terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Beve Síntesis del Fútbol Boliviano


Dos campeonatos sul-americanos, o Boliviano é o mais desconhecido, o mais relegado e o mais achincalhado. O nível não lá muito alto do futebol local pode colaborar pra isso, mas há fatos e elementos que possuem potencial para atrair os olhares do mundo. Sem mais delongas, vamos abordar algumas das peculiaridades do futebol boliviano.

A maior parte dos países sul-americanos profissionalizaram o futebol até meados da primeira metade do século XX, no máximo. O caso boliviano é bem peculiar. A implantação do profissionalismo se de uma maneira um pouco mais tardia que o restante da América do Sul, pois somente em 50 ele foi implantando, porém somente na AFLP (Asociación de Fútbol de La Paz). A FBF (Federación Boliviana de Fútbol) não era profissional, e somente organizava campeonatos entre as seleções dos departamentos. Logo após o profissionalismo ter sido adotado em La Paz, espalhou-se pelo resto do país; Cochabamba e Oruro o implantaram em 54, Santa Cruz em 65, Chuquisaca em 69, Potosí em 70, Beni em 75 e Tarija somente em 85.   A medida que determinado departamento incorporasse o profissionalismo, dava-se um jeito de incorporar um time ao torneio, que ganhava cada vez mais cara de um Nacional. Contudo, esse período é marcado por fórmulas rocambolescas e sobretudo obscurantismo. Existem  poucas informações sobre o geral (mas em grau suficiente para percebermos alguns nuances particulares dos campeonatos), e quando procuramos detalhes, simplesmente não achamos. Esse problema acaba na década de 70, pois assim como no Brasil, o torneio sofreu uma reformulação, mais especificamente em 77, em que foi instituída a Liga de Fútbol Profesional Boliviano, e o campeonato ficou com um formato mais próximo do atual. Essa implantação tardia (pelo menos em comparação aos demais países da região) do profissionalismo, somado ao pouco poder econômico do país, podem ajudar a explicar o por quê do futebol não ter um nível técnico comparável aos rivais da região, em uma nação em que a paixão pelo esporte é notável.

A nível esportivo, o Boliviano é um dos campeonatos com maior número de campeões, com nada menos que 10 campeões diferentes nos últimos 10 anos The Strongest, Bolívar, da região de La Paz, com 6 conquistas cada, Blooming com 2 títulos, Oriente Petrolero, de Santa Cruz de La Sierra e Jorge Wilstermann de Cochabamba, com 2 taças, Oriente Petrolero de Santa Cruz de La Sierra, San José de Oruro, Real Potosí, Aurora de Cochabamba e Universitário de Sucre, 1 cada. Inegavelmente, os dois grandes dominam o futebol local, mas não é uma dominância tão larga como por exemplo na Sérvia e Escócia.

Somando as conquistas de Strongest e Bolívar, 6 + 6, teremos 12, logo, como então podemos falar dos “últimos 10 anos”? Na maior parte tempo, a Bolívia manteve o formato clássico latino-americano; Apertura e Clausura. As exceções serviram para adequações ao calendário europeu, no caso, 2005 e 2011, os dois, coincidentemente, ficaram com o Bolívar.

Tentamos procurar informações sobre a média de público do campeonato boliviano, mas infelizmente, não pudemos encontrar muita coisa. Contudo, conseguimos ver que os ingressos foram de 40 Bolivianos para a geral, 30 para as curvas e 60 para a preferencial, dependendo do lugar no estádio. Existem exceções, como no clássico Strongest x Bolivar em que a diretoria do primeiro resolveu colocar o preço entre 50 para as curvas, 70 para as retas, 100 pela preferencial e 150 pelos assentos. Levando-se em consideração que o salário mínimo é de 1000 Bs., não aparenta ser dos mais caros.

De fato, estes são dados obscuros para nós, mas estamos falando da Primeira Divisão, logo, ao pensarmos na Segunda, o buraco é mais embaixo. Na Bolívia também há aquele “descaso” com a Segundona, mas cremos que é menor que em outros países, pois somente Oriente Petrolero e The Strongest nunca foram rebaixados. No entanto, é certo que para o restante da América do Sul (e do mundo), as divisões de acesso bolivianas ainda são mais do que obscuras. A Segundona é conhecida oficialmente como Nacional B, e em um passado não muito distante, era chamada de Copa Símon Bolívar, e no momento, encontra-se em recesso, aguardo o início do Hexagonal final, que acabará só em março do ano que vem. Ciclón, Flamengo, Guabirá, Oruro Royal, Real Santa Cruz e Sport Boys brigarão por 2 vagas na elite, uma direta e outra por repescagem, e na nossa opinião Sport Boys e Guabirá brigarão pelo acesso, pelo que mostraram na competição.

Para atingir a 2ª Divisão, o clube tem de ser campeão de sua respectiva Associação Departamental, que equivale à 3ª Divisão, pelo menos em seu escalão mais alto. Explica-se; são 9 os departamentos; Beni, Chuqisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro, Pando, Potosí, Santa Cruz e Tarija, cada uma com um número próprio de clubes e de divisões. Por exemplo, a Liga Cruceña possui 5 Divisões, que possuem de 11 a 12 clubes, sendo que a 5ª tem 27. Um clube só pode galgar a 2ª Divisão a partir do momento que atingir a divisão máxima de seu respectivo departamento, em disputas que se assemelham aos estaduais no Brasil. Sobre os Departamentales, não encontramos muita coisa, mas pelo que vimos, podemos concluir que há uma dificuldade de calendário, pois as equipes que não conquistam o título ficam paradas por um bom tempo. Pensando nisso, a FBF criou a Copa Bolívia, que será composta pelos demais clubes departamentais, e que além de ser um relevante título nacional, valerá para o campeão e vice uma vaga na Nacional B.

A Copa Bolívia 2012 já acabou, e o vencedor foi o Enrique Happ Real Trópico, ou simplesmente Real Trópico, que disputará a Nacional B 2013. Sobre o clube em si, o Enrique Happ é uma escola de formação de jogadores, localizada em Cochabamba, e era uma das maiores referencias no país em formação de atletas. Fundada na década de 70 por um imigrante alemão de mesmo nome, a escola e o clube profissional estavam passando por grandes dificuldades financeiras, o que levou a fusão com a equipe de Trópico, também em Cochabamba.

Indo nessa direção, vemos equipes tradicionais na rua da amargura, caso do Destroyers, clube de Santa Cruz de la Sierra que se notabilizou por projetar atletas, como por exemplo Etchverry, conhecido como El Diablo, e Erwin "Platini" Sanchéz, só pra ficar em 2 nomes, 2 dos maiores jogadores bolivianos da História. Atualmente, a equipe lidera o Departamental de Cochabamba de maneira invicta, com 8 vitórias e 5 empates, marcando 35 e levando 11. Enquanto o Destroyers parece se reencontrar e o Happ ensaia se reestruturar, há exemplos de situações piores, como a do Municipal, que está inativo desde 2010, sem perspectiva de um retorno em um futuro livre. O Municipal é um clube que nos anos 60 chegou a disputar Libertadores, enfrentando dignamente o Santos de Pelé, pelo menos em La Paz, onde o encontro terminou em 3 x 2 para os brasileiros. Já em São Paulo, os santistas venceram por 6 x 1, o que representou o início da discussão sobre a altitude.


Outra peculiaridade do futebol boliviano está na administração das competições; a 1ª Divisão é administrada pela Liga, enquanto a 3ª vai pra Asociación Nacional, modelo que é seguido por países como a Argentina, por exemplo. O atual formato, ainda que em teoria seja bom, ainda não foi amplamente testado, e a Federação não o coloca como definitivo.


Isso não é tudo; há muito o que se falar sobre a seleção nacional, mas deixemos isso para uma outra oportunidade...


Um comentário:

  1. queria saber sobre clube sportivo alemao localizado em sucre joga a liga departamental ? 3°
    o nivel dos campos sao bons ? clubes pagão?

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