quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luiz Edmundo Lucas Corrêa


Muito provavelmente, você não conheçe esse nome, mas saiba que ele representa um dos princípios mais famosos, conhecidos, e recorrentes, do futebol; que este esporte dá a chance de você brilhar e ser lembrado por toda uma torcida, mesmo você não sendo um craque, ou sequer um jogador "mediano" esforçado, mas por apenas um lance, um único lance.



Luiz começou sua carreira de lateral-direito no Operário de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e a sua passagem se destacou por ser mediana. Nesse período, seu irmão caçula surge para o futebol e já se revela como um prodígio. O nome do moleque era Muller, que anos depois se destacaria no futebol nacional. Nisso, Luiz, com o apelido de Cocada, vai para o Flamengo, onde ouve do técnico Carlinhos um conselho; "você não tem talento, procure outra profissão".



Mas Cocada não desistiu, e continuou sua carreira "mediana-pra-baixo" no Santa Cruz, para depois ir para o Vasco, onde seria o reserva de Vivinho. A passagem de Cocada pelo Vasco tinha tudo para ser trivial; um dia ele sairia e muitos torcedores nem saberiam disso. Mas não foi isso o que aconteceu.



Em 88, a final do Campeonato Carioca seria entre Vasco e Flamengo. O Vasco queria conquistar o bi-campeonato. A final iria ser no dia 22/06, uma quarta-feira. Para o Vasco, um empate bastava, já para o Flamengo, era tudo ou nada. O jogo estav tenso, e o Flamengo já tinha colocado duas bolas na trave, e o Vasco não conseguia responder a altura. E as coisas assim ficaram até o final do 2º tempo. Vivinho já não aguentava, e o técnico do Vasco, coloca Cocada em campo, aos 41 min do 2º tempo. Num lance, Cocada recebe a bola, e em exatos 7 segundos, constroi uma jogada que o deixa praticamente na área. Ele tinha a opção de tocar para Romário, mas não o fez, para pânico geral dos torcedores cruzmaltinos. Cocada nunca tinha feito absolutamente nada de grande categoria em toda a sua carreira, por que faria naquele momento?



Mas Cocada fez o gol que daria o título para o Vasco, aos 44 min. Não precisamos dizer que ele ficou eufórico, a torcida o ovacionava, gritando o seu nome, e ele comemorava como um louco, até que ele viu alguém, mais especificamente, o técnico Carlinhos, o mesmo que o tinha dispensado alguns anos antes, falando que ele não tinha talento, o que não era de todo mentira, mas ao afirmar que ele deveria procurar outra profissão, disse que ele não consguiria muita coisa (ou nada mesmo) no futebol. Aos 46 min, Cocada tirou sua camisa e jogou na cara de Carlinhos, e por isso, foi expulso. Tudo foi tão rápido que muitos não perceberam o que aconteceu, muitos ainda celebravam o gol, e mesmo quando viram Cocada sair do campo, continuavam a homenagea-lo. Ao sair de campo, ele disse para os jornalistas que seria lembrado por esses 4 minutos por muito, muito tempo.



Até hoje, Cocada é lembrado apenas por esses fugazes 4 minutos, graças ao futebol, e tentar explicar o "porquê" disso se não é impossível, é muito difícil. Seja como for, o futebol proporcionou, proporciona, e esperamos que ainda possa proporcionar tantos outros que se encaixem nessa definição, para o bem do folclore futebolístico.

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