quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sobre Direitos Televisivos e outras coisas

2011 ainda não chegou e já vemos brigas, no que diz respeito a horários e coisas do gênero. Dia 26 de janeiro, uma quarta feira, o Noroeste recebe o Bragantino. O problema, como ficou claro na frase anterior, é o horário; 17:00. Considerando que a maioria dos trabalhadores sai 18:00, 19:00 e por aí vai, é plausível esperar que o Alfredo de Castilho estará quase vazio.
A diretoria do Noroeste entrou com recurso na FPF, e ouviu um "não alteraremos o horário, pois a detentora dos direitos televisivos, a TV Globo, assim não o quis". O problema é o seguinte, os clubes do interior jogam todas suas fichas no torneio estadual, que querendo ou não, possui uma visibilidade bem maior que as divisões inferiores do Campeonato Brasileiro ou a Copa Paulista. Eles dependem dessa renda, que pedem antes mesmo do começo do campeonato para equilibrar suas contas, e depois tem de passar pelos mandos e desmandos da Globo, que no final das contas, é que manda no campeonato, cabendo a FPF apenas organizá-lo.
Alterar o horário do jogo atrapalharia os planos de pay-per-view da emissora. Os clubes recebem por isso, pouco, muito pouco, mas recebem. O problema é que com o estádio vazio, os clubes continuam a receber pouco. Em alguns casos, o pay-per-view rende mais que a bilheteria, pois o clube não tem uma torcida muito numerosa. Isso por que após o estadual, os jogos que são transmitidos para a cidade são dos times da capital, times que recentemente fizeram um acordo com o Globo, que exlcuía os outros times. Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo receberão R$9,2 milhões esse ano, e R$11 milhões nos próximos anos, enquanto os demais receberão R$1,2 milhão, incluindo equipes tradicionais como Portuguesa e Ponte Preta.
Em outros países, canais comunitários de comunicação trasnmitem as partidas dos times da região. Claro que existem grandes conglomerados da comunicação, mas há espaço para canais alternativos de informação. No Brasil, esse espaço não é garantido. Poucos grupos têm muito espaço, e não é preciso falar que esses grupos são ligados ao grande capital, propagando uma cultura massificadora. Isso é natural do capitalismo.
Também não se pode excluir a falta de visão, ou de competência mesmo, dos dirigentes do interior. Fazer futebol profissional nesse meio é difícil, por isso requer muita competência e coragem, algo que não é muito visto. Da parte da FPF, não existem dúvidas de que muitos de seus diretores possuem interesses atrelados aos dos grandes grupos.
Em âmbito esportivo, isso cria um abismo quase intransponível. A última equipe do interior que faturou o Campeonato Paulista contra um time da capital foi a Inter de Limeira, que venceu o Palmeiras em 1986. São José, Botafogo de Ribeirão, e mais recentemente, Santo André, que não é do interior, mas que foi roubada de tal maneira que muitos santistas se sentiram constrangidos. Tal abismo irá acabar com o que resta de dispusta, diminuirá o interesse por esse campeonato, e consequentemente, diminuirá o lucro, lucro que rege o futebol. Se não houver lucro, não compensa haver dispusta.
Muitos defendem o fim dos estaduais, pois dizem que atrapalha o calendário, o tornando muito corrido. Acabar com os estaduais seria acabar com as equipes do interior. Muitos falam em adotar o modelo europeu, de que 3, 4 divisões são nacionais, e as outras são regionais, e os vencedores das divisões regionais ingressam nas nacionais. É assim na Inglaterra, na França, em Portugal, todos países com um território menor do que de muitos estados brasileiros. Na Rússia também é assim, mas se considerarmos o baixo nível habitacional do leste do país, que possui um clima frio de rachar, e se também considerarmos o aporte financeiro que os clubes lá possuem, o argumento de que dá pra fazer o mesmo no Brasil cai por terra.
Os estaduais, como estão dados, prejudicam sim o calendário, mas entre acabar com eles, ou remodelá-los, a segunda opção é a mais cabível, mas como estamos falando do grande capital, matar essas equipes é o mais viável.

Um comentário:

  1. Não vi alguns erros nessa postagem, e desde já, peço desculpas. Quando falo das equipes de menor expressão que chegaram em fases avançadas do torneio, queria concluir que elas foram prejudicadas pele arbitragem, mas não reparei que não fiz isso. Sobre o último parágrafo, realmente, para os grandes conglomerados que controlam o futebol, infelizmente, acabar com as equipes de menor expressão é o ideal, pois acaba com a possibilidade de divisão de cotas, e aumenta a renda dos grandes times. Escrevo isso agora pois achei que o último parágrafo podeia ser interpretado de uma forma que eu não gostaria, não digo errada, pois do jeito que escrevi, abro espaço para esse tipo de coisa. São dois erros crasos, e que realmente não foram percebidos. Geralmente, olho as postagens antes de publicá-la, e não consegui ver esses erros quando escrevi e nem quando li (possivelmente, deveria estar com presa ou coisa assim). Bem, é isso, até mais.

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