que foi dito agora pode tentar ser "desdito" amanhã.

Então podemos concluir que o cenário da Inter é instável, imprevisível? Quase isso. Creio que pode-se concluir que a possibilidade disso ocorrer existe, e é consideravelmente grande, assim como a possibilidade das coisas ficarem estáveis, pelo menos em um curto-médio prazo. Assim como todas as equipes da competição, a longo prazo, a Inter precisa sair da B com condições de continuar subindo, caso queira se manter viva no profissionalismo, e quanto mais rápido isso acontecer, melhor.

domingo, 11 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Taboão da Serra


O CATS é um clube relativamente novo, sendo fundado em 85, mas só foi se profissionalizar em 2004. Logo em seu ano de estreia, conquistou a saudosa B2 do Paulista. Apesar de jogar profissionalmente a pouco tempo, o CATS possui grande tradição em várias modalidades esportivas, da natação ao futsal.

De fato, os êxitos que a equipe colecionou em 8 anos de profissionalismo são admiráveis, no entanto, sempre que a equipe ameaça alçar voos maiores, acaba caindo para o ponto em que começou, e esse é o caso para 2013. Depois de conquistar a Segunda Divisão em 2010, o clube permaneceu apenas 2 anos na A3, para voltar para a B1. A equipe está novamente na última divisão do estado, e procuraremos abordar o 2012 do Cão Pastor, para ver a quantas anda o Tricolor do José Feres.




Fundação; 12/12/1985

Cidade; Taboão da Serra (244, 719 habitantes)

Estádio; Municipal Vereador José Feres (capacidade para 7,000 viventes)

Títulos; Paulista B2 (2004) e Paulista da Segunda Divisão (2010)


O ano já começou difícil para o Taboão da Serra; na primeira competição oficial de 2012, a Copa São Paulo, a equipe venceu apenas um jogo, contra o CSA, perdendo para São Caetano e Coritiba, com direito a um inapelável 7 x 0 aplicado pelos paranaenses. Isso tudo jogando em casa, pois a cidade era uma das sedes do certame. A diretoria assumiu a responsabilidade do desastre, o que era o mínimo que se poderia esperar.

Nesse clima, o CATS iria para a A3, sem esconder que o objetivo seria manter por lá, à exemplo de 2011, quando na maior parte do tempo, brigou contra o rebaixamento. Com uma folha salarial de aproximadamente R50 mil mensais, uma classificação para a 2ª fase da competição seria um feito digno de nota.

O Taboão nunca contou com investimentos lá muito altos, o que certamente torna seus feitos ainda mais dignos de nota, mas em contrapartida, o coloca como um clássico io-io. Fazendo um exercício de comparação, o adversário do Taboão na final de 2010, o Velo Clube, já está na A2, brigando por vaga na A1, além de realizar bons papéis na Copa Paulista. É claro que a equipe de Rio Claro está inserida em um contexto diferente, mas ao a compararmos com o  Taboão, caímos naquela máxima de que chegar ao topo é mais fácil do que se manter lá. Dos outros promovidos para a A3 de 2011, a Santacruzense também foi pra A2, a Inter de Limeira se mantêm na A3, a Inter de Bebedouro é um dos times que voltou pra B, enquanto o Paulínia se licenciou (aos que estranharam a quantidade de times que subiram, isso ocorreu devido ao licenciamento do Atlético Araçatuba e à “fusão” – isso até hoje gera debate – do Votoraty com o Comercial de Ribeirão Preto, ambos até então na A3).

Assim sendo, olhemos para a A3 2012. O clube teve de começar a participação tardiamente, pois como já dissemos, os investimentos não eram muitos. A direção preferiu acertar as finanças primeiro, para não ter problemas na competição. Até aí, tudo bem, afinal, é algo sensato. Mas a situação estava tão difícil que até o sensato se revelou insuficiente, e essa (necessária) contensão de gastos cobrou seu preço. Se for pra ser rigoroso, não há muito o que se olhar; o clube foi o lanterna da competição, e com apenas 3 vitórias na competição, em momento algum brigou por algo de brilho, aliás, nem a briga pela permanência foi muito boa. O time certamente mostrou tenacidade, mas ela não foi vista em Taboão da Serra, pois o José Feres foi interditado, forçando o CATS jogar da 2ª rodada em diante em outras praças, mais notadamente o Antônio Soares de Oliveira, em Guarulhos, casa do Flamengo e da ADG.

As coisas chegaram em um ponto em que o ponto de maior destaque na campanha da A3 teve lados positivos e negativos, aos extremos. Se a vitória de 4 x 2 contra a Francana em pleno Lanchão dava sinais de que pelo menos a permanência na 3ª Divisão poderia se concretizar, os bastidores dessa vitória mostravam o contrário. Algumas fontes afirmam que houve uma discussão entre o presidente do time, Eduardo Nóbrega, e o técnico do time, Moisés Macedo. Nessa discussão, Macedo foi demitido. Ainda que esse não seja o cenário ideal, é algo que ainda ocorre no futebol brasileiro. Mas o técnico ser demitido no ônibus, no meio da viagem antes de um jogo fora de casa revela no mínimo um destempero da direção, que se é péssimo em qualquer hora, se potencializa antes de uma dura e decisiva partida. Quem comandou a equipe na já referida vitória foi o diretor técnico, Anderson Nóbrega, irmão do presidente. Mesmo com a vitória, afirma-se que houve uma briga entre dois atletas do clube, um sendo oriundo da base, e outro um jogador já experiente.

Bem, vamos confessar que tivemos problemas quanto às fontes. Melhor explicando; algumas fontes apontavam que a direção do CATS tomou uma decisão ainda mais estranha que a demissão de Macedo, no caso, recontratá-lo para guiar o elenco já no próximo compromisso. Contudo, outras fontes afirmam que foi Anderson Nóbrega quem conduziu o escrete taboense até o final do certame. Seja como for, isso evidencia o esculacho com que a competição é tratada e abordada, complicando todo e qualquer veículo que queira cobri-la. Assim sendo, quem quer que tenha essa informação, pedimos que registre nos comentários, pois essa será uma maneira de manter o debate acerca das divisões de acesso, ajudando na manutenção do patrimônio que esses clubes representam.

Dito isso, continuemos. O clube não teve forças para se manter na A3, e acabou caindo com 2 rodadas de antecedência, e o jogo que decretou o rebaixamento foi dramático. O clube dependia de um milagre para se manter, e o jogo que poderia dar uma sobrevida era contra o Juventus, na Javari, o que tornava essa tarefa, no mínimo, ingrata. Mas em campo, o CATS surpreendeu o Juventus de Ferreira e aos 20 do primeiro tempo já tinha feito 2 x 0, e com o Juventus descontando ainda no 1º tempo o Taboão da Serra ia pro vestiário com uma vantagem, que se não era das mais confortáveis, era uma vantagem, situação que o time pouco conheceu na campanha. No início do 2º tempo, o 3º gol do Taboão da Serra dava a impressão de que pelo menos aquela batalha seria vencida, impressão que até os 30 do 2º estava bem firme. A partir daí, o time da Mooca começou uma reação poucas vezes vista no futebol, e em pouco mais de 15 minutos, virou o jogo, e decretou o rebaixamento do CATS, que venhamos e convenhamos, àquela altura era iminente.

Mais uma campanha decepcionante e mais uma vez a diretoria assumiu a responsabilidade pelo descenso, prometendo humildade para aprender com os erros. Nesse cenário, ingressaria no sub-20, pois o clube não disputaria a Copa Paulista, e o resultado não foi nada animador, ocupando o 8º e ultimo lugar do Grupo 4, que justiça seja feita, era um grupo difícil, com São Paulo, Grêmio Barueri, Grêmio Osasco, Guarani, São Bento e Capivariano.

Por esses fatores, não é muito difícil afirmar que 2012 foi um ano difícil para a torcida do Cão Pastor, e já temos indícios de que 2013 já não terá o melhor dos começos para a agremiação. Pela primeira vez nos últimos 7 anos, a cidade de Taboão da Serra não será uma das sedes da Copa São Paulo, e por mais que a diretoria tenha tentado, não conseguiu inscrever o clube na competição. Agora, o Taboão da Serra só voltará à campo de maneira oficial em meados de abril, maio, quando começará a Segunda Divisão Paulista.

Da parte da diretoria, houveram eleições, que embora tenham alterado quadros da direção, representará uma continuidade. Sai Eduardo Nóbrega e entra seu irmão, Anderson, que como já dissemos, comandou o time em uma (ou mais) parte (s) do campeonato. Anderson terá um mandato de 10 anos (?!?!) à frente do Taboão da Serra, e terá alguns desafios pela frente, como conseguir algum lugar para jogar, ou conseguir que a prefeitura faça os ajustes necessários no Feresão, e fazer com o que o clube segure o rojão quando ascender para uma divisão mais alta, caso não queira que o CATS entre nas páginas de times licenciados de um futuro Almanaque do Futebol Paulista. 

domingo, 4 de novembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - XV de Jaú



No post anterior, demos início ao nosso projeto anual de abordar a maior competição do Brasil, a Segunda Divisão Paulista (que equivale ao 4º nível). Esse ano, ela contou com um pouco menos de equipes que nas edições passadas (mais precisamente, 42, e em anos anteriores, víamos mais de 45), e aqueles retornos, licenciamentos e estreias de praxe. Já falamos de uma série de notícias (nessa altura do campeonato, fica difícil separar o que é notícia e o que é boato) sobre clube que podem ingressar ou retornar ao profissionalismo, mas podemos dizer que em relação aos participantes de 2013, os mais certos são os oriundos da A3, no caso, Taboão da Serra, Osvaldo Cruz, Inter de Bebedouro e XV de Jaú.

A competição costuma começar em meados de maio, e até lá é provável que teremos tempo de abordar o 2012 de cada um desses clubes que foram rebaixados, e que esperam que sua estadia na B dure apenas 1 ano. Para começar, abordaremos a mais tradicional dessas 4 agremiações; o Esporte Clube XV de Novembro;


Fundação; 15/11/1924

Cidade; Jaú/para os puristas, Jahu (131,000 habitantes, à 296 km da capital)

Estádio; Zezinho Magalhães (capacidade para 12,000 torcedores)

Títulos; Campeão do Interior (51), Série A2 (51 e 76), Sub-20 (2005), com destaque para as 26 participações na elite do Paulista, ininterruptas de 77 à 93.


O aniversário do XV está chegando, mas tendo em vista os últimos anos, evidentemente não há muito para se comemorar, afinal, terá de lutar, e muito, para sair do último escalão do futebol paulista, lugar que não está lá muito habituado a visitar. Procuraremos abordar alguns elementos que levaram à essa queda do Galo da Comarca.

É sabido que o XV não vive uma situação financeira das mais agradáveis há um tempinho, e 2012 apenas escancarou isso. O clube possui uma grande variedade de dívidas, de impostas a questões trabalhistas, adquiridas com os anos. De 90 pra cá, é fácil dizer que o ponto mais alto do XV foi a participação na elite do Paulista, em 96, com destaque para o acesso na A3 em 2006 e o já referido título do sub-20. Nesse período, o clube ficou a maior parte do tempo na A3 (98 à 2006 e 2008 até 2012), hora brigando para se manter, hora participando sem muito destaque, e tendo uns eventuais brilhos, sendo o acesso o maior deles.

O futebol nas divisões de acesso é raramente lucrativo, quando muito é autossustentável, mas é evidente que o conceito sustentabilidade passou longe das imediações do Zezinho Magalhães. Politicamente, há uns anos o clube conta com apenas uma chapa se candidatando às eleições, chapa essa encabeçada pelo empresário José Construtor, que assumiu o clube em 2008. A principal bandeira da atual diretoria era colocar as finanças do XV em dia, o que é algo louvável. Foi feito todo um trabalho, rastreando toda e qualquer dívida que o clube possuísse, e procurando propor negociações, para que o valor das dívidas pudessem ser diminuídos, ou pelo menos que as maneiras para os pagamentos fossem mais flexíveis (leia-se, dividir o montante em suaves prestações).

A diretoria do clube sempre afirmou que estava conseguindo obter sucesso nesse objetivo, mas nunca escondeu que dinheiro faltava. O 2012 da equipe pode muito bem colocar em xeque a qualidade dessa gestão, mas nós não entraremos nesse mérito, por cremos que na imensa maioria dos casos, descensos são consequências de um longo período de presepadas.

Dito isso, será possível abordar a campanha na A3 desse ano. Tendo em vista as participações anteriores, havia uma expectativa em cima de uma boa campanha, como a do ano anterior, em que o time foi para a 2ª fase, onde de fato não foi bem, mas não foi algo de todo ruim. Para 2012, a folha salarial, segundo a diretoria, girava em torno de R$70 mensais, e alguns jogadores rodados foram contratados, com destaque para o atacante Finazzi, com seus quase 40 anos.

Entretanto, a equipe não venceu seus 9 primeiros jogos, e o sinal amarelo já acendia em Jahu. A partir disso, o clube apresentou uma melhora, e em dado momento, Construtor afirmou que a equipe brigaria pela classificação para a 2ª fase, declaração motivada por uma série de 3 vitórias consecutivas, sendo que 2 foram fora de casa (Rio Branco 0 x 1, Osvaldo Cruz 0 x 3, e o XV venceu o Marília em Jaú por 1 x 0), mas a boa série não durou muito, e o sonho da classificação ia se transformando em um pesadelo. Que houve luta, isso houve, mas o clube não resistiu. O rebaixamento só foi consumado na última rodada; o clube precisava torcer contra o Independente de Limeira, o Flamengo de Guarulhos e a Inter de Bebedouro, mas pra equilibrar as coisas, o XV pegaria em casa o já rebaixado Taboão da Serra. O Galo estava melhor no jogo, tanto que virou o 1º tempo em 2 x 0, e seus rivais diretos colaboravam.
É certo que os jogadores ficaram cientes do quadro geral nos vestiários, o que pode explicar a morosidade com que o time entrou em campo, em que sofreu um gol aos 15 minutos, em jogada que o meia do CATS, Nathan, dominou e chutou como quis. Até aí, vá lá, pois o clube ainda vencia e ainda permaneceria na A3, enquanto o Flamengo cairia, mas a tensão passou a tomar conta do Zézinho Magalhães, o que pode explicar a expulsão do volante Eduardo, aos 26. Ainda que houvessem raios de otimismo, eles estavam começando a se apagar, dando espaço às sombras do receio, do descrédito, e da desesperança. Ainda que os resultados estivessem favoráveis (o Flamengo perdia em casa para o Guaçuano por 1 x 0, e a Inter de Bebedouro apanhava de 4 x 0 de sua xará de Limeira no Limeirão), ainda que o adversário fosse um Taboão da Serra longe de seus melhores dias (que até então tinha somado apenas 13 pontos em 19 rodadas), não foram poucos que pensaram que o rebaixamento, algo provável na competição, mas improvável naquele dia, pudesse se concretizar. O jogo ia avançando nessa toada, e passaram-se 10, 20, 30 minutos, e chegados os 45 do segundo, o juiz deu uns 3 minutos de acréscimo, o que era de se esperar em qualquer partida atual. Os que temiam se juntaram aos que confiantes, mas foi só por alguns instantes; em uma bola cruzada, despretensiosamente (se o CATS tinha alguma pretensão nesse jogo, era apenas jogar bola), o atacante Nandinho marcou de cabeça, no meio da zaga aure-verde, que ficou parada, olhando o esférico. No último minuto. De fato, em toda a história do futebol, é difícil imaginar um episódio tão rico em requintes de crueldade para um torcedor como esse. Se analisarmos os números em si, o clube não foi de uma desgraça total; sofreu tantos gols quanto Juventus, Marília (24) e pouco mais que o vice-líder, o Grêmio Osasco (20), mas marcar 17 gols em 19 jogos é demais (ou pouco, se formos olhar friamente).

Nenhum torcedor acreditava que o clube tinha sido rebaixado, e faria companhia a tantos outros que já estiveram no patamar mais alto do futebol estadual e hoje lutam para sobreviver, casos de Matonense, Bandeirante de Birigui e Taquaritinga, só pra ficarmos em 3. A situação que já era crítica na A3, tem tudo para piorar em 2013.  Um reflexo que já pôde ser sentido em 2012 é a desistência da Copa Paulista, o torneio organizado pela FPF para manter em atividade no 2º semestre os clubes que não disputam nenhuma competição nacional. Com essa desistência, restou ao XV o estadual sub-20, em que vai bem, a despeito das duras condições a que está submetido; trabalha com pouquíssimos recursos. O técnico Ciro Rios é voluntário, acumulando várias funções além da de treinador, de roupeiro à fisioterapeuta, e até sua esposa está ajudando, cuidando da alimentação dos garotos, sem contar que outros ex-jogadores do time estão colaborando, seja com algum serviço ou com doações de bens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de limpeza.

Esse é o cenário atual, mas ainda há muito o que se definir. No próximo dia 15, a diretoria do clube irá se reunir para novas eleições, e o atual presidente, José Construtor, já afirmou que não disputará o pleito. Pouco após o final da A3, membros da diretoria colocaram a possibilidade de licenciamento como algo bem palpável. Hoje, a situação é um pouco melhor, e apesar de todos estarem trabalhando para a disputa da B 2013, o pior dos cenários não é algo completamente distante. A única certeza é que caso o XV participe, o time será composto em sua maior parte por atletas vindos da base do clube, o que pode trazer uma série de benefícios; elenco barato, jogadores identificados com a cidade, maior ganho em eventuais negociações, etc.



Isso será o suficiente para encarar a Segunda Divisão Paulista de 2013? Não podemos dizer, pois essa é uma das competições mais difíceis e imprevisíveis do país. Feita essa análise, só nos resta esperar, esperar até o dia 15/11, para que possamos ter alguma ideia de como será o futuro do XV de Jaú.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Considerações sobre a Segunda Divisão Paulista 2012 e Introdução à Edição 2013

Sem mais procrastinações, cá estamos, para tecermos algumas opiniões e abordar alguns fatos sobre a última e a próxima edição desse querido campeonato. Não falaremos da final, por quê jaz faz tempo que ela ocorreu, e falar dela agora não faria o menor sentido. Assim sendo, parabenizamos Votuporanguense, São Vicente, Novorizontino e Joseense pelo acesso, não sem aprofundar um pouco isso tudo. Que o CAV ensaiava subir à muito tempo, isso é fato, e desde o começo da competição, era apontado como um dos favoritos para tal. Depois de ficar um bom tempo invicto (com direito à uma campanha de 100% na 1ª fase), o clube não oscilou muito, e conquistou o acesso com uma das melhores campanhas já vistas.

Sobre o São Vicente, se o acesso já foi surpreendente, não precisamos falar sobre o que foi chegar na final. Das equipes do Litoral, esperava-se muito da Portuguesa Santista, do Jabaquara, e alguma coisa do Guarujá, e quase nada do São Vicente, e o resultado final está aí; uma equipe que soube se impor dentro do seu estádio, o Mansuetto Pierotti, e que fez o básico fora de casa. Olhando friamente, a campanha não foi brilhante; podemos dizer até mesmo que foi razoável, mas o time subiu, então está bom, certo? Bem, quase; é evidente que a A3 possui um nível técnico superior que o da Série B, e não são poucos que afirmam que a equipe penará em 2013 para se manter por lá.

É certo que a Votuporanguense possui perspectivas melhores que o Alvinegro da Baixada, e o mesmo se aplica ao Novorizontino. No começo do campeonato, a confirmação da participação do Novorizontino levantou uma polêmica; o atual Novorizontino, pelo administrativamente falando, não é o antigo, aquele lá, campeão da Série C, e sobretudo, vice-campeão paulista de 90, na famosa Final Caipira com o Bragantino. Os dois clubes de fato possuem CNPJ's diferentes, e até mesmo nomes (o atual é simplesmente "Grêmio Novorizontino", enquanto o antigo era "Grêmio Esportivo Novorizontino"), mas nós preferimos ir além da frieza administrativa. O atual Novorizontino carrega as mesmas cores, o mesmo padrão nos uniformes, o mesmo hino, e um distintivo com sensíveis diferenças. Pode não ser o mesmo em efeitos legais, mas se falarmos com qualquer torcedor, ele dirá que o "Novorizontino voltou", e no final das contas, é o que importa. Sem mais delongas, todos apontavam o GN como um postulante ao acesso, e até mesmo para o título, mesmo em sua participação de estréia.

Por fim, o Joseense, equipe de São José dos Campos que até o momento não tinha feito nenhuma participação digna de nota, e a nossa expectativa para o 2012 da equipe não fugia muito disso. Contudo, o Tigre fez o possível para nos calar, fazendo uma 1ª fase quase tão boa quanto a da Votuporanguense (CAJ perdeu apenas uma partida nessa fase), o que foi de fato surpreendente. As fases seguintes foram de oscilações, significativas, é verdade, mas não grandes o bastante para afundar a equipe. No final das contas, o Joseense acabou superando seu rival direto na chave, o José Bonifácio. Para a A3, o clube é uma incógnita; é bem organizado, mas não conta com um apoio significativo da cidade. Uma opinião nossa; assim como São Vicente, brigará para se manter na A3 (e falamos isso não sem esperar que novamente o Joseense nos cale).

Agora, que venha a edição 2013, que até o momento, contará com várias estreias, e falemos de algumas delas. Ao que tudo indica, o Pindense, de Pindamonhangaba, saiu do papel, e colocará a cidade no mapa do futebol paulista, coisa que não acontecia desde o distante ano de 1961, na última participação da Ferroviária. Agora quem nunca teve time mesmo é Caieiras, que contará com o Caieiras FC. O máximo que a cidade teve de futebol foram as participações do Força, ligado à Força Sindical, que estava filiado em São Paulo (a sede do time era a central do sindicato), só jogando em Caieiras por falta de opção. Agora, os munícipes terão uma equipe genuinamente caieirense para poderem torcer. Outro clube que pretende ingressar no profissionalismo é o Al Shabab ("Os Moços"), primeiro clube muçulmano do país. O clube é ligado à comunidade muçulmana no Brasil, o que não impedirá que atletas não islâmicos atuem no time. A equipe está filiada na cidade de São Paulo, mas ainda não foi confirmado onde mandará seus jogos.

Como é de se esperar, nessa época (e até mesmo pouco antes da competição começar), vemos muitas especulações sobre clubes que podem retornar à disputa da Segunda Divisão Paulista. Muitos apontam que o retorno do SEV Hortôlandia e do Paulínia estão quase certos, alguns dizem que o Lençoense (primeiro time do goleiro Marcos) vai sair de Bariri, e retornar às origens (o que por tabela decreta o fim do CAL/Bariri). Além disso, há muita especulação em cima de equipes como o Bandeirante de Birigui, e até mesmo com São Bento de Marília, que depois de quase 30 anos inativo (se não nos enganamos, a última participação foi em 86), que pode se aproveitar da draga que o Marília está passando.

A competição promete, e se promete, teremos o que falar. Assim sendo, até mais.

domingo, 21 de outubro de 2012

Usando uma música como referência - Parte 2 - O que é o Dukla?


Assim sendo (e com muito atraso), falemos um pouco do próprio Dukla. Fundado em 48 como ATK (Armádni Telocvný Klub - com direito a acentos circunflexos invertidos no "e" e no "c" - o que em bom português quer dizer Clube de Treinamento Físico do Exército, era natural que estivesse em um patamar muito inferior ao dos grandes de Praga, Slavia e Sparta. Contudo, o crescimento foi rápido, e já na década de 50, o ATK começava a se tornar um dos grandes do país. O ATK adotou o atual nome em 1956, ano da conquista de seu segundo título, o que é algo coerente com a tradição militar do clube. Explica-se; Dukla é o nome de uma região da Eslováquia, e que houve uma batalha entre o exército tchecoslovaco, em parceria com o Exército Vermelho soviético, contra forças nazistas, e a vitória obtida ante os nazistas foi muito importante, daquelas que mudaram o rumo da guerra.

Dadas as devidas explicações históricas, voltemos ao futebol. O período áureo do Dukla foram os anos 50 e 60, quando a equipe do exército dominava o futebol tchecoslovaco, além de fazer boas participações em competições europeias. O clube possui um total de 11 títulos nacionais, sendo que 8 foram conquistados nessas décadas. Os anos 70 não foram tão pródigos, e os 80 começavam a apontar a decadência da equipe, que não conseguiu rivalizar com o rival Sparta (pra ser mais exato, ninguém rivalizou com Sparta na década de 80, pois foram 7 títulos em 10 anos, os 7 consecutivos). Nesse período de 20 anos, o Dukla conseguiu conquistar 3 títulos nacionais e 4 copas, o que não seria pouco, se não fosse pelo fato de se tratar de um gigante.

Certo é que os anos 90 foram de uma tamanha draga que poucas equipes no mundo conseguiram rivalizar. Esse fenômeno ocorreu em todo o Leste Europeu pós-queda do Muro de Berlim. Para os que acompanham o futebol atual, podemos ver que várias equipes são propriedades de empresas (Juventus - Fiat), sociedades anônimas (qualquer um que tenha a sigla SaD), magnatas (Chelsea, Málaga, Manchester City), ou até mesmo quando o clube é o dito acionista majoritário (como na Bundesliga, onde os clubes obrigatoriamente devem deter 51% de suas ações). No Leste Europa até a década de 90, era tendência que algumas equipes fossem mantidas por departamentos e empresas estatais, quando não ministérios. Esse é o caso do Dynamo (time da Polícia) e SKA (Exército, e quando o time fosse da capital, adicionaria-se o "C", de central, passando a ser "CSKA"), por exemplo. Assim sendo, todos os jogadores eram considerados amadores, pois não possuíam registros de atletas, mas de empregados desses departamentos, no setor de desportos. Um dos reflexos dessa política é que no futebol dos Jogos Olímpicos, onde somente atletas amadores podiam ser convocados, víamos Puskas, Boniek, Dasaev, entre outros, o que gerou uma verdadeira hegemonia desses países na competição (só a Hungria possuí 5 medalhas de ouro). Isso explica o por quê do COI (Comitê Olímpico Internacional) estabelecer um limite de idade pro futebol olímpico, nivelando mais a disputa.

Voltando aos anos 90 em si. O capitalismo chegava aos países do Leste Europeu, e com ele vieram empresas estrangeiras, e muitos políticos de então se tornaram magnatas, comprando a preço de banana o antigo patrimônio estatal (caso de Abramovich, por exemplo). E foi nesse cenário que a UEFA criou uma medida que levou pro buraco a maior parte dessas equipes; nenhum clube poderia ter ligação direta com algum órgão estatal. Isso afetou a maioria dos clubes da região, e os que continuam em evidência é por quê conseguiram o apoio de alguma empresa ou magnata. O motivo é bem óbvio; dinheiro. Os jogadores dos clubes do Leste Europeu não ganhavam muito mais que um trabalhador comum, e podemos dizer que os únicos benefícios exclusivos dos atletas eram o acesso a bens de consumo inexistentes em seus países (pois viajavam constantemente e ganhavam pouco mais que um operário), também tinham muito prestígio com os governantes, mas o principal é que os Estados possuíam uma política de bem-estar social, que garantia uma condição de vida satisfatória não só aos atletas que encerrassem a carreira, mas a todo e qualquer cidadão.

A partir da queda dos regimes daqueles países, eles poderiam circular livremente pelo mundo, e os mais visados, em sua imensa maioria, foram ganhar mais nas ligas do ocidente. Embora não tivessem mais a garantia oficial de levar a vida, com o que eles passaram a ganhar só ficariam pobres se fossem muito insensatos. Entretanto, os clubes não tiveram muito o que comemorar. No começo, ainda recebiam o valor do passe do atleta, mas com o advento da Lei Bosman, pouco antes da metade da década de 90 (que estabelecia que todo atleta ao ter encerrado seu contrato de vínculo com um clube estava livre para procurar outro, sem nenhum tipo de ônus ao novo empregador, assim como nenhum níquel para o antigo), os clubes do Leste não tinham mais como segurar seus melhores atletas, fossem profissionais, fossem revelações da base. O maior exemplo dessa queda é o Campeonato Alemão, que de 90 pra cá, teve pouquíssimos representantes da antiga Alemanha Oriental, e atualmente, vemos 4 clubes da região na 2ª Divisão;  Erzgebirge Aue, Dynamo Dresden, Energie Cottbus e Union Berlin. Desses, somente o Energie está brigando pela promoção, enquanto Union e Dynamo brigam do meio pra baixo, e o Aue briga só em baixo mesmo.
Aí está o jovem Nedved

Da parte do Dukla, se separar do Exército foi letal, e um reflexo disso foi o rebaixamento do time para a 3ª Divisão em 93- 94. O clube estava na 1ª, onde venceu apenas uma partida, empatou 8 e perdeu as 21 restantes, o que o levaria a Segundona. Entretanto, a situação financeira do time estava tão periclitante que como já citamos, a equipe foi rebaixada pra 3ª Divisão. O único fato digno de nota do período é que o time revelou Pavel Nedved e só, afinal, nos dois anos que esteve por lá, o Dukla conseguiu um 11º e um 14º no Campeonato Checoslovaco.

A partir disso, ocorreu um fenômeno dos mais confusos do futebol mundial, em que pelo menos 3 equipes apareceram com o mesmo nome (paralelo a isso só em Maringá mesmo). Nesse período, o time foi comprado pelo magnata da hotelaria Bohumír Duricko (mais um acento, agora sobre o "d" e o "c"). Duricko é um dos membros da nova elite do Leste Europeu; funcionários dos antigos governos que enriqueceram a custa do espólio do patrimônio estatal dessas nações. Bohumir trabalhou no Ministério de Comércio Exterior, e pouco depois da Revolução de Veludo (a que decretou o fim da Checoslováquia, sepando República Checa e Eslováquia) foi pego vendendo armas. Seja como for, como a muitos dos magnatas que que surgiram dessa maneira, Duricko resolveu comprar o Dukla, que era tradicional e estava mal das pernas, assim como fez Geogre Becali com o Steua Bucareste, Rinat Akhmetov com o Shaktar Donestk, e alguns anos depois, Roman Abramovich inova ao adquirir uma equipe do oeste, no caso, o Chelsea.

Estádio Julisca, que é bem simpático, diga-se de passagem
O novo dono do time não queria perder tempo, e para que a equipe trata-se de alcançar o mais alto escalão do futebol nacional rapidamente, em 96 o empresário adquiriu o FC Príbam (coloque aquele já citado acento em cima do "r"), time da cidade que leva o mesmo nome e que fica à 60 km à sudoeste de Praga , que naquela altura, estava na 2ª Divisão, no que era o melhor momento da história do clube. Não precisamos dizer que a torcida de Pribam ficou com muita raiva disso, mas foi por pouco tempo. Seja como for, o plano de Duricko funcionou, pois já em 97, o Dukla voltava pra 1ª Divisão. Aos que pensavam que isso poderia ser o sinal de que os tempos mudariam, os meses que seguiram ao acesso trataram de provar que as poderiam ficar de qualquer jeito, menos, é claro, fáceis. Uma pendenga entre a direção do clube e o Exército tcheco impedia o time de usar o estádio Julisca, onde mandava seus jogos desde sua fundação. No final, os militares levaram a melhor, e o Dukla ficava sem estádio, e o que em uma ironia do destino, forçou o clube a voltar para Príbam, e até o nome mudou; de "Dukla Praga" para "Dukla Príbam".

Nesse interim, Duricko viu que não obteve o lucro desejado, e vendeu o time, que passou a se chamar Marila Pribam, nome da empresa que passaria a ter posse do clube. Para a felicidade dos torcedores, a Marila foi-se, o clube permaneceu, finalmente adotando o nome de FK Príbam. Ou seja, pro Príbam as coisas se mantiveram quase as mesmas.

Pouco tempo após isso, um clube pequeno de um distrito de Praga, o Dukla Dejvice, entra no negócio. O Dukla Dejvice militava constantemente nas divisões de acesso, sem conseguir muita coisa além disso, o que era bem estranho, pois o distrito possuía a maior liga amadora do país, e uma das maiores do Leste Europeu, a Liga Hanspaulka (que por si só possui uma boa história, que abordaremos mais tarde). Pois muito bem, o DD pediu para que o Exército permitisse a utilização do Julisca. Nesse caso, os militares permitiram, e o clube foi pra lá. Pensando em homenagear o time que jogou por lá praticamente 50 anos, o clube adotou as cores do Dukla "original", mas por algum capricho do destino, o Dejvice acabou se tornando o Dukla Praga, pois adotou todo o patrimônio histórico do primeiro time, e mais importante, isso foi aceito pelos torcedores. Contudo, apesar de muito pesquisarmos, não encontramos uma informação extremamente importante; em que ano houve a mudança de nome. Provavelmente ela veio com um evento contraditório; como já foi dito, o "novo" time militava nas divisões de acesso, e para subir mais rápido, usou do mesmo expediente que Duricko durante seu mandato; comprou a licença de outro time, o Jakubcovice (desistimos de falar dos acentos). Atualmente, os torcedores conseguiram refundar o Jakubcovice, entretanto, o time está vagando entre a 4ª e a 5ª Divisões (na República Tcheca, apenas as 2 primeiras divisões são nacionais, daí pra baixo temos a 3ª, que é dividida entre Morávia e Silésia, e a 4ª e a 5ª seguem uma regionalização ainda mais fracionada). A atual situação do futebol tcheco não é das mais animadoras financeiramente, e se os clubes médios e grandes sofrem com esse cenário, obviamente os pequenos se darão mal, especialmente nesses tempos de crise. 

Comemoração do título
Bem, voltando ao Dukla, em 2011, o clube adicionou mais um título em sua galeria, não tão glorioso quanto os de outrora, mas nem por isso menos importante; a Segunda Divisão. O Dukla voltava para o lugar onde frequentou por boa parte de sua história, escrita de maneira um tanto quanto confusa e conturbada. Na 1ª Divisão, está lá, no meio (pra baixo) da tabela, e tem uma média de 2,436 pessoas por jogo. De fato deve ser menos que na época dourada do clube (olhamos para fotos antigas e víamos o estádio cheio, o que nos permite deduzir isso), mas é de longe melhor do que os anos no fundo do poço, em que houveram partidas presenciadas por apenas 3 almas. Bem, é isso, ficamos por aqui por enquanto, e pedimos desculpas pela demora em atualizar isso aqui, estávamos meio ocupados, mas agora voltaremos a escrever aqui com frequência. Até lá amigos.