domingo, 5 de dezembro de 2010

América Latina

Faz relativamente pouco tempo (mais especificamente, em outubro desse ano) que ocorreram manifestações de caráter xenófobo num jogo entre Indepiendente e Boca no Campeonato Argentino, no qual os torcedores Rojos (Ind.) arremessaram berlinesas e paraguas, em alusão aos bolivianos a aos paraguaios que residem no país, além de cantarem "quem não pula é da Bolívia ou do Paraguai". Num outro episódio, também envolvendo o Boca, um grupo de torcedores do Rosário Central estavam chamando os Xeneizes (Boca) de bolivanos.

Estes, entre outros episódios, têm vários elementos em comum. Invariavelmente, envolvem o Boca, time de maior torcida do país. Milhares de bolivianos e paraguaios saem de seus países buscando melhores condições, muitos vão para o Brasil, mas um número muito superior vão para a Argentina, Chile ou Uruguai, pois estes possuem um nível econômico relativamente alto, além do idioma ser algo próximo, lembrando que para as camadas pobres desses países, o castelhano é um idioma próximo, mas eles convivem de fato com as línguas indígenas, sobretudo o aímara e o guaraní, respectivamente. Quando chegam na Argentina, optam por torcer para o Boca.

O outro ponto é mais abrangente que o esportivo. Todos esses incidentes aconteceram na grande Bueno Aires ou zonas próximas. Tais regiões tem como tipo étnico majoritário descendentes de europeus, europeus que foram trazidos para o país para trabalhar e realizar o plano de embranquecimento da população, visando eliminar qualquer traço de cultura indígena. Além de imigrarem europeus, também provocaram um verdadeiro genocídio contra as populações indígenas. Mas isso só ocorreu de maneira efetiva nas regiões já citadas. No restante do país, o traço étnico é completamente diferente. Nas regiões mais afastadas da grande Bueno Aires, o elemento indígena e majoritário. Se bolivianos ou paraguaios fossem jogar nessas regiões, cremos que não sofreriam esse tipo de situação.

Tal preconceito não é só de caráter étnico, mas de classe, e tal discurso racista e xenófobo é adotado pelas elites locais e pelas classes médias, que acabam se manifestando dessa forma sempre que podem. Muitos, insistindo no mito da igualdade racial, dizem que isso não ocorre no Brasil, embora xingamentos de "paraíba" para os nordestinos ou "índios" dirigidos para nortistas sejam comuns, entre outros estereótipos, que geralmente, caem em cima daqueles que pouco possuem materialmente, mas que para alguns setores da sociedade, possuem muita culpa por diversos problemas.

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