sábado, 14 de maio de 2011

Mestre




Campo Maior, Piauí. Poucos ouviram falar dessa cidade no norte do estado, com cerca de 45,000 habitantes, conhecida por ter sido o palco da Batalha de Jenipapo, evento ligado a independência do país (existem controvérsias, mas não estamos muito afim de abordá-las), mas principalmente, por ser um dos maiores polos brasileiros da produção de carne do sol.


A nível futebolístico, a cidade possui dois clubes; o Caiçara e o Comercial, atual campeão piauiense. A maioria das pessoas apenas ouviu falar do Comercial esse ano, quando o clube participou da Copa do Brasil, enfrentando o Palmeiras. O futebol tem a singular capacidade de revelar figuras folclóricas, e o Comercial nos brindou com o massagista Daniel Bomba, que faz uma série de acrobacias dentro das quatro linhas (pra falar a verdade, só são variantes da clássica pirueta, mas ele prometeu elaborar novas peripécias), mas a história do Comercial possui outro personagem, que é chamado de Mestre, não sem razão.



O Comercial foi fundado em 1945, e 5 anos depois, Antonio Neves chegaria no clube para excercer o comando técnico, o que era um sonho dele, dirigir o time que ele torcia. E com os recursos disponíveis, ele ia bem, tanto que recebia propostas de outros clubes, mas sempre recusava, pois ele não esperava dinheiro, ele queria apenas ajudar o clube, e o fez por muito tempo. Após sua chegada, o clube ia bem nas disputas, até mesmo chegou no vice-campeonato de 68, depois de 18 anos ininterruptod como técnico do Comercial, o que já é o recorde absoluto do futebol brasileiro. Isso por si só já seria o suficiente para colocá-lo com ídolo do clube, mas ele também não queria ser ídolo, ele só queria ajudar o clube que torcia. Sua esposa, dona Inês, fala que Antonio só pensava na família e no Comercial, em proporções iguais, diga-se de passagem. O Comercial não repetiria esse resultado tão cedo, mas Antonio continuou como técnico até 1995, ou seja, 45 anos como técnico de um mesmo time, e só saiu do cargo por quê já não tinha tanta disposição pro negócio aos 70 anos. Mas ele sempre ajudou como podia, indo até pra bilheteria quando necessário.


Infelizmente, Antonio Neves faleceu em 06/01/10, e não pode ver aquela que é até o momento a maior glória do seu amado Comercial; o Título do Campeonato Piauiense. Mas sua história é tão presente no clube, que ele é sempre o primeiro a ser homenageado nas conquistas, não sem razão, diga-se de passagem. Fica aqui essa singela homenagem a um torcedor apaixonado pelo seu time, que se não tem a fama de outros, é ídolo de toda uma cidade, e não sem razão, ser chamado de Mestre...

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