domingo, 30 de dezembro de 2012

Dr. Robert Todd Locke

Certamente, esse nome é desconhecido para um grande número de pessoas, mas é bem familiar para os que acompanham as divisões de acesso do futebol paulista. Esse é o nome do estádio de um dos mais tradicionais times paulistas, o centenário Jaboticabal Atlético. Desde o dia 30/04/1911 o clube representa a cidade de mesmo nome, e joga no mesmo estádio desde 1912. O espaço carrega o nome do primeiro presidente da equipe, o canadense Robert Todd Locke, um dos moradores de Jaboticabal que tiveram a ideia de fundar um time na cidade.

Localizado na av. Marechal Deodoro, no nº 1116 do Bairro Sorocabano, o estádio serviu como palco para várias partidas ao longo desses 101 anos de vida, nem todos com atividades profissionais, é verdade, mas parar completamente, o Jaboticabal nunca parou, sempre presente em competições amadores quando não possuía recursos para se manter em um cada vez mais caro regime profissional. Ainda que tenha conquistado vários títulos, com destaque para a Série A3 de 90 e a 4ª Divisão, em duas oportunidades (89 e 96), cremos que o melhor momento de sua história foi na Série A2 56, quando por muito pouco, não atingiu o acesso para a elite do futebol paulista

Indo nessa direção, podemos dizer que o último bom momento do time foi a conquista da 4ª Divisão de 96. Não que tudo que tenha se seguido após o título tenha sido desgraças, mas o caminho para que estas ocorressem começava a ser traçado. As dividas trabalhistas começavam a se acumular, e a arrecadação estava diminuindo drasticamente, especialmente com o fim da Lei do Passe. A partir da 2ª metade dos anos 90, e especialmente no início dos anos 2000, os gastos com o futebol profissional aumentaram exponencialmente, e a visibilidade das divisões de acesso decrescia. Os clubes que não estivessem minimamente estruturados, além de estarem com dívidas ao menos contornáveis, estavam fadados a terem um futuro turbulento, e era esse o caso do Jaboticabal.

O clube passou por uma série de más gestões, fenômeno comum à maior parte dos clubes, até mesmo os tidos como grandes, que possuíam dirigentes com uma mentalidade retrógrada ou de competência no mínimo questionável, quando não as duas características juntas, eventualmente somadas à peculiaridades de cada caso. Com essa estrutura administrativa, o clube não estava apto à se adaptar às novas demandas do futebol brasileiro, e a dívida acabou foi se tornando uma bola de neve. Nesse quadro, podemos dizer que um dos golpes mais duros que o Jotão sofreu em sua história ocorreu em 2009, quando o estádio Dr. Robert Todd Locke foi à leilão, para que as dívidas trabalhistas fossem pagas. O empresário Valdecir Garbim desembolsou um valor foi de R$1,380 milhão para adquirir o imóvel, enquanto o presidente do time à época, Gustavo Borsari, afirmou que o campo valia ao menos R$7 milhões, e entrou com uma ação para suspender o leilão. Garbim em momento algum escondeu que não queria um estádio de futebol, havendo apenas 2 opções; ele demoliria o lugar ou venderia para qualquer outra pessoa, partindo da premissa de que a partir do momento que estava à venda, e ele pagou o valor estipulado, poderia-se usufruir do bem adquirido da maneira que lhe fosse mais conveniente, o que é legítimo e nem de longe condenável. Também é legítimo que os profissionais que lá passaram tenham o direito de recorrer a qualquer meio possível para receber o que lhes é devido, e vale salientar que não estamos falando de atletas milionários, mas sim de jogadores que fizeram a carreira nas divisões de acesso, que não costumam se destacar por movimentações de valores altos

Contudo, apontamos que é extremamente questionável colocar à venda um patrimônio histórico de valor (imaterial, diga-se de passagem) inestimável. Será que não era possível o tombamento do estádio? Será que não era possível recorrer a outro expediente para que essa dívida fosse paga? Partindo desse ponto, temos uma consideração à fazer, pois ainda que o clube enquanto instituição e patrimônio imaterial da cidade e de sua população seja penalizado, provavelmente as pessoas responsáveis pelas administrações que contraíram essa dívida não sofrerão nenhuma pena. Não estamos fazendo generalizações, afirmando que todos os dirigentes do clube no período não fossem aptos à assumir os cargos administrativos e esportivos, afinal sabemos que é difícil manter um departamento de futebol profissional em um cenário não lá muito amistoso.

Seja como for, a premissa do leilão foi polêmica, tão polêmica que o negócio foi parar na Justiça, o que deu uma sobrevida ao estádio, e consequente ao Jaboticabal, dada a letargia com que os assuntos legais são tratados no país. Nesse meio tempo, o Jaboticabal continuava a mandar jogos no estádio, mas não conseguia mais realizar campanhas de destaque, e a frequência dos imbróglios só crescia. Em outubro de 2011, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Jaboticabal aprovou o tombamento do estádio, mas ainda faltava a aprovação do prefeito. Depois disso, a situação teve idas e vindas, retificações e suspensões, tanto do leilão quanto do tombamento.

O Jaboticabal continuava a mandar suas partidas lá, mas não conseguiu reeditar as campanhas de outrora, até que na 2ª metade de 2012, de maneira súbita, o estádio começou a ser demolido, para que alguma outra coisa fosse construída. Nas idas e vindas do processo, a demolição do estádio foi suspensa por uma liminar,   contudo, a maior parte do estádio já foi demolida, e as perspectivas de reconstrução são ínfimas.

Voltando ao tema tombamento, esta medida deveria ser aplicada antes da venda do estádio, e de maneira gradual, com um planejamento à longo prazo, pois haviam uma série de implicações. Hoje, após a venda, essas implicações só aumentaram, pois caso a prefeitura tombasse o estádio, a dívida do clube cairia para o poder público, que teria de usar o dinheiro do contribuinte, que deveria ser destinado para serviços como saúde, educação, habitação e etc. A prefeitura afirmou possuir planos para construir um estádio municipal, com padrão FIFA e tudo o mais, mas isso é médio-longo prazo, e os problemas do clube são mais imediatos. Caso opte por participar de qualquer competição em 2013, o mais provável é que o clube tenha de mandar essas partidas em outras cidades, o que trará mais gastos. Ainda que as cidades limítrofes não sejam lá muito distantes (Bebedouro - Km 44, 9 - , Guariba - Km 27, 9 - , Taquaritinga - Km 35, 7 - , Sertãozinho - Km 40, 6 - ), jogar em outro estádio provavelmente não sairá de graça. E caso mande as partidas em outra cidade, isso acarretará uma dificuldade a mais para a torcida, o que pode causar uma série de problemas, indo para a ausência de um ambiente de "time em casa" à queda na renda, e esses dois fatores são crucias.

De fato, a situação é difícil, mas fica a torcida para que o Jaboticabal passe por tudo isso, continuando a dar alegrias para sua torcida e enriquecendo o futebol paulista.

Agora, fugindo do assunto principal (e adotando a 1ª pessoa), desejo a todos boas festas e um ótimo 2013, regado à; saúde, sucesso, prosperidade e tudo o que se tem direito.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Beve Síntesis del Fútbol Boliviano


Dos campeonatos sul-americanos, o Boliviano é o mais desconhecido, o mais relegado e o mais achincalhado. O nível não lá muito alto do futebol local pode colaborar pra isso, mas há fatos e elementos que possuem potencial para atrair os olhares do mundo. Sem mais delongas, vamos abordar algumas das peculiaridades do futebol boliviano.

A maior parte dos países sul-americanos profissionalizaram o futebol até meados da primeira metade do século XX, no máximo. O caso boliviano é bem peculiar. A implantação do profissionalismo se de uma maneira um pouco mais tardia que o restante da América do Sul, pois somente em 50 ele foi implantando, porém somente na AFLP (Asociación de Fútbol de La Paz). A FBF (Federación Boliviana de Fútbol) não era profissional, e somente organizava campeonatos entre as seleções dos departamentos. Logo após o profissionalismo ter sido adotado em La Paz, espalhou-se pelo resto do país; Cochabamba e Oruro o implantaram em 54, Santa Cruz em 65, Chuquisaca em 69, Potosí em 70, Beni em 75 e Tarija somente em 85.   A medida que determinado departamento incorporasse o profissionalismo, dava-se um jeito de incorporar um time ao torneio, que ganhava cada vez mais cara de um Nacional. Contudo, esse período é marcado por fórmulas rocambolescas e sobretudo obscurantismo. Existem  poucas informações sobre o geral (mas em grau suficiente para percebermos alguns nuances particulares dos campeonatos), e quando procuramos detalhes, simplesmente não achamos. Esse problema acaba na década de 70, pois assim como no Brasil, o torneio sofreu uma reformulação, mais especificamente em 77, em que foi instituída a Liga de Fútbol Profesional Boliviano, e o campeonato ficou com um formato mais próximo do atual. Essa implantação tardia (pelo menos em comparação aos demais países da região) do profissionalismo, somado ao pouco poder econômico do país, podem ajudar a explicar o por quê do futebol não ter um nível técnico comparável aos rivais da região, em uma nação em que a paixão pelo esporte é notável.

A nível esportivo, o Boliviano é um dos campeonatos com maior número de campeões, com nada menos que 10 campeões diferentes nos últimos 10 anos The Strongest, Bolívar, da região de La Paz, com 6 conquistas cada, Blooming com 2 títulos, Oriente Petrolero, de Santa Cruz de La Sierra e Jorge Wilstermann de Cochabamba, com 2 taças, Oriente Petrolero de Santa Cruz de La Sierra, San José de Oruro, Real Potosí, Aurora de Cochabamba e Universitário de Sucre, 1 cada. Inegavelmente, os dois grandes dominam o futebol local, mas não é uma dominância tão larga como por exemplo na Sérvia e Escócia.

Somando as conquistas de Strongest e Bolívar, 6 + 6, teremos 12, logo, como então podemos falar dos “últimos 10 anos”? Na maior parte tempo, a Bolívia manteve o formato clássico latino-americano; Apertura e Clausura. As exceções serviram para adequações ao calendário europeu, no caso, 2005 e 2011, os dois, coincidentemente, ficaram com o Bolívar.

Tentamos procurar informações sobre a média de público do campeonato boliviano, mas infelizmente, não pudemos encontrar muita coisa. Contudo, conseguimos ver que os ingressos foram de 40 Bolivianos para a geral, 30 para as curvas e 60 para a preferencial, dependendo do lugar no estádio. Existem exceções, como no clássico Strongest x Bolivar em que a diretoria do primeiro resolveu colocar o preço entre 50 para as curvas, 70 para as retas, 100 pela preferencial e 150 pelos assentos. Levando-se em consideração que o salário mínimo é de 1000 Bs., não aparenta ser dos mais caros.

De fato, estes são dados obscuros para nós, mas estamos falando da Primeira Divisão, logo, ao pensarmos na Segunda, o buraco é mais embaixo. Na Bolívia também há aquele “descaso” com a Segundona, mas cremos que é menor que em outros países, pois somente Oriente Petrolero e The Strongest nunca foram rebaixados. No entanto, é certo que para o restante da América do Sul (e do mundo), as divisões de acesso bolivianas ainda são mais do que obscuras. A Segundona é conhecida oficialmente como Nacional B, e em um passado não muito distante, era chamada de Copa Símon Bolívar, e no momento, encontra-se em recesso, aguardo o início do Hexagonal final, que acabará só em março do ano que vem. Ciclón, Flamengo, Guabirá, Oruro Royal, Real Santa Cruz e Sport Boys brigarão por 2 vagas na elite, uma direta e outra por repescagem, e na nossa opinião Sport Boys e Guabirá brigarão pelo acesso, pelo que mostraram na competição.

Para atingir a 2ª Divisão, o clube tem de ser campeão de sua respectiva Associação Departamental, que equivale à 3ª Divisão, pelo menos em seu escalão mais alto. Explica-se; são 9 os departamentos; Beni, Chuqisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro, Pando, Potosí, Santa Cruz e Tarija, cada uma com um número próprio de clubes e de divisões. Por exemplo, a Liga Cruceña possui 5 Divisões, que possuem de 11 a 12 clubes, sendo que a 5ª tem 27. Um clube só pode galgar a 2ª Divisão a partir do momento que atingir a divisão máxima de seu respectivo departamento, em disputas que se assemelham aos estaduais no Brasil. Sobre os Departamentales, não encontramos muita coisa, mas pelo que vimos, podemos concluir que há uma dificuldade de calendário, pois as equipes que não conquistam o título ficam paradas por um bom tempo. Pensando nisso, a FBF criou a Copa Bolívia, que será composta pelos demais clubes departamentais, e que além de ser um relevante título nacional, valerá para o campeão e vice uma vaga na Nacional B.

A Copa Bolívia 2012 já acabou, e o vencedor foi o Enrique Happ Real Trópico, ou simplesmente Real Trópico, que disputará a Nacional B 2013. Sobre o clube em si, o Enrique Happ é uma escola de formação de jogadores, localizada em Cochabamba, e era uma das maiores referencias no país em formação de atletas. Fundada na década de 70 por um imigrante alemão de mesmo nome, a escola e o clube profissional estavam passando por grandes dificuldades financeiras, o que levou a fusão com a equipe de Trópico, também em Cochabamba.

Indo nessa direção, vemos equipes tradicionais na rua da amargura, caso do Destroyers, clube de Santa Cruz de la Sierra que se notabilizou por projetar atletas, como por exemplo Etchverry, conhecido como El Diablo, e Erwin "Platini" Sanchéz, só pra ficar em 2 nomes, 2 dos maiores jogadores bolivianos da História. Atualmente, a equipe lidera o Departamental de Cochabamba de maneira invicta, com 8 vitórias e 5 empates, marcando 35 e levando 11. Enquanto o Destroyers parece se reencontrar e o Happ ensaia se reestruturar, há exemplos de situações piores, como a do Municipal, que está inativo desde 2010, sem perspectiva de um retorno em um futuro livre. O Municipal é um clube que nos anos 60 chegou a disputar Libertadores, enfrentando dignamente o Santos de Pelé, pelo menos em La Paz, onde o encontro terminou em 3 x 2 para os brasileiros. Já em São Paulo, os santistas venceram por 6 x 1, o que representou o início da discussão sobre a altitude.


Outra peculiaridade do futebol boliviano está na administração das competições; a 1ª Divisão é administrada pela Liga, enquanto a 3ª vai pra Asociación Nacional, modelo que é seguido por países como a Argentina, por exemplo. O atual formato, ainda que em teoria seja bom, ainda não foi amplamente testado, e a Federação não o coloca como definitivo.


Isso não é tudo; há muito o que se falar sobre a seleção nacional, mas deixemos isso para uma outra oportunidade...


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Segunda Divisão Paulista 2013 - Osvaldo Cruz

Dezembro chegou, e aos que pensaram que esse blog entraria em um recesso de final de ano, cá está uma demonstração de que isso não ocorrerá. Também pudera; ao compararmos 2012 com os anos anteriores, o material posto aqui foi bem mais escasso. Se entrássemos em férias agora, seria no mínimo relaxo. Não que não estivéssemos ocupados (foi exatamente isso o que aconteceu, para que o número de postagens fosse tão reduzido), mas tocamos esse blog como um dever moral, e dar uma parada em dezembro, logo agora que iremos de dispor de tempo, é algo impensável.

Dito isso, vamos aos negócios, falando do último rebaixado da A3, que disputará a grande Segunda Divisão Paulista 2013, o Osvaldo Cruz.

Nome; Osvaldo Cruz Futebol Clube

Fundação; 17/02/2004

Estádio; Breno Ribeiro do Val (capacidade para 15,000 vivalmas)

Cidade; Osvaldo Cruz (30,917 moradores)


O Osvaldo Cruz não é um time velho, mas o futebol na cidade é. Contando com participações no Campeonato Paulista desde a década de 50, primeiro com a Associação Atlética Oswaldo Cruz (cujo auge foram 6 participações seguidas na Segunda Divisão, na década de 50), depois com a Associação Desportiva Osvaldo Cruz (com 12 participações, sendo 10 seguidas, na Terceira Divisão). Depois que a ADOC deixou o profissionalismo em 88, a cidade esperou 16 anos para poder voltar a ter uma equipe que a representasse no Campeonato Paulista. Em apenas 3 anos, a equipe havia atingido a Série A2. Nenhum clube alcançou tanto sucesso em tão pouco tempo. O próximo passo seria atingir a A1, fato que nenhum clube da cidade conquistou. Contudo, a equipe foi rebaixada na A2 de 2007. É certo que esse rebaixamento para a A3 foi dolorido, mas não de todo inesperado. Desde então, vêem oscilando entre a A3 e a A2. Depois de uma A3 tida como decepcionante pela diretoria, o clube ia pra disputa sonhando em superar os tempos passados, que nem eram tão distantes assim.

O planejamento para a A3 2012 começou em finais de novembro, começo de dezembro, (enfim, por aí). Foi firmada uma parceria com uma empresa de gerenciamento esportivo, a R+. Segundo algumas fontes, essa parceira indicou o técnico Play Freitas para o comando técnico. A esperança era a de superar a campanha de 2011, em que o Osvaldo Cruz terminou em 6º lugar em seu grupo (relembrando, a A3 foi disputada por 20 clubes, divididos em dois grupos de 10, seguindo critérios regionais). De fato, a campanha não foi boa, e almejar algo a mais é sempre bom, mas para isso, é necessário se planejar bem, e não foi bem isso que a diretoria fez. Em uma decisão arriscada, a diretoria não manteve nenhum profissional, fossem jogadores ou membros da comissão técnica, para 2012.

Com essa política em mente, o clube disputou uma série de amistosos preparatórios. Ainda em 2011, o Azulão recebeu em seu centro de treinamento duas equipes paranaenses, Londrina e Roma de Apucarana, e nas duas oportunidades sofreu sonoras derrotas (4 x 2 e 4 x 1, respectivamente). Apesar das derrotas, o otimismo ainda estava presente nas bandas do Breno Ribeiro do Val, já que para 2012, as mudanças seriam radicais, o próprio Play Freitas afirmava que o time estava em formação. Ainda em dezembro, começaram as primeiras rusgas entre a diretoria e a empresa parceira, com a diretoria afirmando que a gerenciadora não trouxe os atletas pedidos, e por sua vez, a R+ dizia que tudo estava dentro do planejado, e que a diretoria sequer conversou sobre novas contratações.

Chegado 2012, novos amistosos foram marcados, todos contra adversários paulistas, e com a expectativa de um melhor desempenho, afinal, o elenco estaria em um nível próximo do ideal. O que se viu, entretanto, foi muito diferente, servindo como um anúncio de que o ano seria extremamente difícil. O primeiro adversário foi o Penapolense, recém promovido à A1, que aplicou impiedosos 7 x 3. O outro jogo seria contra o forte Noroeste em Bauru, e o Norusca não decepcionou sua torcida ao vencer por 4 x 0. Por fim, o resultado mais positivo veio contra o Audax; um empate em 1 x 1, em Presidente Prudente (?!?). Afirmou-se que nesse jogo sim o time estaria no nível ideal, mas a impressão deixada nos jogos anteriores era muito forte pra ser simplesmente esquecida.

No meio disso tudo, um problema que foi comum à vários clubes; o estádio. O estádio Breno Ribeiro do Val não foi julgado apto para receber partidas oficiais, mas com algumas reformas pontuais, conseguiu ser liberado, mas foi por muito pouco, tanto que pouco antes da estreia na competição, ante a Inter de Limeira, a possibilidade de mandar o jogo em outro estádio.

Iniciada a competição, a expectativa era de um bom jogo contra um dos favoritos à pelo menos passar de fase. Os 3 x 0 aplicados pelo Leão foram incontestáveis, e o discurso de que as derrotas nos amistosos foram fatos isolados começava a perder força, e os próximos adversários não seriam fáceis. Receber o Capivariano e ir visitar o Juventus, que conquistariam o acesso, seria tarefa ingrata, assim como ser mandante contra o Batatais, que se classificou para a 2ª fase. O adversário mais acessível era o Sertãozinho, que ainda assim, vinha melhor pro certame que o OC, mas nem o mais pessimista dos torcedores poderia prever um começo de competição pior. Além da derrota pra Inter, o clube perdeu todos os outros 4 jogos, com direito a placares elásticos, como o 4 x 2 para o Capivariano e o 5 x 0 do Juventus. Ao todo, foram marcados 2 gols e 15 sofridos.

Com esse desempenho, a relação entre a diretoria e a R+ se tornou insustentável, e a parceira acabou saindo, e logo após, a diretoria decidiu substituir Play Freitas. Após a saída da R+, tudo indicava que o time teria de se manter por conta própria, mas logo após esses eventos um investido se prontificou a entrar no clube; Tuta, que é mais conhecido por ter atuado na Ponte Preta, no grande time dos anos 70, que era uma das maiores forças do Brasil. No comando técnico, quem assumiu foi Nei Silva, que começou bem, com uma surpreendente vitória fora de casa contra a Itapirense (4 x 2), mas depois de um 2 x 2 em casa contra o também rebaixado Taboão da Serra, somadas as derrotas contra o Grêmio Osasco (2 x 0 em Osasco) e um 1 x 0 no Brenão para a Inter de Bebedouro, que também foi rebaixada, foram o limite, e Nei deu lugar à Antônio Lucas. Por ironia do destino, ou por qualquer outra coisa, o time venceu o Flamengo de Guarulhos na casa do rival, por 2 x 0. Parecia ser o começo de uma reação, mas as 3 derrotas seguidas enterraram esse sonho, sobretudo os 5 x 0 que o Rio Branco impôs ao Osvaldo Cruz no Décio Vitta. À essa altura do campeonato, faltavam 3 partidas para o fim do campeonato, e as chances do Osvaldo Cruz permanecer na A3 eram ínfimas, e um novo técnico foi chamado, para ver o que poderia acontecer, afinal seria difícil as coisas ficarem ainda piores. Nem chegou, e seguindo a lógica, não conseguiu fazer muita coisa; foram 3 jogos e 3 derrotas, sendo que a mais pesada foi um 3 x 0 em casa contra o Taubaté. Se formos analisar os jogos em casa, o Osvaldo Cruz foi o pior mandante da A3, pois conquistou apenas uma vitória, um 1 x 0 contra o Independente de Limeira. Esse desempenho medíocre talvez ajude a explicar o pouco público visto no estádio, que não alcançava as 300 pessoas (263 pagantes, para ser mais exato). Não conseguimos encontrar informações sobre promoções ou programas de sócio-torcedor, então se algum torcedor ou simpatizante do Osvaldo Cruz puder nos informar, além de falar sobre o cenário futebolístico na cidade, ficaremos gratos.

Fatalmente, o Osvaldo Cruz foi rebaixado (bem, se não fosse, não estaríamos falando dele aqui e agora), e olhando para os números, fica fácil ter uma noção do por quê; a equipe teve o pior ataque (16 gols anotados) e a pior defesa (41 gols sofridos). Mesmo com um desempenho tão sofrível, e por mais incrível que pareça, o clube não foi o lanterna, pois superou o Taboão da Serra no número de vitórias (4 x 3).

Confirmado o rebaixamento, a hora era de por a cabeça no lugar e ver o que seria feito da vida. O sub-20 estava aí, e a importância dele seria maior que de costume. O clube poderia ganhar uns trocados, mas agora, teria de usar a competição mara montar a base pra 2013, então teria de maneirar nas negociações, para não desmantelar o time e dificultar ainda mais o planejamento. Foi definido que Tuta continuaria (e ao que tudo indica, continuará em 2013) no clube, e o comando técnico do time ficaria com Buião, que chegou a atuar no Palmeiras, no final da década de 80, mas para o Futebol Interiorano, também consideramos a passagem pelo Grêmio Sãocarlense no começo dos anos 2000.

Com esse clima, o Osvaldo Cruz partiria para o sub-20. Dada a participação na A3, as expectativas eram as piores possíveis, mas felizmente para a torcida, não isso o que se viu, longe disso aliás. Todos seus rivais de grupos eram ou times tradicionais no interior paulista (Marília, América), ou estão no grupo de emergentes (Mirassol, Linense), e se fosse pra fazer justiça, teríamos de citar todos. Com um futebol ofensivo, a equipe foi líder de seu grupo, com 24 pontos em 12 jogos, 8 vitórias e 4 derrotas, 22 gols marcados e 17 sofridos. O clube passou pela 2ª fase, e só foi parar nas oitavas-de-final, contra a não menos surpreendente Inter de Bebedouro. Depois de alcançar um bom empate com gols (1 x 1) no Sócrates Stamato, os meninos do Azulão foram surpreendidos e acabaram sendo derrotados em casa por 2 x 1).

No geral, o saldo foi positivo, assim como a noção dos dirigentes de não colocar o peso por uma boa campanha exclusivamente nas costas desses meninos. No momento, Buião continua a frente do time, e conta com o apoio da direção. Depois do final da participação no sub-20, não se ouve mais falar no Osvaldo Cruz, logo, não sabemos de contratações, nem se o Breno Ribeiro do Val recebeu as reformas necessárias para atender as exigências de uma cada vez mais exigente (e em não poucos casos, menos coerente) Federação Paulista. Em breve (pelo menos assim esperamos) mais informações.