domingo, 5 de setembro de 2010

Extremismo

Desde a queda do bloco soviético, no no final dos anos 80 começo dos 90, muita coisa mudou. A região passou por um período em que foi governada por regimes "comunistas" degenerados. Degenarados porque não se inspiravam no pensamento de Marx, Engels e tantos outros que contribuiram para a Revolução. Tais regimes foram denominados "estalinistas" (numa grafia aportuguesada), nome vindo do líder soviético Josef Stalin, que entre outras coisas, defendeu a tese do "Socialismo num só país", e perseguiu ferozmente qualquer um que se opussese a isso,

O que é considerado como Leste Europeu

e para conseguir reprimir com eficifência, aumentou a Máquina Estatal, sendo que a teoria marxista defende a criação de um Estado Operário, que dividirá os meios de produção entre os trabalhadores, e com o passar do tempo, tal Estado será dissolvido, já que o Estado em si é entendido como uma ferramente de opressão e defesa de interesse, só que nessa etapa defenderá os interesses da maioria, ao contrário dos atuais Estados. E sobre o "socialismo num país só", um Estado Operário é incapaz de sobreviver sozinho, pois não produz para obter lucro, mas para atender as necessidades das pessoas, e um Estado desse tipo cercado de outros que possuem uma lógica totalmente oposta é incapaz de se manter. Para uma Revolução contra o capitalismo prosperar, ela deve ser global. Não que a Revolução num país só deva ser descartada, mas ela deve desencadear um processo revolucionário mais amplo.
Além disso, o comunismo defende a extinção de um grupo que tenha primazia sobre o resto da população, que numa palavra só, são as "elites", mas os Estados Estalinistas fizeram justamente o contrário, introduzindo uma elite, que se não eram os patrões, comerciantes, burgueses de todo o tipo, eram os altos funcionários do governo. Resumindo a ópera, esses regimes não podem ser chamados de "comunistas" na acepção verdadeira da palavra, pois não fizeram quase nada do que de fato é "comunismo".
"Quase", pois embora tivessem todos esses defeitos, conseguiram vários progressos, principalmente em relação aos serviços públicos. A União Soviética foi o primeiro país do mundo a acabar com o desemprego, e todos esses países tinham alguns dos melhores sitemas de saúde, educação, transportes, entre outros, vistos no mundo. Tanto que numa pesquisa recente entre habitantes da antiga Alemanha Oriental, pessoas estas que conseguiram ascender para a classe média, afirmaram prefirir o antigo regime, pois mesmo nesse comunismo degenerado, não se via miséria, e não se pagava para ter um serviço decente. Tais serviços começaram a decair quando esses países estavam trocando de modelo político-econômico.

Torcedor do Zenit, da Rússia

Esses Estados acabaram com tal caráter por uma série de motivos, que não cabem aqui ser enumerados, mas que deixaram marcas. Depois disso tudo, o que imperou foi o capitalismo selvagem e a desilusão com o ideário de esquerda, pois esta é vista como sinônimo dos regimes anti-democráticos que vigoravam antes. A pobreza e a desiguldade social aumentaram. Isso tudo dá brecha para um outro ideário entrar nessas sociedades. Trata-se da ideologia de extrema direita nazi-fascita. Alguns setores das classes médias adotaram esse ideário e tudo o que traz com ele, xenofobismo (discriminação contra um outro grupo, seja étnico, cultural, religosos, por exemplo), racismo, intolerância, termos que são quase sinônimos, como meio de resposta a nova realidade de desigualdade presente. "Se existe desemprego, é culpa de imigrantes que vem para cá roubarem os empregos existentes, porque seu país é incompetente para dar isso para eles, tudo isso graças a globalização. Mas comunismo não é a resposta, pois um governo de operários não pode dar certo". Essa é uma pequena e simples mostra do ideário nazi-fascita. Ele faz sentido? Não, não faz nenhum sentido, mas quem se importa? É um discurso simples que atende à necessidades imediatas de determinado grupo social.


Parte da torcida do CSKA da Bulgária


O nazismo clássico defendia a superiodade racial dos alemães em relação ao outros, sobretudo judeus, negros, latinos e eslavos, sendo que entre os eslavos é que vigoravam a maioria dos regimes comunistas. A situação descrita no parágrafo anterior está ocorrendo na maioria dos países eslavos que passaram por regimes do tipo. Mas aqui vai outra situação hipotética; se um nazi-fascita alemão se encontrasse com um eslavo (ou até mesmo um latino, e por quê não um brasileiro?), o primeiro consideraria o segundo como seu igual? Bem, a resposta é não, mas novamente, quem se importa?
Vemos demonstrações de racismo inspirada pelo ideário nazi-fascita na maioria dos países da região, e como era de se esperar, elas acabam indo para os estádios de futebol, que por serem usados por pessoas de todo o tipo de determinada sociedade, acabam por refletir o que está se passando nela. Manifestações racistas já estão virando norma nos estádios do Leste Europeu. Um exemplo é o Zenit, de São Petersburgo, da Rússia, cidade que foi sede de um importante soviete (organização política de luta dos trabalhadores), no qual um importante líder da Revolução Russa de 1917, Leon Trotsky, trabalhou. O time, que conquistou a Copa da UEFA, atual Liga Europa, e a Recopa Européia em 2008, é o principal expoente de manifestações de extrema direita na Rússia. Outro exemplo fica na Bulgária. O CSKA de Sofia era o clube do exército búlgaro, e recentemente parte de seus torcedores se assumiu como nazista.


Campanha do governo eslovaco contra o racismo, na qual o jogado brasileiro Adauto é símbolo


Um jogador brasileiro, Adauto (com passagem pelo Atlético Paranaense) sofreu ofensas racistas na República Tcheca e na Eslováquia. Numa partida, a torcida do Kosice, adversário do time de Adauto, o Zilina, jogava cascas de banana quando o jogador tocava na bola. Nessa partida, o primeiro ministro da Eslováquia estava nas tribunas, e depois dela, Adauto foi o símbolo da campanha anti-racismo do governo, em que apareceu em propangadas de diversos meios de comunicação e teve seu rosto estampado em selos.
Embora bem intencionados, os esforços do governo eslovaco são insuficientes.
Que nem diria Malcom X, "não há capitalismo sem racismo", e provavelmente o bom governo eslovaco não irá querer acabar com o capitalismo...
Mas também há o outro lado da moeda, mas que fica para outra ocasião, então, inté mais.

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