domingo, 8 de janeiro de 2012

La Cantera

Esse é o nome da política do Athletic Bilbao, de apenas recrutar jogadores bascos. Não vamos entrar em mais detalhes sobre isso, afinal, já é mais do que sabido que é um meio de afirmação cultural basca na Espanha, um país cheio de nacionalidades. Até aí tudo certo. Mas parando para pensar, sempre surge aquele raciocínio; "até quando isso vai durar". Não, não viemos aqui falar que o Athletic vai contratar estrangeiros, como faz o seu rival Real Sociedad a aproximadamente 30 anos, o que é algo bem recente, diga-se de passagem.

Esse raciocínio sempre vêm quando ocorrem alguns eventos. Foi assim quando o clube ficou um bom tempo na seca, que ainda dura, já que o clube não conquistou nenhum título desde 84, com a Lei Bosman, que quebraria várias barreiras contratuais, tornando mais fácil (até demais para alguns, ou apenas o necessário para outros), a movimentação de atletas, também quando decidiu-se adotar patrocínios na camisa (vale lembrar que além do Athletic, apenas o Barcelona não usava patrocínio).

Recentemente, um jogador negro, Jonas Ramalho, estreiou pelo time. Não que a diretoria do Athletic seja racista, mas com a política da cantera, era uma consequência esperada, assim como não ver muitos atletas negros no Chivas Guadalajara, que só aceita jogadores mexicanos. Ramalho é filho de mãe basca e pai angolano, logo, cumpre os requisitos para ser um atleta do clube, por ter sangue basco e ter sido criado segundo os padrões culturais. Caso de Fernando Amorebieta, filho de bascos, mas nascido na Venezuela, mesmo caso de José Vicente Biurrun, que nasceu em São Paulo.

O País Basco é uma região com cerca de 3 milhões de habitantes, e com um baixo indíce de natalidade. A diretoria do clube estuda criar escolas pela América Latina, já que países como Argentina, Bolívia e Chile. Além disso, o clube fez uma série de parcerias com clubes de menor porte da região, que dão preferência ao Athletic em negociações. O rival Real Sociedad, e o Osasuña, que é de Navarra, que discute-se se é uma zona de influência basca, também são fontes de atletas, ainda que de maneira não lá muito amigável entre os clubes.

O técnico, Marcelo Bielsa, foi escolhido a dedo justamente por isso, por saber fazer um trabalho de base. É consenso que entre ter milhões para contratar vários atletas, ou ter um eficiente centro de formação de atletas, a maioria prefere a segunda opção. Mas o caso do Athletic Bilbao é singular, mas a abertura total ainda não é esperada, sequer cogitada. Conforme dizem os próprios torcedores, enquanto existir torcida e cantera, a importação não será necessária. Não seremos alarmistas em falar que a atual política da cantera irá acabar, mas sim de prestar atenção no processo, pois como tudo na vida, nada é imutável...

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