A partida teve início pontualmente às 15h, mas me atrasei um pouco, coisa de 15 min, pois tive o azar de perder um trem. Outro fator que colaborou com o atraso foi a nova entrada do estádio: antes, o acesso se dava pelos portões em frente à av. Papa João XXIII, agora, é necessário dar a volta pelo estádio, subindo uma longa ladeira, para aí sim poder ver o campo. Chegando nas bilheterias, houve um outro problema: não havia troco. Tive de comprar uma cerveja na barraquinha em frente para conseguir ter uma nota de 5 Dilmas, valor da meia entrada. Ao contrário do que ocorre em grande parte do estádio, não haviam policiais fazendo a revista, e o tiozinho que estava nas catracas liberou minha entrada de boa.
Finalmente dentro do estádio, logo encontrei o amigo Folego, junto de outros dois amigos, ambos torcedores do Grêmio, mas que ficarei devendo o nome, pois não fomos devidamente apresentados. A partida ainda estava 0 x 0, e os mandantes jogavam bem melhor, como foi em quase todos os jogos da competição. Se leram o relato que fiz sobre o jogo contra o São Bernardo, viram que durante o 1ª tempo o time de Mauá foi bem melhor, tomando o empate no 2º, quando simplesmente parou de jogar. Segundo Folego, o maior exemplo foi na derrota contra o Guarulhos, em que o time saiu na frente, mas depois que tomou o empate, tomou 3 gols em pouquíssimo tempo.
Devidamente acomodado nas dependências do estádio (que estava com muito espaço disponível) , pude ver o bom começo do Mauaense, que pressionava muito os visitantes, que por algum motivo desconhecido estavam jogando de coletes azuis. Ninguém entendeu muito bem, pois a camisa do USAC é vermelha, e o Grêmio estava de branco, então não havia motivo para isso. Mistérios da vida. Enquanto divagava, vi um pênalti claro não marcado para o time da casa. O atacante recebeu dentro da área, na direita, acompanhado somente do goleiro de um zagueiro: o atacante (que não consegui identificar quem era) deu um corte seco no defensor, que claramente o derrubou, mas o juiz achou que não foi nada. A cara de alívio da defesa do União o lance era mostra de culpa no cartório. O prejuízo pro Grêmio foi ainda maior, quando no contra-ataque originário desse lance o USAC consegui uma falta na sua esquerda - lembrando que a direita de um time corresponde à esquerda do adversário -. Bola alçada na área, saída esdrúxula do arqueiro e o defensor Renan escorou para marcar União Suzano 1 x 0, aos 43 min. A partir daí, foi possível perceber duas coisas: o emocional do Grêmio Mauaense é muito frágil, e que o União Suzano não estava de coletes, aquela era a sua camisa mesmo: vermelho nos lados e azul no meio, com os números em uma cor que era mistura de preto e vermelho, desbotado ainda por cima.
Os minutos finais do primeiro tempo foram mornos, muito mornos, mas por sorte foram poucos minutos, e nesse espírito logo o intervalo chegou, e nele pude ouvir muita coisa boa, sobretudo a história de Santilhana. Na história, Santilhana foi um grande atacante, grande em técnica e velocidade, pois em tamanho era pequeno, o que segundo o próprio lhe dava vantagem, pois a distância do cérebro pros pés era pequena. Também segundo o próprio, era um galã sem igual no futebol de seu período, em que o futebol profissional não era tão restrito, e não raro jogadores do amador conseguiam um lugar nos profissionais. Por não ser dos atletas mais regrados do mundo, e sabendo que teria de se adequar à uma rotina, Santilhana preferiu ficar no amador, onde poderia gozar à vontade tudo quanto era esbórnia. Os tempos de jogador acabaram, mas ainda havia o desejo de viver o futebol, mas não como treinador, técnico, dirigente, nada que envolvesse a administração do jogo. Santilhana foi para a arquibancada, viver com os torcedores de diversos clubes, vendendo petiscos e aperitivos, e desde então, passou a ser conhecido como Galinha do Amendoim, figura onipresente nos estádios da Grande São Paulo. A história pode parecer absurda, mas é muito absurda para ser mentira, além do mais, tudo que tenha o "Selo Galinha de Qualidade" é bom e verdadeiro. No mais, ganhei do amigo Folego um Guia da Segunda Divisão Paulista, editado pela própria FPF. É uma pena que a Federação não comercialize esse livro, nem que fosse por reserva...
Seja como for, depois de tudo isso ainda houve uma introdução à história do Fantasma da Blusa Vermelha, que nos anos 90 e início dos 2000 sempre estava vendo os jogos na zona das árvores, a mais inacessível de todo o estádio, sempre com uma blusa vermelha de capuz, fizesse chuva ou sol. Quando ia perguntar mais detalhes, começou a segunda etapa, em um ritmo frenético, novamente com o Grêmio melhor, e logo aos 15 min., Chocolate, que havia entrado depois do intervalo, recebeu um cruzamento no bico da área. Matou a bola no peito, tirando o zagueiro, e bateu com curva no canto esquerdo do goleiro, que nada pôde fazer, e o jogo estava empatado. Chocolate entrou em catarse, tirando a camisa, vibrando e correndo feito um alucinado. A partir daí os mandantes pressionaram feito loucos, e nessa tomaram um contra-ataque, em que Paraíba recebeu lançamento, venceu o zagueiro na velocidade, cortou o goleiro e finalizou: União Suzano 2 x 1. Ainda haviam pouco mais de 20 min, para o fim da partida, e o que se viu foi um Grêmio indo com tudo, mas de maneira desorganizada, e um União que não conseguia fazer nada além de se defender. O que mais chamou a atenção foi o lateral esquerdo do Mauaense, que na verdade era um zagueiro improvisado, e que vendo a situação do time, jogou praticamente como um ponta. Via-se o esforço do rapaz, e que tão somente esse esforço gerava boas jogadas, mas que não eram o bastante, seja pela falta de técnica pro negócio (técnica que pode ser aprendida), seja pelo abatimento de seus companheiros. Nessa toada o jogo acabou com vitória dos de Suzano, que somam 5 pontos em 4 jogos. Do outro lado, o Grêmio, com apenas 1 ponto conquistado, divide a lanterna com o ECUS, com mais 14 jogos para serem disputados, ou seja, muita coisa ainda pode acontecer.
Já eram 17h, e decidi fazer algo que nunca tinha feito: ir do estádio para minha casa à pé. Basicamente era só seguir a Papa João XXIII e virar a esquerda na última bifurcação. Achei que demoraria uns 40 min, mas foi aproximadamente 1 h e 10 min. Valeu a pena, ainda que andar pelo Sertãozinho (trecho que liga Santo André e Mauá) no final da tarde não seja muito recomendável, pela ausência de calçadas e iluminação ruim. Assim sendo, é uma boa alternativa para ir pra o estádio em um horário de claridade.
Agora é ver qual será a próxima partida a ser vista in loco. Até lá.
Devidamente acomodado nas dependências do estádio (que estava com muito espaço disponível) , pude ver o bom começo do Mauaense, que pressionava muito os visitantes, que por algum motivo desconhecido estavam jogando de coletes azuis. Ninguém entendeu muito bem, pois a camisa do USAC é vermelha, e o Grêmio estava de branco, então não havia motivo para isso. Mistérios da vida. Enquanto divagava, vi um pênalti claro não marcado para o time da casa. O atacante recebeu dentro da área, na direita, acompanhado somente do goleiro de um zagueiro: o atacante (que não consegui identificar quem era) deu um corte seco no defensor, que claramente o derrubou, mas o juiz achou que não foi nada. A cara de alívio da defesa do União o lance era mostra de culpa no cartório. O prejuízo pro Grêmio foi ainda maior, quando no contra-ataque originário desse lance o USAC consegui uma falta na sua esquerda - lembrando que a direita de um time corresponde à esquerda do adversário -. Bola alçada na área, saída esdrúxula do arqueiro e o defensor Renan escorou para marcar União Suzano 1 x 0, aos 43 min. A partir daí, foi possível perceber duas coisas: o emocional do Grêmio Mauaense é muito frágil, e que o União Suzano não estava de coletes, aquela era a sua camisa mesmo: vermelho nos lados e azul no meio, com os números em uma cor que era mistura de preto e vermelho, desbotado ainda por cima.
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Área das árvores, onde segundo a lenda o Fantasma da Blusa Vermelha assistia os jogos. |
Os minutos finais do primeiro tempo foram mornos, muito mornos, mas por sorte foram poucos minutos, e nesse espírito logo o intervalo chegou, e nele pude ouvir muita coisa boa, sobretudo a história de Santilhana. Na história, Santilhana foi um grande atacante, grande em técnica e velocidade, pois em tamanho era pequeno, o que segundo o próprio lhe dava vantagem, pois a distância do cérebro pros pés era pequena. Também segundo o próprio, era um galã sem igual no futebol de seu período, em que o futebol profissional não era tão restrito, e não raro jogadores do amador conseguiam um lugar nos profissionais. Por não ser dos atletas mais regrados do mundo, e sabendo que teria de se adequar à uma rotina, Santilhana preferiu ficar no amador, onde poderia gozar à vontade tudo quanto era esbórnia. Os tempos de jogador acabaram, mas ainda havia o desejo de viver o futebol, mas não como treinador, técnico, dirigente, nada que envolvesse a administração do jogo. Santilhana foi para a arquibancada, viver com os torcedores de diversos clubes, vendendo petiscos e aperitivos, e desde então, passou a ser conhecido como Galinha do Amendoim, figura onipresente nos estádios da Grande São Paulo. A história pode parecer absurda, mas é muito absurda para ser mentira, além do mais, tudo que tenha o "Selo Galinha de Qualidade" é bom e verdadeiro. No mais, ganhei do amigo Folego um Guia da Segunda Divisão Paulista, editado pela própria FPF. É uma pena que a Federação não comercialize esse livro, nem que fosse por reserva...
Seja como for, depois de tudo isso ainda houve uma introdução à história do Fantasma da Blusa Vermelha, que nos anos 90 e início dos 2000 sempre estava vendo os jogos na zona das árvores, a mais inacessível de todo o estádio, sempre com uma blusa vermelha de capuz, fizesse chuva ou sol. Quando ia perguntar mais detalhes, começou a segunda etapa, em um ritmo frenético, novamente com o Grêmio melhor, e logo aos 15 min., Chocolate, que havia entrado depois do intervalo, recebeu um cruzamento no bico da área. Matou a bola no peito, tirando o zagueiro, e bateu com curva no canto esquerdo do goleiro, que nada pôde fazer, e o jogo estava empatado. Chocolate entrou em catarse, tirando a camisa, vibrando e correndo feito um alucinado. A partir daí os mandantes pressionaram feito loucos, e nessa tomaram um contra-ataque, em que Paraíba recebeu lançamento, venceu o zagueiro na velocidade, cortou o goleiro e finalizou: União Suzano 2 x 1. Ainda haviam pouco mais de 20 min, para o fim da partida, e o que se viu foi um Grêmio indo com tudo, mas de maneira desorganizada, e um União que não conseguia fazer nada além de se defender. O que mais chamou a atenção foi o lateral esquerdo do Mauaense, que na verdade era um zagueiro improvisado, e que vendo a situação do time, jogou praticamente como um ponta. Via-se o esforço do rapaz, e que tão somente esse esforço gerava boas jogadas, mas que não eram o bastante, seja pela falta de técnica pro negócio (técnica que pode ser aprendida), seja pelo abatimento de seus companheiros. Nessa toada o jogo acabou com vitória dos de Suzano, que somam 5 pontos em 4 jogos. Do outro lado, o Grêmio, com apenas 1 ponto conquistado, divide a lanterna com o ECUS, com mais 14 jogos para serem disputados, ou seja, muita coisa ainda pode acontecer.
Já eram 17h, e decidi fazer algo que nunca tinha feito: ir do estádio para minha casa à pé. Basicamente era só seguir a Papa João XXIII e virar a esquerda na última bifurcação. Achei que demoraria uns 40 min, mas foi aproximadamente 1 h e 10 min. Valeu a pena, ainda que andar pelo Sertãozinho (trecho que liga Santo André e Mauá) no final da tarde não seja muito recomendável, pela ausência de calçadas e iluminação ruim. Assim sendo, é uma boa alternativa para ir pra o estádio em um horário de claridade.
Agora é ver qual será a próxima partida a ser vista in loco. Até lá.
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