segunda-feira, 2 de julho de 2012

Historietas





Ficamos muito, mas muito tempo mesmo sem colocar nada aqui. Apesar de ter parecido, não abandonamos isso aqui. O que aconteceu é que nos faltou tempo, e nos faltou disposição de caçar um tema oculto em pouco tempo. Dito isso, nos dedicamos a ir em estádios, ver umas partidas pela TV, ler alguma coisa, e coisas do gênero. Hoje, como dá pra deduzir pelo título, contaremos um causo, envolvendo justamente uma dessas partidas ditas alternativas, no caso, Nacional x AD Guarulhos pelo Paulista da Segunda Divisão. Há muito o que se contar, o que nos forçará a dividir o texto em 3 partes; A Idéia (sim, escrevemos "idéia" com acento, pois acreditamos que é algo que não devia ter mudado) e o Caminho, A Partida e por fim, A Volta (ou Considerações Finais). Tentamos bolar um nome melhor, mais chamativo, mas ficar na simplicidade também é bom. Escrevemos esses texto sem muito cuidado, não garantimos qualidade, mas garantimos que tudo aqui é verdade, feito com sinceridade. Antes do texto em si, avisamos que haverá uma mudança no estilo de narrativa aqui do blog; hoje, por ser uma narrativa pessoal, é de se esperar que o texto seja na 1ª pessoa, ao contrário do que é visto na imensa maioria (pra não falar totalidade) dos textos vistos no blog. Tendo isso dito, vamos ao que interessa.


A Idéia e o Caminho


Como sabem, o blog não dá dinheiro algum, logo, tenho de trabalhar. Meu azar é que trabalho de segunda à sábado, em um horário que me impede de ir ver as partidas na região metropolitana de São Paulo, que ocorrem às sextas à noite e nas manhãs de sábado. Como não tenho recursos para ir para o interior, restava-me ver a competição pela Rede Vida, o que nem de longe é a mesma coisa que ir no estádio. Mas a sorte me sorriu; mudaram meu horário aos sábados, e teria a oportunidade de ir ver alguma partida na região metropolitana. Fui olhar no site da FPF, e a partida que estava mais em mão era Nacional x Guarulhos, num sábado, às 15:00, no Nicolau Alayon.


Não havia muito o que planejar, basicamente pegar a câmera e dar uma olhada no Google Maps pra saber como chegar lá. Sim, era minha primeira vez no estádio da rua Comendador Souza, o que pra alguém que escreve sobre as divisões de acesso paulistas é mais do que uma lacuna, é uma verdadeira cratera. Tendo olhado bem por cima o mapa no dia anterior, acreditava que já estava tudo certo, ainda que me batesse a sensação de que havia esquecido algo. Como não consegui lembrar o que era, fui dormir incafifado.


No dia do jogo, pela manhã, fiz o que é hábito pela manhãs, e aí consegui lembrar o que havia esquecido; procurar a máquina. Lá fui tentar achar a bendita, e nada. Procurei mais ainda, em vão. Já estava me atrasando, então tive de sair injuriado. Aquele era um sinal de como seria o dia. No serviço, um misto de ansiedade (por ir pela primeira vez em um estádio histórico) com raiva (por não ter como registrar isso). Mas com a certeza de que eu voltaria lá mais vezes, me acalmei. Como o serviço estava parado, ficava pensando na história do Nacional; uma equipe que nunca obteve grandes conquistas no profissional, um time tradicionalíssimo nas categorias de base, mas que não atravessava um bom momento. Passou pela cabeça a possibilidade do Naça se licenciar algum dia, o que tornava uma segunda visita mais do que obrigatória, pois não sabia por quanto tempo poderia ver o Nacional. Pretendia ir lá como expectador, mas comecei a perceber que torceria pelo time ferroviário. Nada contra o Guarulhos, mas o ADG, desde que se profissionalizou, disputou todas as edições do campeonato paulista. O risco de afastamento do profissionalismo é algo real para todas as equipes que estão na última divisão, algumas mais, outras menos. Talvez estivesse sendo alarmista, mas via que o Guarulhos estava em situação mais segura que o Nacional.


Pensando nisso o tempo foi passando e finalmente estava livre. Corri pra estação, mas no final das contas não valeu nada, pois o trem atrasou. Sair do ABC pra chegar na Barra Funda em apenas 1 hora já era difícil, e as coisas ainda se complicavam. Quando a injuriação ia subindo de nível, o trem chegou. Beleza, tudo certo no caminho, o metrô funcionou normalmente, e logo estava na estação da Barra Funda, umas 14:30 (com margem de erro de 5 minutos pra cima - abaixo dessa hora tenho certeza que não era). Sabia que tinha de pegar um ônibus pra ir pro estádio, e fui perguntando onde eu pegava esse ônibus. Nenhum cidadão soube me informar. Não sei se eram do lugar, o mais provável é que não fossem, o que tornava minha atitude ainda mais sem sentido. Nisso, encontrei os funcionários da estação. Perguntei pra dois sujeitos na cabine de informação, mas nenhum deles sequer tinha ouvido falar que havia um time profissional da Barra Funda. Os dois pareciam estar na casa dos vinte e poucos e anos, e como não tinham lá muito interesse nas divisões de acesso, de fato nunca teriam ouvido falar do Nacional. Pra minha sorte, havia um senhor, esse com jeito de ter mais de 60, e ele sabia perfeitamente onde era o estádio. Logo pensei que talvez ele tivesse visto a conquista da Copa São Paulo de Futebol Jr. de 1972, mas na pressa não perguntei. Seja como for, ele me deu umas informações meio confusas (o que o tornava meio inútil, pois ele estava ali justamente pra informar), mas no final das contas pude entender algo como “vire a esquerda e depois entre de novo na esquerda com a pista onde os ônibus param”.


O problema é que haviam umas 2 dessas, com ônibus e tudo o mais. Resolvi confiar na minha intuição, que era a única coisa que eu tinha em mãos, mas nunca me valeu grande coisa, e fui pra 2ª plataforma (ou o que pelo menos encarava como 2ª). Perguntei sobre o ônibus, e ninguém, nem os motoristas, souberam responder onde eu pegava esse bendito coletivo. Deduzi que por ser um time ligado à antiga SPR (São Paulo Railway, empresa que cuidava das ferrovias no estado. Funcionários dessa empresa fundaram o time, com o nome da empresa. Ainda que não tenha sido o clube, há uma versão que afirma que a primeira partida de futebol do país foi disputada entre funcionários da SPR e da Companhia de Gás, no dia 14/04/1895), o estádio devia ser minimamente próximo à estação. Nisso, me dirigi a um dos dois mais precisos fornecedores de referências de logradouro conhecidos pela humanidade; o bar (o outro é o posto de gasolina).


Primeiro fui em um bar aparentemente novo, com funcionários de uniforme e jovens se divertindo em uma tarde de sábado. Novamente, ninguém conhecia o Nacional. Andando um pouco mais, encontrei por acaso um bar no melhor estilo “copo sujo”, pois estava com fome, e senti de longe o cheiro de algo frito, mas que não conseguia discernir o que era (ou se era mesmo comida). Chegando no bar, a primeira coisa que vi foi uma coxinha, e confesso que não tive coragem de encarar aquilo. A segunda coisa em que reparei foi que o lugar não estava muito cheio, no máximo uns 5 senhores, bebendo e conversando sobre algum fato cotidiano. Finalmente, a terceira foi o próprio dono do estabelecimento. Ele tinha dois tiques bem característicos; um era mexer a cabeça pro lado direito, e se não fosse o visível esforço que fazia pra mantê-la no lugar, seria como uma antiga máquina de escrever, e o outro eram piscadelas com o olho esquerdo. Como já estava lá, indaguei onde era a rua Comendador Souza, e ele logo me perguntou seu eu ia pro estádio do Nacional. Aparentemente, ele também tinha alguma história pra contar, mas não havia muito tempo. Ele me disse que devia ir pra uma avenida e pegar um ônibus cujo nome já esqueci. Agradeci, e dei mais uma olhadela para aquela coxinha, e ela me pareceu ainda menos convidativa.


No caminho, enquanto esperava o sinal verde pra atravessar uma rua, para um carro da rede Record. Perguntei pros repórteres do carro (pra confirmar a informação dada pelo sujeito do bar, afinal, até aquele momento, o dia não estava sendo fácil) e eles souberam me dizer o que fazer pra chegar no estádio. Era simples; eu pegava a avenida e deveria andar uns 20 minutos. Entretanto, já era umas 14:50, então decidi esperar o ônibus. Acho que esperei uns 15 minutos, e a viagem não foi tão rápida, e logo vi que estava errado sobre aquela ideia do estádio ser perto da estação. Nesse clima, eu finalmente chegava no estádio.


Naturalmente, cheguei empolgado, afinal, não estava tão atrasado, e ainda havia uma fila. Em situações normais, ver uma fila é sinônimo de aporrinhação, mas ver que várias pessoas estavam lá pra ver uma partida da 4ª Divisão Paulista era animador. Até então, meu único pesar não foi poder ver a rua Comendador Souza. Explica-se, pela pressa, entrei pela entrada dos carros. Mas seguindo a tônica do dia, a empolgação logo sumiu, graças a (mais) uma medida desconexa da FPF. A fila não era sinal de um bom público, mas pela obrigação de preencher uma pequena ficha de cadastro antes de se compra o ingresso. A FPF não informou o por quê dessa medida, mas não é preciso muito pra ver que ela é desconexa. Enquanto estava na fila, ficava conversando com um pessoal, que também não estava gostando muito da nova medida da Federação. Fiquei matutando, tentando achar alguma explicação razoável para aquilo. No final das contas, aceitamos que o mais provável é que existem uns sujeitos, de tocaia em alguma sala do prédio da FPF, maquinavam algo pra atormentar os torcedores, na esperança de dificultar sua vida e afugentá-los, pois é de conhecimento geral que a Federação não gosta de torcedor, sobretudo daqueles que apoiam o futebol regional.


E assim foi a viagem. Agora, o próximo capítulo é o jogo em si, que publicaremos sabe-se-lá quando, mas que certamente dará as caras por aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário