domingo, 2 de outubro de 2011

Uma Análise


Provavelmente, nem todos os leitores desse blog sabem quem foi Castor de Andrade. Ele foi um dirigente de futebol, mais especificamente, do Bangu, nos momentos mais áureos da equipe, que incluem o vice-campeonato no Brasileiro de 85 (ganho pelo Coritiba). Castor também se destacava por também se envolver no carnaval do Rio de Janeiro, sendo patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel. Tudo isso sendo advogado.

Esse seria o perfil de um homem honesto, integro, que ajudou um clube a alcançar algumas glórias. "Seria". Castor era mais famoso pelas contravenções, especialmente, o jogo do bicho, que herdou de seu pai, Eusébio de Andrade, que por sua vez, aprendeu isso com a esposa, mãe de Castor, que foi introduzida no ofício por sua mãe, Euridice, avó de Castor, que depois de viúva, viu na jogatina uma chance de sustentar o lar. Como podemos ver, era o jogo do bicho era uma instituição familiar. Mas Castor elevou o nível da atividade à um patamar superior, nunca visto antes. Haviam outras acusações contra, mas a maioria não foi provada. Porém, quando alguma acusação caia sobre Castor, este não a negava, tampouco afirmava (ou confesava, dependendo do ponto de vista). Sumia por algum tempo, rezava (era fato que ele era muito religioso), e quando tudo esfriava, reaparecia. Era tido como um "contraventor romântico", pois não permitia coisas como o tráfico de drogas em seu território, e dava um suporte para a comunidade, coisa que o Estado não fazia.

Sobre o Bangu, o clube foi fundado em 1904 por membros da Fábrica Bangu. Sempre possuiu raízes operárias, tanto que o nome oficial do estádio Moça Bonita é Proletário Guilherme da Silveira. O clube tinha vencido 3 Torneios Início (1934, 50 e 55 ), 2 Cariocas da 2ª Divisão (1914 e 1918) e 1 da 1ª Divisão (1933). Mas quando a Fábrica Bangu se separou do clube, este passou por perrengues até que Eusébio de Andrade começasse a injetar dinheiro do jogo do bicho, processo esse que intesenficou com a ascensão de Castor à presidência.

Agora, vamos em duas direções; a estrutura do futebol brasileiro é extremamente defasada, pouco mudando do tempo de Castor até o presente. Dirigentes populistas, com interesses escussos, geralmente não-profissionais e apegados ao poder. Esse era o perfil de Castor? Não possuímos informações suficientes para dizê-lo, mas podemos afirmar que a estrutura na qual estava inserido é quase a mesma que a atual, com a diferença que hoje rola muito mais dinheiro. O outro ponto é que pelo menos Castor era sincero ao não negar suas atividades, coisa que muitos dirigentes hoje, tanto de clubes como de federações, não fazem. O carioca ao menos era sincero...ou cara-de-pau, bem, isso fica do ponto de vista do freguês. E ele também se importava com o clube, ao ponto de comandar treinos do clube, quando o próprio mandava o técnico ir observar os adversários. Não via o Bangu como gasto, muito pelo contrário, muitos dizem que gostava de colocar dinheiro no time, dinheiro ganho de maneira tão pouca ortodoxa, e segundo muitos, a fonte desse dinheiro era defendido de maneira ainda menos ortodoxa.

Em suma, uma análise da figura de Castor de Andrade é complicada, fica a cargo do freguês. Mas temos pelo menos uma certeza; a história de vida dele praticamente se misturou com a do Bangu, e ele é um personagem único, dos mais folcóricos do futebol brasileiro...

Caricatura feita por Ray Costa, em http://raycosta.blogspot.com/2010/05/castor-de-andrade.html

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