sexta-feira, 11 de março de 2011

Sobre o Caso Bosman

O Caso Bosman, embora seja desconhecido de grande parte das pessoas, é algo de suma importância, pois contribui para o que futebol seja o que é hoje, no âmbito econômico. Então, vamos para o caso. Jean-Marc Bosman era um jogador do Royal Liège. Era um jogador mediano, não chamava a atenção, mas também não prejudicava. Um dia, o contrato dele venceu, e o Liège queria renovar com ele, só que oferecendo um salário 75% menor, o que era permitido pela Federação Belga. Nisso, ele recebeu uma oferta de um time francês de 2ª Divisão, e estava aceitando. Mas o Liège recusou a oferta, alegando desconheçer a fonte de renda do clube francês.

Bosman foi para a Justiça Comum, alegando que o clube estava inflingindo uma norma mundial do trabalho; a liberdade do trabalhador escolher onde quer trabalhar. Com esse argumento, Bosman venceu o caso, e gerou uma situação maior; o fim da Lei do Passe. E partindo desse princípio, a Uefa tinha uma norma que ia contra a plena liberdade de trabalho dos jogadores, e do recrutamento dos clubes; a norma "3+2". Essa norma estabelecia cada clube poderia ter apenas 3 estrangeiros entre os titulares, e outros dois que lá estivessem a pelo menos 5 anos. Com essas duas barreiras quebradas, podemos dizer que o livre-mercado chegou ao futebol. Os atletas poderiam buscar novos clubes caso não estivessem satisfeitos, desde que a rescisão do contrato que este tinha com o clube fosse paga. Em tese, todos sairam beneficiados.

Mas isso implicou em outras coisas. Clubes que se beneficiavam da formação de jogadores para negociá-los com centros maiores foram prejudicados. Na América Latina e África, vemos os fenômenos disso, com os clubes se limitando a exportar jovens jogadores para centros mais ricos. Isso prejudicou os grandes clubes, mas decretou uma sentença de morte para os menores, que se não desapareceram, definham em dívidas, pois essa era a única fonte de renda deles.

A antiga estrutura da relação clube-jogador era quase feudal, com o atleta muitas vezes sendo prejudicado, mas a atual também não é benéfica para os clubes que não possuem um grande capital. E com a abolição da norma "3+2", vemos times como o da Internazionale de Milão, que justificando seu nome, frequentemente escala 11 estrangeiros. Isso prejudica a Seleção Nacional, pois os clubes preferem comprar jogadores a investir em categorias de base, formando jogadores nativos.

Essa é uma questão extremamente complexa, como está ficando o futebol ultimamente, este que deveria ser simples...

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